Navio Creoula deu a conhecer as Berlengas aos seus tripulantes

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Mais meia centena de jovens universitários, entre eles sete do Oeste, integram a guarnição do navio Creoula em mais uma edição da Universidade Itinerante do Mar (UIM), que decorre entre 27 de Julho e 6 de Agosto. A rota vai da Galiza até Cádis, com escalas em alguns locais como foi o caso das Berlengas no passado dia 31 de Julho.
O objectivo destas viagens é permitir a jovens o treino de mar e incutir-lhes e espírito de cooperação e interajuda. Os jovens oestinos têm a tarefa acrescida de apresentar um projecto de empreendedorismo delineado a partir desta experiência.

“A viagem está a correr lindamente, não enjoámos, que é sempre o mais complicado ao início, e está a ser uma experiência fantástica”. As palavras são de Rita Ruivo, aluna da ESAD, que durante 10 dias trocou a terra firme por uma experiência de mar a bordo do Creoula.
Juntamente com a jovem estão mais seis alunos universitários do Oeste, que integram a tripulação de 2013 da Universidade Itinerante do Mar (UIM), que tem por objectivos aumentar a consciência marítima dos participantes, fomentar o trabalho em equipa e o conhecimento ibérico mútuo.
Ao longo da viagem os jovens têm que participar nas tarefas a bordo, integrando a guarnição. “No fundo, viemos substituir o pessoal que não está cá”, conta Rita Ruivo, que diariamente se divide entre a limpeza e organização dos quartos, o auxílio na cozinha ou nas tarefas de vigia e leme.
A estudante considera que esta experiência poderá ser bastante importante na sua área pois o Design Industrial, cujo curso frequenta, desenvolve produtos que também podem ser aplicados na indústria naval. “É uma forma de conhecer a experiência e as lides do mar e perceber o que eu poderei, eventualmente, contribuir profissionalmente para isso”, disse à Gazeta das Caldas.
Também Hugo Monteiro, estudante de Informática de Gestão no Instituto Superior Politécnico do Oeste (Torres Vedras) destacou a experiência que está a viver a bordo. E, se por um lado, “o cumprimento dos horários é rígido, dorme-se pouco e come-se mais ou menos”, tudo isso é compensado pela “camaradagem criada e a troca de ideias entre todos, que torna a viagem muito enriquecedora”, referiu.
O fascínio pelo mar levou André Levi, estudante de Direito na Universidade do Porto, a querer ingressar no Creoula, mas agora realça a riqueza da experiência académica, proporcionada pelo contacto com outros jovens das mais diversas áreas. “Eu sou de Direito e estou a trabalhar com gente de Desporto, Engenharia e Biologia. É uma expêriencia globalmente inestimável”, conta o jovem, reconhecendo que logo que saíram do porto de Leixões e apanhou as primeiras vagas, pensou duas vezes na experiência em que acabara de embarcar, mas “cinco minutos depois já tinha apanhado o embalo e está a valer mesmo a pena”.
A 31 de Julho o navio esteve fundeado ao largo das Berlengas, altura em que os jovens tiveram oportunidade de conhecer a ilha e saborear um almoço com produtos do Oeste no farol. Durante o dia decorreram várias actividades, nomeadamente palestras sobre a importância do mar, a marca Oeste Portugal e do interesse deste tipo de actividades a nível do empreendedorismo.
Já de regresso a bordo do Creoula, a comitiva oestina foi recebida pelo comando do navio para uma pequena cerimónia de troca de lembranças, visita ao navio e o hastear da bandeira Oeste Portugal.
André Macedo, secretário-geral da OesteCIM fez um balanço positivo da iniciativa, destacando que foram alcançados os objectivos de promoção a região e da Rede Oeste Empreendedor, na qual está enquadrada a participação dos jovens estudantes da região.
A OesteCIM financiou a participação dos sete jovens, assim como as iniciativas que decorreram nas Berlengas, num custo orçado em cerca de seis mil euros. Depois da viagem, os jovens terão que apresentar um projeto de empreendedorismo.
André Macedo disse ainda que gostaria que no próximo ano a viagem pudesse ser aberta a mais alunos da região, assim como a vários parceiros com responsabilidades na acção da economia, numa lógica de intercâmbio com uma região espanhola.

Empreendedorismo e economia do mar

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A comandar o Creoula está, desde Setembro do ano passado, José Zacarias da Cruz Martins, natural de Ferrel (Peniche). Só este ano, entre os meses de Junho e Outubro, irão embarcar neste navio de treino de mar entre 500 a 600 jovens, que durante o tempo em que estão embarcados desempenham praticamente todas as tarefas a bordo.
Apenas se podem candidatar a estas viagens organizações com objectivos específicos no âmbito do mar, não o podendo fazer um particular.
“Actualmente temos uma agenda de navegação bastante preenchida e conseguimos enquadrar todos os pedidos que foram feitos”, informou o comandante, que acredita que esta procura signifique um interesse acrescido pelas questões relacionadas com o mar. O Creoula já desempenha as funções de navio de treino há 26 anos, tendo já recebido mais de 26 mil jovens.
Apesar dos seus quase 70 metros de cumprimento, o navio leva apenas 40 militares, que se traduz no número mínimo necessário para operar o navio, se não tivessem instruendos. “O objectivo é integrar os 52 jovens, que participam em todas as tarefas, sempre enquadrados por elementos da guarnição”, explica Cruz Martins.
A viagem da UIM (composta por três cursos distintos) começou a 14 de Julho e estende-se até 18 de Agosto. Com partida de Lisboa, o navio fez escala em Avilez, Marin, Ilhas Cies, Porto, Berlengas, Cadiz, regressando depois à capital portuguesa.
Joaquim Góis, da Universidade do Porto acompanha esta viagem e destaca que, além das tarefas diárias, os jovens participam em diversas actividades exteriores, como visitas a diversas universidades, Museu Marítimo de Ilhavo, fábrica da Vista Alegre ou uma empresa de aquacultura.
“O empreendedorismo e a economia do mar são temas que estão presentes nestas actividades”, fez notar o docente que acompanha esta universidade itinerante pelo segundo ano.
O Creoula, que actualmente é operado pela Marinha Portuguesa, foi construído em 1937 e fez diversas campanhas de pesca do bacalhau nos mares gelados da Terra Nova e Gronelândia.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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