Vanessa Neves, 32 anos, da Usseira, está a viver há dois meses em Barcelona e há um ano e meio em Espanha, vinda de Londres, pouco antes da capital britânica ter sido alvo de atentados terroristas. Mas, por coincidência, acabaria por viver muito perto os acontecimentos dramáticos ocorridos no dia 17 de Agosto na capital catalã.
“Eu vivo a 10 minutos das Ramblas e a 10 minutos da Sagrada Família onde trabalho”, começou por contar à Gazeta das Caldas. Vanessa Neves é gerente do grupo Costa Coffee, que tem nove cafés em Barcelona, e tinha acabado de sair do estabelecimento situado na Sagrada Família quando recebeu a informação – quase em tempo real – dos seus colegas do estabelecimento congénere na zona das Ramblas de que tinha ocorrido um atentado.
Como não se sabia o que estava a acontecer e se julgava que poderia haver mais terroristas à solta, as lojas foram imediatamente fechadas e, num primeiro momento, empregados e clientes ficaram lá dentro até haver autorização da polícia para saírem.
Vanessa Neves diz que ligou de imediato para a sua mãe, para a Usseira, a informá-la que estava bem e que esta ficou surpresa porque não sabia de nada. Só pouco depois começaram a circular notícias no mundo inteiro que uma carrinha tinha invadido as Ramblas em grande velocidade e provocado mortos e feridos.
A jovem obidense acabou por ficar o resto do dia em casa a ouvir as notícias e a contactar com as colegas da rede Costa Coffee para se certificar que estavam todos bem.
No dia seguinte, às 7h00 da manhã, foi trabalhar. Mas nessa madrugada houve ainda o atentado em Cambrils (a sul de Barcelona) e a polícia começou a relacionar tudo isto com uma explosão, uns dias antes, numa casa em Alcanar onde, alegadamente, os terroristas fabricavam bombas.
Soube-se então que a Sagrada Família era um dos alvos dos radicais islâmicas, o que em nada tranquilizou Vanessa Neves, que trabalha mesmo em frente daquele monumento.
“Desde o atentado que as nossas vendas baixaram 30%”, disse a jovem. Contudo, em Barcelona, a vida retomou a normalidade. Pelo menos aparente. Na passada segunda-feira, a própria Vanessa foi passear às Ramblas e estavam cheias de gente. Mas sente que há medo no ar e que, por vezes, basta um gritinho histérico de alguém ou de uma criança, para que as pessoas olhem e não disfarcem algum nervosismo.
“A cidade está cheia de polícias e sei também que há muitos polícias à paisana e que são muito eficazes. Há razões para estarmos seguros, mas é claro que depois do que aconteceu não posso dizer que não sinto medo”.