O “tamanho do município não interessa, mas sim a grandeza da sua visão”, diz o presidente da Câmara de Óbidos

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Óbidos comemorou no passado dia 11 de Janeiro mais um feriado municipal. No complexo escolar do Alvito (Gaeiras), uma das obras emblemáticas deste executivo, o presidente da Câmara, Telmo Faria, falou da aposta feita durante a última década nas economias criativas como estratégia para atrair pessoas para viver e trabalhar.
A música e dança foram garantidas por um grupo de alunos do Alvito, enquanto o Grupo Sénior da Sancheira Grande apresentou a peça de teatro “No meu tempo era assim”.

“É possível criar um sistema de inovação permanente e em tempo de crise é possível crescer economicamente”. Esta a convicção de Telmo Faria, que no último feriado em que participou com presidente do executivo, revelou que num país em crise o seu município investe 13 mil euros em novas obras, como é o caso da requalificação da Escola Secundária Josefa d’Óbidos, ou os edifícios centrais do Parque Tecnológico, cuja primeira pedra será lançada na próxima semana.
Durante o ano de 2013 será também relançado o programa Óbidos Solar (candidaturas à micro geração de energia solar), entrará em funcionamento o edifício multiusos de A-dos-Negros, assinado pelo arquitecto Carrilho da Graça, e será lançado um pacote de empreitadas de saneamento e requalificações urbanas.
O autarca pediu aos munícipes para continuar a acreditar “na nova Óbidos”, diferente da que encontrou há 11 anos e à qual pretendeu mudar a imagem associando-a ao futuro. Quer também que este seja a prova viva de que o “tamanho do município não interessa, mas sim a grandeza da sua visão” e de que é possível existir transformação profunda num território no espaço de uma década.
Telmo Faria fez uma retrospectiva do seu trabalho autárquico, lembrando que Janeiro de 2002 foi o início de um processo de “transformação profundo que rompeu com tudo o que de mais forte até então alguém se lembrara para Óbidos”, levando a que uma terra pequena criasse uma agenda que fosse muito além da sua esfera local. Em tom de crítica à oposição, que questiona a gestão do executivo, o autarca pediu compreensão e perguntou onde está a justiça que lhes é devida por terem sabido pegar no concelho e o terem tornado num território que ambiciona inovação e pessoas com melhores condições de vida.
Telmo Faria lembrou que na última década fizeram mais de 200 quilómetros de pavimentações e dezenas de requalificações, mas também criou condições que “façam as pessoas sonharem”, dando nota do sucesso que são eventos como o Mercado Medieval, o Festival de Chocolate e a Vila Natal.
Referindo-se à educação, o autarca lembrou a falta de apoio do governo socialista e como a Câmara se empenhou na construção de um parque municipal novo, com modernos equipamentos e o objectivo último de um projecto educativo autárquico. Nesse sentido, vai convocar um debate com toda a comunidade no próximo mês.
Telmo Faria destacou o exemplo que dão ao nível do empreendedorismo e a afirmação do município no eixo das infraestruturas científicas e tecnológicas, com a construção dos edifícios centrais no Parque Tecnológico. “Seremos entre Coimbra e Lisboa o único concelho a apostar forte nessa área, abrindo assim caminho para subir o posicionamento económico de Óbidos na próxima década”, disse.
Para além de falar das prioridades na educação e na economia, Telmo Faria deixou também uma palavra sobre as contas do concelho. Depois de um 2009 complicado, a concretização de medidas de contenção de despesa e racionalização da receita nos três anos seguintes “permitiu diminuir a despesa e reduzir para metade a dívida a terceiros, em 4,6 milhões de euros”. Para o próximo ano, deverão aumentar substancialmente as receitas próprias, com o final das isenções do IMI para os empreendimentos turísticos. Só o empreendimento do Bom Sucesso representa um aumento na receita de meio milhão de euros por ano.

UMA FARPA PARA FERNANDO COSTA
O autarca deixou ainda uma crítica aos municípios que defendem que uma autarquia não deve investir, mas abdicar das suas receitas em nome da carga fiscal que o país vive, numa alusão ao que acontece, por exemplo, nas Caldas da Rainha. Na opinião de Telmo Faria, este papel “pretensamente popular, tem que ser contrariado com demonstrações de gestão autárquica que evidenciem as duas dimensões: conseguir diminuir a carga fiscal local mas sem diminuir os investimentos estratégicos”.
A cerimónia foi precedida por um momento musical interpretado por cinco alunos que frequentam o ensino articulado de música no complexo do Alvito. Já o encerramento coube ao Grupo Sénior da Sancheira Grande que interpretou o espectáculo “No meu tempo foi assim…”, que procura relembrar um passado não muito distante, retratando os costumes e tradições da aldeia.

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Cinco associações distinguidas pelo município
As medalhas de mérito municipal distinguiram este ano cinco colectividades do concelho pelos altos préstimos em prol da cultura, da juventude e desporto.

Associação Espeleológica de Óbidos
A Associação Espeleológica de Óbidos foi constituída em 1989, e nasce da necessidade de novas aventuras sentidas por dois sócios que tinham terminado o seu percurso como escuteiros.
A associação dedica-se à área da espeleologia e também tem tido uma presença activa no que respeita à arqueologia e promoção de actividades desportivas.
Actualmente é composta por 200 sócios efectivos e cinco sócios honorários.
Desde 1997 a associação tem aumentado as suas áreas de intervenção, tendo criado departamentos dedicados a várias modalidades desportivas, como o badminton, ginástica desportiva, ginástica localizada e escola de futebol.

Rancho Folclórico da Capeleira
O Rancho Folclórico da Capeleira foi fundado em 1972, por iniciativa de Casimiro de Sousa Marques. A associação viria a ser constituída em 1986 e, quatro anos mais tarde, com o aprofundamento das pesquisas etnográficas, tornou-se no Rancho Folclórico e Etnográfico da Capeleira.
Em 2004 formou o “Grupo de Danças Antigas Josefa d’Óbidos”, um grupo de danças medievais renascentistas para actuar em feiras, mercados medievais e outros eventos do género e, no ano seguinte, foi criado o rancho infantil, com o objectivo de ensinar os mais novos, assegurando a continuidade do trabalho desenvolvido.

Estrelas do Arnóia
O Rancho Folclórico Etnográfico “Estrelas do Arnóia”, da Sancheira Grande, foi fundado em Fevereiro de 1995, na sequência de uma brincadeira de Carnaval, dinamizada pela acordeonista Maria da Assunção Silva.
Em 2000 fez uma recolha etnográfica junto da população local com o intuito de adquirir os trajes alusivos à sua terra e ao concelho de Óbidos. A primeira internacionalização do grupo aconteceu em 2002. Ao longo de 18 anos já participou em 75 festivais nacionais e um internacional. Para 2013 tem agendada a realização do 1º Festival Internacional de Folclore.

Os Populares de Olho Marinho
O Rancho Folclórico “Os Populares” do Olho Marinho nasceu em 1980 de um grupo de teatro existente na localidade. Uma década depois alterou os seus trajes, até então carnavalescos, para trajes representantes da etnografia da região.
Todos os trajes reportam às décadas de 20 e 30 do século passado, baseando-se em trajes pobres e de trabalho, todos eles com uma forte ligação à fonte que representa a maior riqueza da aldeia.
Nestes 35 anos de existência tem mantido o rancho infantil e o rancho adulto.

Rancho Folclórico Arelhense
O primeiro ensaio do Rancho Folclórico e Etnográfico do Centro Cultural, Social e Recreativo Arelhense realizou-se a 5 de Janeiro de 2003, e em Agosto desse mesmo ano apresentou-se pela primeira vez a público.
Em 2011 um dos elementos do grupo iniciou um trabalho de recolha de modas, trajes, cantares, histórias e lengalengas, comuns nos finais do século XIX e início do século XX. Os trajes apresentados são maioritariamente de trabalho, e também alguns de festa, assim como o de lavrador abastado e de campino de gala.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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