Dora Gaspar Bernardino Ribeiro é a directora do Centro de Emprego Oeste Norte que resultou da fusão dos centros de emprego de Caldas da Rainha e Alcobaça. Formada em Economia, a alcobacense trabalha no IEFP desde 1991 e foi directora do Centro de Emprego de Alcobaça entre 2002 e 2005 (sendo substituída após a eleição de José Sócrates por Paula Vaz, com ligações conhecidas ao PS).
O IEFP garante que a nomeação de Dora Ribeiro, com carácter transitório até à conclusão do procedimento concursal para o cargo, foi feita em função “do mérito profissional e das competências evidenciadas”, do facto desta se encontrar no topo da carreira profissional e dada a sua “experiência em funções de direcção”. Dora Ribeiro exercia desde 2005 as funções de Técnica Superior Consultora no centro de Emprego das Caldas da Rainha, instalações a partir das quais vai ficar a dirigir o Centro de Emprego de Oeste Norte.
Mas o currículo da nova dirigente não chega para abafar o facto de esta ser irmã do deputado social-democrata Valter Ribeiro. E algumas forças políticas acreditam que essa é a verdadeira razão pela qual foi a escolhida para a nova estrutura. Em comunicado, a Federação Distrital de Leiria do PS, aponta “o nepotismo político na base da nomeação da equipa dirigente” e fala de “imoralidade da nomeação de amigos e familiares para os cargos do Estado”.
A estrutura presidida pelo também deputado João Paulo Pedrosa diz que “o distrito de Leiria onde, durante os mandatos dos governos do PS, sempre fez questão de nomear pessoas para dirigir a administração pública por critérios de competência técnica e capacidade profissional, vê-se agora confrontado com esta situação escandalosa de nomeações por amiguismo político”.
Já Heitor de Sousa, da distrital do Bloco de Esquerda, diz que a nomeação não o surpreende. “Independentemente dos atributos profissionais da pessoa em causa, a história política recente está cheia de nomeações nada transparentes, de pagamentos de favores, de laços familiares”. Uma tendência que “faz parte do modelo de governança de um governo que criticava o PS por fazer o mesmo” e que, ainda assim, “tanto fala em meritocracia”.
Para o PCP, o facto da directora do novo centro de emprego ser irmã de um deputado do PSD “deixa algumas reservas”, mas “mais que as pessoas, preocupa-nos as políticas e este governo tem-se demitido do apoio aos desempregados”, aponta Vítor Fernandes. Salientando que não conhece a nova directora, o comunista diz que “tanto a directora do Centro de Emprego de Alcobaça, como a directora do Centro de Emprego das Caldas da Rainha mostravam competência e interesse e, por isso, não se justifica a sua substituição”.
“É bom que o PS faça auto-crítica”
Já Fernando Costa, líder da distrital do PSD, diz que “haverá razões de serviço que justifiquem esta alteração” e que foi informado “de que se trata de uma pessoa competente”, há muitos anos nos quadros do IEFP. “Mas para o PS parece que isso não conta nada e o que conta é ser irmã de um deputado. Não sei se o PS teve tanto cuidado a escolher dirigentes de empresas públicas falidas, de parcerias público-privadas que levaram o país a esta situação”, diz o social-democrata.
Também o deputado na Assembleia da República e presidente da distrital do CDS-PP, Manuel Isaac, aponta o dedo ao PS e diz que “é bom que o PS ande para trás até 2005 e faça a sua auto-crítica”. O centrista admite que o facto de a nova directora ser irmã de um deputado social-democrata “em nada abona o governo, mas também não pode acontecer que alguém que seja competente não poder ser nomeada para essas funções só porque é irmã de alguém que faz parte do partido do governo”.
Manuel Isaac diz-se “à vontade para falar neste assunto porque a única coisa que defendemos foi que a directora cessante do Centro de Emprego das Caldas da Rainha, que para nós realizou um trabalho excelente, se mantivesse no cargo”. Célia Roque acabou por ser nomeada para dirigir o Centro de Emprego de Torres Vedras. “A mim parece-me uma promoção, por isso aplaudo”, disse.
Mudanças permitem “ganhos imediatos” na gestão do mercado de emprego
Independentemente da polémica em torno da sua escolha, Dora Ribeiro vai ficar a dirigir uma estrutura que abrange os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche e que no final do passado mês de Outubro se registavam 10.598 desempregados. O cargo de directora adjunta foi atribuído a Carla Helena Tomás de Almeida, licenciada em Gestão Técnica Superior Assessora no Centro de Emprego de Alcobaça desde finais de 2006, tendo também passado pelo centro caldense.
De acordo com o IEFP, a nova estrutura da organização permite “uma substancial redução de cargos dirigentes” e “concentra funções e lugares de chefia, sem repercussão ao nível da territorialização dos serviços, mantendo-se nos locais as habituais funcionalidades que os utentes conhecem”. Ainda que na prática nada mude para os utentes, o IEFP afiança que “esta reforma vem permitir ganhos imediatos ao nível da gestão do mercado de emprego”, ampliando-se as áreas territoriais e as oportunidades de apresentação a ofertas de emprego por parte dos desempregados.
“A nova solução favorecerá o fator de mobilidade dos recursos humanos desempregados no mercado de emprego”, garante a estrutura, afiançando ainda que nesta mudança “não está prevista nenhuma redução de pessoal”.
Célia Roque, que até agora dirigia o Centro de Emprego das Caldas é a nova directora do Centro de Emprego de Torres Vedras. Já Paula Vaz “está a desenvolver trabalho como Técnica Superior no Serviço de Emprego de Alcobaça”.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























