
António Martins Costa doutorou-se em História Medieval com nota máxima, em julho passado. Investigador em Coimbra, debruça-se sobre a História Medieval, que gosta de levar às escolas
António Martins Costa, mais conhecido por Toninho, de 38 anos, é natural de S. Martinho do Porto, e no dia 17 de julho deste ano doutorou-se em História Medieval em Coimbra, tendo sido aprovado com louvor e distinção por unanimidade, o título máximo que se pode receber.
A sua tese, que quer publicar em livro, intitulou-se “A arte militar portuguesa entre os finais da Idade Média e os alvores da Modernidade (1449-1521)”. Tratou-se de uma proposta de João Gouveia Monteiro, o “grande especialista em História Militar dos finais da Idade Média em Portugal”, explicou o investigador, que na altura em que conheceu o professor de Coimbra estava a investigar no Centro de História da Universidade de Lisboa, sua alma mater a nível da licenciatura e do mestrado. A dissertação de mestrado foi acerca da Batalha de Toro, com orientação de Manuela Mendonça, a presidente da Academia Portuguesa de História, e coorientação do fundador do mestrado em História Militar, José Varandas.
“O meu projeto de vida acabava por investigar e dar aulas na universidade, logo, tinha de fazer doutoramento. E, para vencer um concurso para professor universitário, tem de se ter um currículo bem recheado de comunicações e de produção científica escrita. Portanto, quando acabei o mestrado [em História Medieval], dediquei-me logo a isso”, conta.
“E estava nessa dinâmica quando conheci, numa das suas idas a Lisboa para dar aulas no mestrado de História Militar [uma parceria entre a FLUL, FLUC e a Academia Militar], o professor João Gouveia Monteiro”, continua. “Disse-lhe que estava à procura de um tema para desenvolver uma tese de doutoramento, e fui seduzido por um tema que passava por uma observação muito abrangente da arte da guerra em Portugal entre os finais da Idade Média – exatamente onde o meu professor tinha parado de estudar, no ano de 1449 – e o princípio da Idade Moderna (1521)”, diz.
O historiador escreveu, em conjunto com Gouveia Monteiro, “1415 – A Conquista de Ceuta” (2015), editado pela Manuscrito, para assinalar os 600 anos daquele feito, que representa o início da expansão portuguesa.
Tem também diversos capítulos de livros, como em “Casamentos da Família Real Portuguesa” (2017), editado pelo Círculo de Leitores, “Recrutamento no Exército Português: do Condado Portucalense ao século XXI” (2020) e “Atlas da História de Portugal: Uma Perspetiva Geopolítica” (2021), publicado pela FFMS, onde o seu capítulo aborda o Tratado de Alcáçovas. A par dos artigos publicados em revistas de especialidade, conta com palestras dadas em Espanha, Inglaterra, na Bélgica ou na Grécia.
António Martins Costa explica que o período que estudou no âmbito do doutoramento é de “transição”, com “ciclos que se fecham e outros que se abrem”. A nível europeu, dá-se o fim da Guerra dos Cem Anos e inicia-se a Guerra das Rosas. Já em Portugal a arte bélica sofre uma grande transformação, com a extinção dos corpos de matriz medieval e a introdução de corpos de besteiros, bombardeiros ou espingardeiros. Cria-se também a gente de ordenança, um tipo de infantaria que já combatia em formações.
Muito importante também é o aumento da capacidade financeira da monarquia que, no final da Idade Média, “já consegue pagar ao exército durante alguns meses”, explica. Por exemplo, a Guarda Real do Ginete, que se desenvolve nos reinados de D. Afonso V e de D. João II, está 13 meses a combater em Castela, com a Batalha de Toro (1476) pelo meio. Foram vinte mil os soldados que participaram na campanha.
“Desde tenra idade que senti um apelo muito forte pela história, porque cresci na zona histórica de S. Martinho”, conta o historiador, cujo “contacto estreito com os avós e com pessoas próximas da idade deles, que me contavam histórias e vivências do S. Martinho de antigamente” também contribuiu para desenvolver o seu “interesse pelo passado”.
Um interesse que hoje já chega aos meios de comunicação nacionais. Por altura das festas de Santo António, é garantidamente entrevistado, e já esteve na TVI por mais do que uma vez ou a falar para a Antena 1, no programa “Maré Alta”, em 2022.
No programa de verão falou sobre as origens da vila de S. Martinho do Porto, que começa a ser povoada em 1257, durante o reinado de D. Afonso III, por 60 pessoas, que podiam habitar e trabalhar nesta terra em troca de um quinto da sua produção, que era entregue aos monges cistercienses de Alcobaça, que administravam aquelas terras. O nome S. Martinho deve-se ao santo São Martinho de Tour, o culto que os monges cistercienses trazem de França, e ao facto da herdade que é doada pelo Abade Frei Estêvão Martins se chamar precisamente “S. Martinho”.
Também às escolas o historiador leva o conhecimento, falando designadamente da Batalha de Aljubarrota ou da Conquista de Ceuta. Afinal, acredita que “a ciência não está concluída sem ser levada à sociedade”. ■






























