
Obra, da autoria de Mário Lino, foi lançada no dia 26 de abril, com homenagem também ao cavaleiro Marco José
Um novo livro de homenagem a José Tanganho, da autoria de Mário Lino, foi lançado no sábado, 26 de abril, no Museu de Ciclismo. “Esta é uma homenagem de todos nós”, começou por frisar Mário Lino, notando que é também a homenagem de um miúdo que nos finais dos anos cinquenta, quando estava a brincar na Rua Alexandre Herculano, viu chegar dois cavaleiros. “Por ali se juntaram algumas pessoas a dar vivas ao Tanganho”, recorda. “Enquanto subiam a rua até à porta da casa que nesse tempo servia de cavalariça as vivas ao Tanganho e as palmas só pararam quando ambos recolheram os cavalos”. Sobre a façanha de José Tanganho recorda que pediu um cavalo emprestado que já conhecia, no Carregado, e que “era um cavalo de atrelagem, robusto”. Trouxe o “Favorito” para as Caldas e preparou-o “a nadar na Lagoa de Óbidos e depois cavalgava na areia”, conta. “Nadar para abrir pulmão e areia para a robustez dos músculos”, esclarece, notando que era “sempre bem doseado” e que a ligação entre os dois se fortaleceu. O livro recorda o percurso e as aventuras, com as mudanças na classificação. Tanganho era um “cavaleiro audaz, conhecedor profundo dos cavalos”, que terá aprendido com o pai e com Vitorino Fróis, mestre dos filhos do rei. Entre as histórias que conta está a passagem pelas Caldas, onde é retratado o abraço entre o cavaleiro, a mulher e um filho, mas também o facto de ter perdido sete horas de avanço que tinha, ao descuidar-se com as homenagens das pessoas por onde passava, que se queriam abraçar ao cavalo, dar prémios e prendas ao cavaleiro. De tal forma que terá sido ultrapassado em Alhandra, por Rogério Tavares. Só que esse acabou por estafar o cavalo, que morreria do esforço, na última noite, antes das provas de galope e obstáculos. Tanganho, que chegou a Lisboa apeado e com o cavalo pela rédea, demonstrou que o seu conhecimento e respeito pelo animal fariam a diferença. Sobre Tanganho realça que, “diziam os mais velhos que com ele conviveram, que nos traços do seu rosto queimado pelo sol e pelo trabalho se podia ler o carácter de um homem audacioso e sem medo” e dá a conhecer “a grandeza de um homem generoso, que”, depois de receber o prémio monetário, fez a “doação de uma parte do valor ao Hospital de Santo Isidoro, para assistência aos mais desfavorecidos”. Tanganho “tornou-se figura conhecida no país inteiro, colocou Caldas no mapa e na imprensa”. Mas, décadas mais tarde, a personalidade “estava esquecida” e “o despertador foi o primeiro livro”. A par do outro homenageado do dia, Marco José, são “duas grandes figuras das artes equestres, dois caldenses que não estão esquecidas”. Mário Lino convidou os interessados em juntar-se a ele para ir a Coruche colocar um ramo de flores na campa de José Tanganho. “Senti tristeza porque está um pouco abandonada, tem uma só placa de homenagem, produzida por meia dúzia de amigos que tinha nas Caldas, que eram os Amigos da Casa Narciso, onde ia à hora do lanche”.
Pedro Bernardo, que é bisneto de José Tanganho, agradeceu a Mário Lino “por ter acendido a luz em relação” ao bisavô, realçando o entusiasmo do autor. “Somos um país amnésico”, criticou, realçando que Mário Lino trabalha para que isso não aconteça. Lembrou ainda o antigo proprietário da cervejaria Paulo.
O presidente da Câmara, Vítor Marques, disse que com Mário Lino “não há amnésia”, frisando a entrega e emoção, bem como a “ligação que faz entre os temas”. O edil caldense destacou a relação entre Caldas e o mundo equestre. “O Oeste Lusitano tem vindo a dar continuidade a esta história bonita”, referiu, acrescentando que gostariam “de voltar a ter um espaço para provas de hipismo” e que irão integrar uma associação de municípios ligados ao cavalo.
Jaime Amante falou sobre os 30 anos de alternativa de Marco José. Recordou que toureou nos EUA, México, Espanha e França, além de Portugal. “Toureou em Madrid e no 15 de agosto, que é quase impossível”, frisou, notando que o cavaleiro se despede das Caldas a 26 de julho, numa corrida noturna. “Caldas teve vários toureiros, mas o último chamou-se Marco José”, afirmou. Por sua vez, António Marques lembrou o projeto do cavaleiro na China, descrevendo Mário Lino como “o iluminador das imagens das Caldas, o guardião das memórias das Caldas”. Da plateia questionou-se acerca do Museu Joaquim Alves, nunca construído e que inclui património de José Tanganho, atualmente a degradar-se.
O Oeste Lusitano decorre entre 1 e 4 de maio, no parque, prestando homenagem a Tanganho. Concursos hípicos, a primeira exibição de atrelagem, largadas, e animação fazem parte do programa que inclui o espetáculo “Olha o Tanganho” na noite de sábado e o desfile equestre pela cidade no domingo. ■






























