Recordamos a reunião de Óbidos, mas também as vindas do estratego do 25 de Abril à região já em regime democrático
O capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho faleceu no domingo, 25 de julho, aos 84 anos, no Hospital Militar de Lisboa, onde estava internado há cerca de 15 dias.
Otelo, que foi o grande estratego da Revolução dos Cravos, teve ao longo da vida uma ligação forte a esta região.

Em 2018, por ocasião do lançamento do livro de banda desenhada “Nascida das Águas e o 16 de março”, da autoria de José Ruy, Otelo veio pela última vez (publicamente) às Caldas. Aí, disse que “o 16 de Março foi uma aventura!” e revelou que no dia 13 de Março, enquanto dirigente do movimento, cancelou “a operação prevista”. “Estava tudo sobre areia, sem alicerces, não havia uma ordem de operações correta e pensada”, relembrou. Só que alguns camaradas não aceitaram esta decisão e decidiram avançar.
Otelo definiu o 16 de Março como “um avançar na escuridão”, um primeiro passo para a “reconquista da liberdade e do fim da humilhação e da submissão total, dos tempos da ditadura”.
Capitão foi o estratego da revolução dos cravos e tentou travar o 16 de Março
Mas, antes do 16 de Março, já a vida de Otelo se havia cruzado com esta região. Por exemplo, em 1973, a 1 de dezembro, foi em Óbidos que se realizou uma reunião com 180 oficiais que resultou na nomeação de uma Comissão Coordenadora, composta por Otelo, Vítor Alves e Vasco Lourenço.
Mais tarde, num domingo, 13 de junho de 1976, o então candidato à Presidência da República veio às Caldas em campanha.
Em 1976, em campanha, foi recebido por multidões nas Gaeiras e nas Caldas
Segundo a Gazeta, mais de um milhar de pessoas esperavam Otelo na zona da rainha. A caravana passou primeiro pelas Gaeiras. O resultado das eleições colocou Otelo como terceiro mais votado nas Caldas, com 1.930 votos, atrás de Ramalho Eanes, que foi eleito Presidente da República e que no concelho reuniu 15.436 votos e atrás de Pinheiro Azevedo, que conseguiu 2.207. A nível nacional, Otelo foi o segundo mais votado.

Quatro anos mais tarde, em 1980, foi novamente candidato e voltou a passar nesta região, mas aí, conta a Gazeta, foi possível “verificar que Otelo teve uma recepção incomparavelmente inferior à que se verificou na campanha eleitoral de 1976. Ramalho Eanes foi reeleito e Otelo foi o terceiro mais votado a nível nacional e também a nível concelhio.
Em 1998, 25 anos após a reunião de Óbidos, realizou-se uma comemoração da mesma, que juntou centenas de pessoas. Otelo marcou presença e não deixou ninguém indiferente. ■






























