Passeio é uma iniciativa do Automóvel Club de Portugal e contou com mais de uma centena de participantes

A entrada da vila de Óbidos foi “invadida”, na manhã do passado sábado, 26 de fevereiro, por mais de uma centena de carros ingleses. Aston Martin, Morris, Austin, Triumph, Jaguar, Rolls Royce, Morgan, Bentley ou Lotus, havia de tudo um pouco naquela que foi a 17ª edição do Passeio dos Ingleses, do Automóvel Club de Portugal.
Esta é uma iniciativa que começou a realizar-se há duas décadas e que tinha como objetivo “juntar pessoas com uma sensibilidade aos veículos ingleses”, explicou Filipe Gaivão, do ACP, à Gazeta das Caldas.
O Passeio dos Ingleses “tem um carisma muito especial”, porque juntam “todos os amantes destas máquinas ingleses, desde os carros mais baratos aos mais caros, dos mais elitistas aos mais comuns, temos um bocadinho de tudo”, realçou o responsável.
O passeio tem sempre duas partidas, uma de Lisboa e outra do Porto, e juntou, no total, cerca de 250 automóveis.

A Óbidos vieram cerca de 125 carros, nomeadamente a maioria dos que partiram de Lisboa e cerca de meia centena foram até ao kartódromo de Fátima. O percurso foi feito, em grande parte, pela A8, mas depois passaram pela Usseira e pela Capeleira para aproveitar a vista.
Na vila medieval, os visitantes passearam pela Rua Direita, alguns aproveitaram para beber uma ginja e para levar uma recordação. Seguiu-se um almoço em Leiria. O pequeno passeio tem como objetivo aguçar o apetite dos condutores e acompanhantes para voltarem a Óbidos.
A vinda à vila medieval surgiu “porque Óbidos é Óbidos”, resumiu o responsável, acrescentando que se trata de “um sítio que muita gente infelizmente ainda não conhece” e que “vários participantes ficaram contentes por vir a Óbidos, é um local com uma História fantástica, com uma beleza única”.
Dezenas de pessoas aproveitaram a vinda destas máquinas a Óbidos para satisfazer a curiosidade e para tirar fotografias, observando os diferentes modelos e ouvindo histórias engraçadas. Como aquela que se ouviu junto a um Morris Minor 1000, um carro de 1958 que é antecessor do Mini.
“O meu avô veio a Lisboa, comprou o carro em segunda mão em 1964 e mandou-o para a Madeira, pois sou madeirense”, contou Adalberto Melim, um dos participantes no Passeio dos Ingleses. A partir daí, o carro tem estado sempre na família. “O meu avô não era, propriamente, um ás do volante, pelo que era o meu pai que andava com ele”, explicou. Ainda nos anos 1960 decidiram levar o Morris para o Porto Santo, onde tinham uma casa e uma garagem. Com o falecimento do avô de Adalberto, o carro passou para o pai, que “o tratava sempre como se fosse um menino, andava sempre de volta do carro”, até que, nos anos 1990, preocupado com a manutenção de algumas peças, decidiu enviar o carro para o filho.
Adalberto Melim, que tinha vindo estudar para o Técnico, em Lisboa, nos anos 1970, sabia onde encontrar material para este veículo. “Mandei vir peças novas de Inglaterra, porque ainda há material para este carro e depois o meu pai ofereceu-me o Morris”. Daí para cá não tem dado problemas, tendo uma utilização de três ou quatro passeios por ano. “Tem participado em brincadeiras do ACP e de outros clubes. Hoje não vim na vertente competitiva, mas gosto de acelerar com ele na parte desportiva, é um carro que se aguenta muito bem”, explicou.
A esposa, Olga Miranda, recorda-se que sempre que chegavam ao Porto Santo de avião ou de barco, via a avó do marido, “sentada no lugar do passageiro”, quando os iam buscar. Depois foi a sogra a sentar-se nesse lugar, onde agora Olga Miranda se senta. “Não sei se um dia chegará a alguma nora”, disse.
Uma curiosidade é que a mãe de Adalberto sempre chamou o Morris de “Abelhinha”, nome pelo qual eram tratados os automóveis, pelo barulho que faziam. ■

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