Para Armando Rebelo, 64 anos, natural de A-Dos-Negros (Óbidos), vir para os Estados Unidos foi sempre o seu sonho. De tal forma que um dia, em 1986, sem dizer nada a ninguém (nem à esposa) pegou na mala e abalou primeiro para Lisboa e depois para Espanha, de onde partiu para o México.
Até aqui tudo bem, mas quando saía do túnel para chegar à terra prometida foi recebido pela polícia que o remeteu para o México, e para a prisão, por falta de documentação legal. Tinha então 36 anos.
Libertado dois meses depois, mediante o pagamento de 5000 dólares, foi autorizado a entrar nos Estados Unidos, e de uma localidade próxima da fronteira apanhou um avião para Filadélfia (estado de Pennsylvania), de onde, finalmente, contactou a esposa, que até ali ignorava completamente o paradeiro do marido. Nessa altura o seu saldo negativo já ia em 6.900 escudos, recorda.
Cerca de um ano depois rumou para Elizabeth (estado de New Jersey) e começou a trabalhar para a firma Custom Bandag, de Fred de Jesus. Dois anos mais tarde chega a família, e a ideia de ter o seu próprio negócio, no que era apoiado pela esposa, não lhe saía do pensamento.
Sempre a trabalhar para a mesma empresa, e nas horas vagas a fazer toda a espécie de trabalho que aparecia, desde canalizador a pedreiro e electricista, foi amealhando todos os tostões. Quando chegou a altura em que já se sentia seguro das suas possibilidades financeiras, tomou a firme decisão de realizar o seu sonho e comprou o restaurante Rei da Manivela, na cidade de Elizabeth.
“Não sou pessoa que espere que as coisas aconteçam, eu é que gosto de as fazer acontecer nem que tenha de esperar, e na América tudo isso está ao nosso alcance”, diz Armando Rebelo, sorridente. E não se esquece da primeira pessoa que lhe deu a mão:
“Tudo o que tenho agradeço ao Sr. Fred de Jesus, que me deu trabalho logo que cá cheguei, apoiou-me nos momentos mais difíceis e manteve-me na sua empresa todos aqueles anos. É uma pessoa que nunca esquecerei”.
Questionado se voltaria a fazer a mesma coisa para chegar à América – onde já vive há 28 anos – depois de ter sido feito prisioneiro, de se ter separado da família sem aviso, e outros contratempos, este obidense foi peremptório:
“Hoje faria a mesma coisa ou ainda com mais sacrifícios, se fosse necessário, para chegar à América. Era isto que eu queria, fosse como fosse tinha de cá chegar”. E acrescentou: “gosto muito do meu Portugal, mas também gosto muito da América, o país que me acolheu e que me deu a oportunidade de fazer o que ambicionava na vida”.
O Rei da Manivela
“E já lá vão 10 anos”, disse Armando Rebelo, que está a celebrar o 10º aniversário como proprietário do restaurante churrasqueira e bar Rei da Manivela, em Elizabeth.
A sua esposa, e chefe, Florinda, e a filha Maria, completam o grupo de proprietários. O genro Jaime Echavarria tem a seu cargo a gerência. Um grupo de cinco funcionárias e três funcionários asseguram a operacionalidade do Rei da Manivela.
Cerca de 30 lugares na sala e 12 no balcão é o espaço de que os clientes dispõem, e que Armando Rebelo acha que é suficiente, para saborearem as especialidades que a chefe Florinda recomenda: cabrito à padeiro, ossos à lavrador, chanfana de galo caseiro, garoupa grelhada, bacalhau frito com feijão, e os petiscos como brindeira com chouriço, presunto com queijo, chouriço caseiro assado e pastéis de várias qualidades. Para além de um vasto menú com pratos caseiros para todas as preferências.
“Já podia ter um espaço maior mas para manter um serviço de qualidade isto é o ideal, por enquanto não está nos meus planos sair daqui”, comenta, olhando em redor o espaço cheio de clientes.
Armando e a esposa Florinda, os filhos e a neta, a viverem o ‘sonho americano’, sem esquecer a sua residência em A-dos-Negros.
Joaquim Martins
Vanessa Nascimento é uma nova professora luso-americana
Concluíu na Montclair State University o seu bacharelato em Artes e “Family and Child Studies”, com concentração em “Teacher Settings K-6”, com classificação que lhe deu direito à distinção “Cum Laude”, a menina Vanessa Nascimento.
A nova professora é filha de Ofélia e Joaquim Nascimento, naturais da Serra do Bouro, Caldas da Rainha, e residentes em Manalapan, NJ.
Ainda durante o curso a Vanessa exerceu a actividade de professora assistente nas escolas públicas da área da sua residência, o que continuará a fazer até ser colocada oficialmente.
Embora nascida nos Estados Unidos a Vanessa domina perfeitamente a língua portuguesa, o que lhe trará muitas vantagens na sua vida profissional como professora bilingue.
Muitos parabéns para a Vanessa Nascimento, que passou a ser mais um motivo de orgulho da comunidade portuguesa.






























