O que achou das medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira passada?

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Só vão ao bolso dos mais pequenos

Uma autêntica vergonha. Vê-se mesmo que são medidas tomadas de ânimo leve.
Com estas medidas, em vez de se melhorar a situação económica do país, vai piorar.
As pessoas cada vez vão ter menos dinheiro no bolso, pelos impostos que vão ter que pagar. Com uma desvantagem muito grande: só vão ao bolso dos mais pequenos.
Eu sou reformado. A minha reforma já levou cortes, mais do que uma vez.
Cada vez temos menos dinheiro e menos poder de compra. Sem esse poder de compra das pessoas a economia não cresce.

Também preciso do mercado interno para crescer
Estas medidas são um erro porque a redução dos salários vai agudizar a contração do mercado interno e levar ao fecho de mais empresas. Poderão ser positivas para as grandes empresas que, quanto muito, vão despedir menos.

Duarte Nuno, deputado municipal do CDS/PP
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Também não compreendo como é o que o Estado, que tem um poder negocial que ninguém tem, ainda não teve coragem para cortar a sério nas chamadas “gorduras” do Estado, a começar pelas ruinosas PPP’s negociadas pelo anterior governo socialista.
Como gerente de uma PME que começa a exportar na área dos serviços, também preciso do mercado interno para crescer. Infelizmente as novas medidas representam uma descida real dos salários, que se vai traduzir em menos clientes, numa conjuntura já marcada pelo constante aumento dos custos energéticos e dificuldades de acesso ao crédito.

Sem PME’s fortes não há crescimento económico, nem aumento do emprego, nem estabilidade social, porque estas empresas são, no seu conjunto, o maior empregador nacional, aquelas que têm capital português, que não tem dimensão para deslocalizar a sua sede para o estrangeiro, que não recebem rendas do Estado ou usufruem de deduções nos impostos.Isto é neoliberalismo puro

António José Correia, presidente da Câmara de Peniche

Basta de austeridade. Se já nem os próprios membros do PSD e do CDS-PP entendem estas medidas… Quando são as próprias pessoas que lucram com as medidas a criticá-las…
Não é preciso ser-se constitucionalista para perceber que isto é uma afronta ao Tribunal Constitucional. Mais, é uma afronta aos portugueses.
O povo tem que assumir esta situação e não continuar a escolher mais do mesmo. Há um espaço de forte alternativa para o governo.
Temos o exemplo da França, onde o presidente está a levar as coisas muito a sério, a esforçar-se pela equidade sem excepções.
É inconcebível que por cá continuamos a estas sucessivas excepções. Não há moralidade nenhuma. Isto é neoliberalismo puro. Uma questão ideológica, não de salvação nacional.
É o salve-se quem puder, mas neste caso é o governo que está a salvar quem pode, ou quem quer.

Seria altura deste governo ouvir os portugueses

Catarina Paramos, deputada municipal do PS

As medidas anunciadas pelo Primeiro-Ministro constituem erros atrás de erros cometidos por este governo que, incapaz de apresentar soluções de futuro, continua a fazer pesar toda a austeridade nos trabalhadores e nas pessoas que após uma vida de trabalho, se vêem agora privadas, também mas não só, das suas reformas.
Não é por acaso que se ouvem críticas oriundas de vários sectores, inclusivé da área do governo. Seria altura deste governo ouvir os portugueses e saber tomar um outro rumo, face às dificuldades que todos sentimos. (…)
Se todas as medidas tomadas e sentidas diariamente, por cada um de nós, nas suas casas, nos seus empregos, na falta deles, nas idas ao hospital, nos tribunais, nas escolas, não são suficientes para nos fazer levantar do sofá para manifestar o nosso descontentamento, o que mais será preciso?
Até onde estaremos dispostos a ir quando verificarmos que foram destruídas todas as políticas públicas para apoiar os desempregados, todas as políticas públicas para apoiar a educação, para apoiar a saúde e para ter um sistema de segurança social justo? Quanto resta dentro de cada um de nós de sensibilidade social?
E quando olharmos para o nosso Estado Social, quando olharmos para essa construção de várias décadas, quando olharmos para o estado das pessoas actualmente, quando as vemos em dificuldades, quando as vemos sem voz, sem esperança e sem sonhos, quando as pessoas estão doentes e feridas na sua condição, na sua dignidade humana, no seu acesso à educação e à justiça, à segurança e a uma vida condigna, quando hoje têm um bocadinho menos do que ontem e amanhã menos um bocadinho do que tinham hoje, que resposta daremos?
A democracia não pode ser usada contra as pessoas. A democracia deverá, sempre e sem excepção, ser orientada na defesa dos valores que são essenciais para as pessoas.
É Setembro, cidadãos. Saibamos recordar os ensinamentos de Abril.

As famílias terão menos dinheiro disponível

João Frade, presidente da ACCCRO

Apesar de serem incompletas e não se perceber o seu alcance na totalidade, causa-nos preocupação o aumento dos descontos na Segurança Social para os trabalhadores.
Espero para ver as outras medidas que sejam anunciadas e a eficácia da redução da TSU para as empresas, sobretudo através da diminuição do consumo. As famílias terão menos dinheiro disponível e menor capacidade de consumo, o que poderá levar ao encerramento de estabelecimentos comerciais.
Estou preocupado com o que poderá vir a acontecer em 2013.

No meu caso são cerca de 80 euros mensais a menos
As medidas são muito duras para a população em geral, uma vez que lhe vai ser

Rogério Rebelo, director do Centro da Juventude

pedido mais um grande esforço pois ser-lhes-á cortado uma quantia substancial no seu ordenado.
Para as empresas considero que é uma medida que podia ter sido tomada anteriormente, e até poderia ter evitado que muitas empresas que davam emprego a muitos trabalhadores fechassem.
Esta medida devia ser colocada aos ordenados superiores a mil euros. Não se deve pedir a quem recebe o ordenado mínimo que faça qualquer tipo de esforço suplementar, ou então arranjar alguma maneira de atribuir algum tipo de subsídio para os ordenados mínimos.
Pessoalmente afecta-me da mesma forma que afecta as restantes pessoas. Aumenta o desconto para a Segurança Social, o que faz com que receba menos ordenado, no meu caso são cerca de 80 euros mensais a menos.

É preciso coragem para assumir essas medidas

Ana Maria Pacheco, presidente da AIRO

Não concordo com as medidas porque o que era preciso era dar confiança às pessoas e não criarmos um ambiente de crispação.
Estas medidas só vêm dificultar ainda mais a situação do país. As pessoas deixam de comprar, as empresas deixam de ter clientes, fecham e o desemprego cresce.
O dinheiro tem de circular, de uma forma produtiva. Quando se aumentam demasiado os impostos, cobra-se menos porque há uma retracção no consumo.
Nada disso chega, ainda há muito desperdício e é para isso que se deve olhar. Não vamos lá com comentadores que acumulam reformas de luxo.
Mas é preciso coragem para assumir essas medidas, que não são agradáveis de tomar para nenhuma político.

Eu prefiro ter austeridade do que ter bancarrota

Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas da Rainha

Toda a austeridade é má, o problema é que é precisa. Era melhor vivermos num país cor-de-rosa. No tempo de Sócrates havia dinheiro e todos gostamos de viver com dinheiro.
Mas eu prefiro ter austeridade do que ter bancarrota e caos social. Sem austeridade, o Estado não tem capacidade para pagar os ordenados do serviço público.
Se o Estado tivesse sido gerido como tem sido gerida a Câmara das Caldas da Rainha não teríamos chegado a este ponto. Gastaram mal o dinheiro, não faltou gente a roubar, negócios de compadrio, de favores. É uma vergonha o estado ter tantos carros, as empresas públicas terem tanto luxo.
A minha Câmara não contribuiu para esta bancarrota. Em termos de endividamento líquido estamos a atingir o grau zero, temos tanto em crédito como em dívida. Ainda há quem elogie quem gasta em luxos. Mas eu estou muito orgulhoso de ter sido sempre um “unhas de fome”, como muitos me chamaram. Isto permite-me baixar o IMI e outros impostos. Enquanto uns aumentam impostos e estão falidos, nós queremos baixar.

Que as pessoas não deixem de vir tratar da sua saúde

Teresa Luciano, directora executiva do ACES Oeste Norte

As medidas de restrição, recentemente anunciadas pelo governo, significam que todos os portugueses passarão a ter menor poder de compra.
Esperemos que as pessoas não deixem de vir tratar da sua saúde pois, sem ela e com uma situação de bolsos cada vez mais apertados para todos, será ainda pior…
A minha esperança é que as pessoas acreditem que isto vai mudar e melhorar e que tentem que tudo isto não as perturbe e que não as faça perder a sua saúde.

Não vai ser mais difícil do que aquilo que hoje já sentimos
Já estamos a sentir as dificuldades em consequência destas medidas. Na área da Cultura por exemplo, no CCC, se há dois espectáculos de grande referência, as pessoas acabam por escolher apenas um. Nós tentamos ajudar e fazemos promoções de bilhetes para as famílias. No entanto sentimos que temos que “espaçar” os grandes espectáculos para possibilitar a vinda das pessoas.
Em relação às novas medidas precisamos de estar atentos aos sinais.
Em relação ao primeiro semestre, graças à concretização de eventos,

Maria da Conceição Pereira, vereadora da Cultura e da Acção Social

encontros e congressos, o primeiro semestre correu bem ao centro cultural no entanto receamos que a retracção prejudique o segundo semestre, já que grande parte da verba para o centro cultural provém dos alugueres. É também importante para a cidade que o CCC seja local de grandes encontros pois as pessoas visitam a cidade e movimentam a economia local. Apesar da nossa preocupação, o CCC é procurado principalmente por grandes empresas.
Estamos a conseguir equilibrar as contas para no futuro poder abraçar projectos mais ambiciosos.
Creio que o governo terá a sensibilidade para quem está  a passar mais dificuldades e com quem tem ordenados mais baixos. Estou crente que o governo tomará medidas que minimizem as consequências para com os mais pobres. Creio que não vai ser mais difícil do que aquilo que hoje já sentimos.

O meu maior receio é em relação a 2013

Carlos Sá – administrador do CHON

Infelizmente vivemos um período e um contexto extremamente complexos e temos que implementar e defender medidas que se calhar não gostaríamos.
Sinceramente não estou a ver como, directamente, o aumento do desconto em 8%  para a Segurança Social tenha um impacto directo na prestação dos cuidados de saúde.
Enquanto que estas medidas agora tomadas são transversais e afectam o rendimento disponível das pessoas, o meu maior receio é em relação a 2013 pois não sabemos que medidas terão que ser implementadas na área da saúde e que impacto poderão ter ao nível da gestão hospitalar e de toda a área da prestação de cuidados.

Tenho fé na generosidade das pessoas
Apesar das medias de austeridade anunciadas pelo governo, creio que as pessoas vão continuar a contribuir, talvez com um pouco menos, pois têm menos

Maria Teresa Thiran – reformada

rendimentos. Acho que a população percebe como é importante apoiar uma causa como a Liga Portuguesa contra o Cancro. Se houver menos dinheiro talvez diminuam as contribuições. Estou encarregada do peditório nacional da Liga cá nas Caldas e este ano, não houve grandes diferenças em relação ao anterior. Até mesmo as contribuições dadas ao Banco Alimentar, por exemplo, até aumentaram. Apesar das grandes dificuldades, tenho fé na generosidade das pessoas.

É uma austeridade demasiado elevada
É uma austeridade demasiado elevada e vai trazer dificuldades aos atletas que têm de pagar a sua quota mensal, apesar de ser relativamente baixa. Temos atletas cujos agregados familiares começam a sentir também algumas dificuldades, sobretudo os que não são das Caldas, que já estão a equacionar deixar de vir, e isso põe em causa a

Vítor Marques – presidente do Caldas Sport Clube

manutenção da actividade desportiva.
Na estrutura de custos do clube, embora tenhamos vindo a ajustar as despesas às receitas, estas têm vindo sempre a cair, nomeadamente os apoios do Estado e das empresas. Estamos a entrar num patamar em que não conseguimos reduzir muito mais as despesas sem perda de qualidade. E esta austeridade ainda vai agravar mais isso.

Aproveitar as oportunidades e esperar que isto melhore
As medidas de austeridade agora anunciadas irão ter consequências graves pois vai registar-se uma diminuição de recurso a meios de diagnóstico e a meios terapêuticos, sem qualquer dúvida.
Estas novas regras vão obrigar toda a sociedade, seja os profissionais de saúde ou outros, a arranjar maneira de ter o mesmo com menos dinheiro. Vai ter a vantagem de cada um de nós conseguir fazê-lo. Vai obrigar todos a estruturarem-se para as actividades, serem mais eficazes com o mesmo dinheiro ou com menos, o que é possível. Vai ser mais difícil par cada um de nós para cada pessoa, isoladamente, pois sentirá que tem menos recursos.
Podemos aproveitar esta situação para apostar, sobretudo, nos rastreios organizados e evitar os oportunistas que são muito mais caros. É preciso rentabilizar aquilo que existe, aproveitar as oportunidades e esperar que isto melhore.

Manifestação contra austeridade também nas Caldas
Amanhã à tarde, 15 de Setembro, a ordem é para contestar as medidas de austeridade e as imposições da troika. A mobilização “Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas!” desafia os portugueses a saírem à rua, num movimento nacional que ganha força nas redes sociais e que vai passar também pelas Caldas.
A concentração está marcada para as 15h00 na Praça 25 de Abril, em frente à Câmara Municipal, e a mobilização está a ser feita por 12 pessoas de vários quadrantes. A comissão promotora é composta por Carlos Fernandes (chef de cozinha), Ana Curado (professora do Ensino Secundário), Ana Correia (técnica de análises clínicas no CHON), Miguel Miguel (enfermeiro), Catarina Paramos (jurista e coordenadora de formação), Francisco Matos (professor de Educação Física), João Gabriel Pereira (estudante na ESAD), Fernando Mora Ramos (actor), José Carlos Faria (encenador/actor), Teresa Paula Marques (empresária), António Peralta (reformado) e Paulo Freitas (desempregado).
O desafio é para que os caldenses de juntem a este “movimento de indignação popular” que pretende reunir milhares de pessoas nas ruas.

J.F.

Nerlei quer política de relançamento da actividade económica
Quem também já reagiu às medidas de austeridade anunciadas por Pedro Passos Coelho foi a direcção da Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria. Em comunicado, a associação considera que “as últimas medidas do governo mais uma vez se preocupam apenas com o aumento da carga fiscal e não com a diminuição da despesa pública, não incluindo outras medidas que aumentem a competitividade das empresas, que não apenas os custos do trabalho”.
Apontando o dedo a uma comunicação que “não foi clara nem nas razões, nem no alcance e, muito menos, nos resultados esperados com estas medidas”, a direcção diz que é positiva a redução das contribuições para a Segurança Social por parte das empresas, “que no imediato pode trazer benefícios para a situação das PME e efectivamente salvar algumas e respectivos postos de trabalho”. Mas defende que “a melhoria da competitividade empresarial passa essencialmente por medidas que intervenham na estrutura de preços dos fatores de produção”, como os custos com a energia e os combustíveis, que estão em Portugal “bastante acima da média europeia”.
A direcção defende ainda que “é necessária, para o relançamento da atividade económica e do emprego, uma política que garanta às empresas o acesso a crédito”, na qual a Caixa Geral de Depósitos poderia servir como banco de referência. E lança um alerta: o aumento da contribuição para a segurança social por parte dos trabalhadores “acarretará diminuição do rendimento disponível destes, consequente diminuição de consumo e contração da procura, o que penalizará ainda mais as empresas”.
Para o Orçamento de Estado para 2013, a direcção da Nerlei quer “um consenso alargado entre as diferentes forças políticas para a redução da despesa pública e diminuição do peso do Estado na Economia, condição imprescindível para o sucesso de qualquer política de crescimento económico”.

J.F.

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1 COMENTÁRIO

  1. Porque será que o mesmo não é aplicado aqueles responsáveis pela miséria do nosso País? Na minha opinião, isto foi um plano feito a prepósito para destruir a classe média mundial e formar uma classe de RICOS, a pobre que trabalha e os pobres que vivem na rua.