Na festa da Santa Casa da Misericórdia apelou-se ao verdadeiro significado do Natal

Uma festa de Natal que foi um encontro entre utentes de diferentes gerações da Santa Casa da Misericórdia das Caldas, em que os mais idosos aplaudiram os mais jovens e os mais jovens mostraram um grande carinho pelos mais velhos. E onde a alegria dos funcionários também contribuiu (em muito) para a animação do espectáculo, que se realizou na tarde da passada sexta-feira, 15 de Dezembro.

Avó e neta dirigem-se ao centro comercial e a jovem fica muito entusiasmada quando dá de caras com o Pai Natal sentado numa poltrona à espera que as crianças façam fila para lhe fazerem os pedidos para este Natal. Só a avó é que não parece muito satisfeita e vai comentando entredentes que no seu tempo não era assim. “O Pai Natal é uma invenção, aquilo que o Natal celebra verdadeiramente é o nascimento do menino Jesus, mas parece que já quase não transmitem isso às novas gerações”, afirma aborrecida.
É assim que começa a peça de teatro que deu início à festa de Natal da Santa Casa da Misericórdia das Caldas, no dia 15 de Dezembro, com os jovens daquela instituição a serem os protagonistas em palco. A representação continua e o espectador dá-se conta que no centro comercial também estão expostas as figuras de Nossa Senhora, São José e do recém-nascido Jesus. O Pai Natal tem a ideia de vesti-los com roupas modernas, o que acaba por gerar um grande alvoroço porque depressa os lojistas se aproveitam daquele mediatismo para fazer publicidade: “aqui vendemos casaquinhos iguais ao do menino Jesus”, diz um dos comerciantes. Ainda mais chateada, a avó revela que Jesus era contra o consumismo e que o Pai Natal é que é “um grande gastador”.
Os ânimos apenas se acalmam quando o velhinho das barbas brancas resolve desfazer aquela ideia de vestir o menino Jesus, afinal originalmente este é representado nu. O Pai Natal reforça que está arrependido e pega no menino Jesus integrando-o nas fotografias com as crianças para assim lhes explicar a verdadeira origem do Natal. “Afinal não é assim tão egoísta como eu pensava”, conclui a avó.
Depois do teatro veio a música com algumas das crianças institucionalizadas a dançarem “All I Want For Christmas Is You” e os seniores a fazerem-se passar por conhecidos cantores portugueses, como José Cid, Amália Rodrigues, Toy, Simone de Oliveira, Quim Barreiros e Beatriz Costa. “Temos música para todos os gostos”, afirmava uma funcionária muito bem disfarçada de Cristina Ferreira que foi uma das principais animadoras da tarde.
No discurso de encerramento da festa, Lalanda Ribeiro, provedor da misericórdia caldense, realçou que “não é preciso muita coisa para fazer uma grande festa, sobretudo é preciso alegria”. E à Gazeta das Caldas acrescentou que “o Natal é a festa da família, por isso tentamos neste dia criar um ambiente familiar, não só para os jovens que estão institucionalizados, mas também para os idosos que já não têm família ou a quem os familiares pouco ligam”.