O gaming foi a Óbidos pela primeira vez e já não se quer ir embora

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Mais do que cumprir os objetivos do município para uma primeira edição, o Óbidos Vila Gaming provocou grande entusiasmo em quem o visitou. Do revivalismo ao high tech, o mundo dos jogos cativou jovens dos 8 aos 80

Durante quatro dias Óbidos transformou-se na primeira Vila Gaming do país e chamou a si as atenções dos amantes dos videojogos.

A experiência imersiva no mundo dos jogos que a organização do município de Óbidos, da Óbidos Criativa e da E2Tech começava a ser vivida à chegada à Porta da Vila, que deixou, de 4 a 7 de maio, de ser um portal para o passado, para transportar os visitantes de Óbidos para o mundo virtual.

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O primeiro contacto com os jogos surgia na tenda retro. Aqui o medieval ganhava outro sentido. Ali estavam os primórdios deste mundo, com as primeiras consolas Sega, Nintendo e outros sistemas que não resistiram à evolução dos tempos, assim como os ZX Spectrum, ou os Commodore Amiga. Mas também o ambiente das antigas salas de jogos, com as máquinas de arcade e de flippers.

Tudo num ambiente marcado pela presença das famílias, onde os pais desfrutavam e davam a conhecer aos filhos os jogos que passavam horas a fio a jogar quando tinham a idade deles.

Mas é na Cerca do Castelo que as maravilhas da tecnologia tomam conta do ambiente. Com jogos para todos os gostos. Do FIFA ao Fortnite, dos simuladores de corrida aos shoot’em up (jogos de tiro em primeira pessoa), e sem esquecer a realidade virtual, em mundos mais reais ou em pura ficção, terror incluído.

Sónia Branco e António Duarte vieram de Santarém, com a filha, de propósito para o Vila Gaming, e gostaram do que encontraram. “Está interessante, principalmente para a nossa filha, e principalmente por ser dentro do castelo, neste ambiente”, disseram.

O casal, que até gostava de jogos no seu tempo de juventude, aproveitou o que a tenda retro tinha para oferecer neste campo, mas foi sobretudo para a acompanhar à zona dos jogos mais recentes que vieram.

O autocarro do Fortnite e o Minecraft estavam entre os favoritos da jovem, que entre perguntas foi abraçar e tirar uma selfie com uma das influencers que estava no recinto e que é “uma das minhas youtubers favoritas”, respondeu aos pais, já de olhos fixados no palco do Just Dance, para onde queria ir seguir.

Sónia Branco e António Duarte ainda acrescentaram que, em família, gostam de visitar este tipo de eventos. “Vamos com ela à Comicon e à Iberanime, é o estilo de jogos e de ambiente que ela gosta”, sustentam. Como pais, não ficam demasiado preocupados com o gosto pelos jogos. “Aceitamos, nesta altura é o que eles têm e gostam, as coisas mais ligadas com a informática”, concluíram.

De mais perto, das Caldas da Rainha, veio João Monteiro, que foi presença assídua no recinto, quase sempre em grupo. “Somos gamers, gostamos de jogos”, disse à Gazeta. Foi o Counter Strike (CS), um jogo multiplayer de tiro em primeira pessoa, jogado em equipa, que o levou a Óbidos, “mas experimentei tudo”, sublinha. João Monteiro, que já tinha frequentado este tipo de eventos, sobretudo em Lisboa, diz que “era um evento que faltava aqui na região”. “Espero que tenha corrido bem em todos os pontos de vista, para voltar a acontecer. Os jovens cada vez jogam mais, a tecnologia está mais presente no nosso dia a dia, é normal que, de ano para ano, [o evento] vá enchendo mais”, disse com entusiasmo.

Também muito satisfeito com o facto de Óbidos ter acolhido este evento ficou André Perdiz, um dos fundadores da Impulse, uma equipa de ESports que tem sede e agrega jogadores de Óbidos e da região e que, inclusivamente, representou esta temporada o Portimonense na Liga portuguesa virtual.

“Fundámos a Impulse para tentar juntar os gamers de Óbidos e da região, temos muita malta connosco e o Óbidos Vila Gaming é o concretizar de um sonho que tínhamos, de trazer algo que tanto amamos à nossa terra”, disse André Perdiz.

A Impulse foi um dos parceiros da organização e teve um palco onde pôde desenvolver algumas atividades, além de ter participado nos vários torneios que foram decorrendo. “Tivemos muita gente na tenda a ver as competições, muita malta das escolas. Os melhores dias foram sábado e domingo, os dias em que estiveram os principais influencers, como o Ric Fazeres, e houve filas muito grandes”, comenta.

E o feedback que foi recebendo da interação que teve com os participantes foi entusiasmante. “Desde meninos mais novos, que vibraram com o autocarro do Fortnite, aos mais velhos, que reviveram os jogos do seu tempo, mas ficaram admirados com a realidade virtual”, realça.

Pelo que viu e vivenciou, André Perdiz espera que o evento tenho continuidade. “A ideia é fazer de dois em dois anos, mas pessoalmente gostava mesmo que fosse todos os anos”, afirma.

Além dos jogos, a Vila Gaming teve robótica, cerca de 20 conferências e um inovador espetáculo de drones. E além das pessoas que atraiu fisicamente ao local, chegou a milhares de pessoas pelas objetivas dos influencers que estiveram presentes.

Por estranho que possa ter parecido inicialmente, misturar a tecnologia com o cenário das muralhas, funcionou. Óbidos já não é só medieval, de chocolate, e a vila que se tornou literária. Agora também está nas trends por ser gaming.

Filipe Daniel admite realizar evento anualmente

O Óbidos Vila Gaming levou a Óbidos entre 20 mil a 25 mil pessoas, dentro das expectativas iniciais do município, mas a forma como o certame decorreu deixou muito satisfeito Filipe Daniel, que depois de ter anunciado o evento para realizar de dois em dois anos, já coloca a hipótese de o realizar anualmente.

“As expectativas eram altas, mas conseguiu surpreender”, afirmou Filipe Daniel à Gazeta das Caldas. O autarca diz que, numa primeira edição, é difícil ter a percepção de qual vai ser a adesão do público, mas quando a comunicação do evento foi lançada o interesse que suscitou foi muito grande nas redes sociais.

Concluído o evento, Filipe Daniel não tem dúvidas que foi “uma aposta ganha”, que trouxe “uma nova energia e uma nova dinâmica, mas, acima de tudo, um público diferente daquilo que temos noutros eventos de igual dimensão”.

Ainda sem os números oficiais fechados, Filipe Daniel diz que terão passado no evento entre 20 mil a 25 mil pessoas, dentro do intervalo definido inicialmente, que era entre as 20 mil e as 40 mil pessoas.

O presidente da Câmara de Óbidos adianta que não esperava “um balanço positivo” a nível financeiro, mas acrescenta que há mais a contabilizar que o retorno direto, não só ao nível da promoção do concelho, neste caso junto de uma população marcadamente mais jovem, mas também ao nível do que o evento permite capitalizar, durante, para o alojamento e restauração, e em termos futuros. “Surgiram boas parcerias para o desenvolvimento do Parque Tecnológico e isso era um dos objetivos”, acrescenta.

Voltando ao evento, Filipe Daniel destaca ainda o espetáculo de drones, “que se calhar quase a totalidade das pessoas nunca tinha visto”, e também as festas de encerramento na sexta-feira e no sábado, que permitiu utilizar a Praça da Criatividade pela primeira para este tipo de evento.

Por tudo isto, Filipe Daniel já pensa se a ideia inicial de realizar este evento de dois em dois anos é para manter, ou se este pode ser anual. “Vamos pensar, porque tivemos muitos pedidos para que seja anual”, adiantou.

Também do lado da E2Tech, empresa parceira do município de Óbidos nesta organização, o balanço é positivo. “Foi a primeira vez que tentámos fazer assim, numa Vila e em vários espaços e estamos surpreendidos pela adesão. Para a primeira vez, nunca pensámos que estivesse tanta gente”, disse Pedro Silveira, responsável pela empresa, acrescentando que “estamos muito contentes por fazer parte de um evento em Óbidos, porque é referência a nível nacional”.

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