Nova ligação a Lisboa poderá tornar a Linha do Oeste mais competitiva

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As propostas para a linha visam torná-la mais competitiva em relação à rodovia, sobretudo a partir das Caldas e de Torres para Lisboa

Um ganho de tempo de meia-hora, através de um novo acesso, é a previsão do Plano Ferroviário Nacional, apresentado na semana passada.

Um novo traçado da Linha do Oeste a partir de Torres Vedras até Lisboa, atravessando Loures, para permitir não só reduzir os tempos de viagem em cerca de 30 minutos, como também servir Loures, que vai passar a beneficiar de um acesso mais rápido à capital, é uma novidade apresentada no Plano Ferroviário Nacional (PFN).
A proposta apresentada na passada semana pelo Governo vai agora ser colocada em discussão pública, regressando depois ao Conselho de Ministros, de onde sairá para discussão na Assembleia da República e só depois será aprovada.
Esta nova linha, que além da cidade de Torres Vedras, terá estações em Runa, Dois Portos, Feliteira e Zibreira, parará também na Venda do Pinheiro (Mafra), Loures e Senhor Roubado (Loures), e chega a Lisboa, com estações no Campo Grande, Sete Rios, Campolide e Alvito, intercetando as linhas de Metro.
Existe também a possibilidade de ser ligada à Ponte 25 de Abril, atravessando o rio Tejo até Setúbal, criando o novo eixo Torres Vedras-Setúbal e favorecendo as ligações ao novo aeroporto de Lisboa, caso a estrutura venha a ser construído na margem sul.
Embora sem calendarização prevista, no documento o novo acesso a Lisboa da Linha do Oeste é justificado com o facto de o acesso através da Linha de Sintra, com a ligação no Cacém, impor uma “penalização no tempo de viagem a partir de cidades como Torres Vedras ou Caldas da Rainha em comparação com o itinerário rodoviário”. Esta ligação “deverá ser focada no transporte de passageiros local e interurbano”, acrescenta.
Atualmente a Linha do Oeste tem uma oferta “quase inexistente” de serviços interurbanos e os serviços locais são “muito limitados. No entanto, e de acordo com o PFN, quando concluída a eletrificação até às Caldas deverá considerar-se a criação de um serviço inter-regional com horário cadenciado em direção a Lisboa e, mais tarde, até Leiria. Este poderia “fazer serviço local entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, sendo rápido entre Torres Vedras e Lisboa”, refere a proposta.
O PFN salienta ainda que a consolidação da Linha do Oeste como itinerário alternativo à Linha do Norte passa pela melhoria das condições para a circulação dos comboios de mercadorias mais compridos nestas linhas e da melhoria de carga. Adverte ainda que esta linha “encontra-se apta para comprimentos de comboios de 600 m, sendo prioritário a sua eletrificação”.

Inter-regionais Lisboa-Leiria
Com a paragem dos serviços de Alta Velocidade na estação de Leiria, esta passa a ser a principal interface ferroviário do Oeste. “Desta forma, estabelece-se a reformulação do padrão de serviços da Linha do Oeste, que atualmente terminam ou começam nas Caldas da Rainha”, refere o plano, acrescentando que, a sul de Leiria, os serviços Inter-regionais cadenciados entre Lisboa e as Caldas deverão ser prolongados até à capital de distrito, “avaliando-se a possibilidade de efetuarem serviço local a norte de Torres Vedras, evitando-se a necessidade de desdobrar serviços locais adicionais”.
O documento destaca, por diversas vezes, a necessidade de eletrificação da linha, cuja empreitada de modernização no troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha arrancou a 28 de junho e deverá estar concluída em 660 dias, tal como a obra entre Meleças e Torres Vedras.
O investimento de 38,4 milhões de euros, comparticipado com fundos europeus, que vai capacitar 44 quilómetros da Linha do Oeste para a utilização de material circulante de tração elétrica e de modernos sistemas de sinalização e telecomunicações. Permitirá também a otimização do traçado de via, que possibilitará a redução do tempo de viagem num interregional entre Caldas da Rainha e Lisboa em 44 minutos. Com as obras a efetuar, a velocidade de circulação aumentará, maioritariamente, para o patamar dos 120 e 140 km/h entre Torres Vedras e Caldas da Rainha e permitirá melhoramentos ao nível das acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e de alteamento das plataformas, harmonizando-as com o resto da linha.
A empreitada foi adjudicada ao consórcio “Ramalho Rosa Cobetar, Sociedade de Construções, S.A. (RRC)/Fomento de Construcciones y Contratas, S.A. (FCC) / Contratas y Ventas, S.A.U. (Convensa)”. No entanto os atrasos na obra, sobretudo no troço entre Meleças e Torres Vedras, já levou a protestos da Comissão para a Defesa da Linha do Oeste que alerta para os prejuízos dos concelhos oestinos e a possibilidade de ficar em causa o financiamento comunitário para a modernização e eletrificação desta linha férrea.

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