Museu do Vinho na posse da Câmara de Alcobaça

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Paulo Inácio e Frederico Falcão dizem-se satisfeitos por verem finalmente reunidas as condições para que o Museu reabra as suas portas

Foi das mãos do presidente do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), Frederico Falcão, que o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, recebeu o passado dia 11 de Outubro as chaves do Museu do Vinho. Mais de cinco anos depois do repentino encerramento do museu, fundado em 1986, a autarquia conseguiu finalmente chegar a entendimento com o governo quanto às condições de cedência do espaço museológico, que o autarca quer reabrir antes do fim do ano.
A cedência do Museu Nacional do Vinho e da Vinha à autarquia prolonga-se durante 30 anos, mediante o pagamento de uma renda de 18.966 euros por ano. Um valor que pode vir a ser eliminado, ou diminuído, caso a autarquia ali faça os investimentos necessários, avaliados em 2,4 milhões de euros. No auto de cedência e aceitação assinado entre a Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças e a Câmara de Alcobaça fica expresso que o investimento se fará “mediante apresentação de candidatura ao QREN”. Uma salvaguarda que Paulo Inácio disse sempre ser fundamental para que a autarquia ficasse com o espaço.Outra exigência da Câmara foi a possibilidade de constituir parcerias ou de ceder o espaço a terceiros “com vista a fazer face aos custos de manutenção do conjunto edificado, bem como a exploração turística e actividades a desenvolver para o normal e digno funcionamento do espaço”, que fica também definida no documento em vigor desde o início do mês.
Paulo Inácio disse que tudo está encaminhado para que seja a Adega Cooperativa de Alcobaça a juntar-se à autarquia neste processo.
No passado dia 12 a Câmara formalizou ainda um protocolo de cedência do espólio do Museu do Vinho com o IVV, também por 30 anos. “O Município de Alcobaça não estava apenas interessado no edifício. Ter o espaço não faria qualquer sentido sem o acervo”, disse Paulo Inácio.
Trata-se de um espólio com cerca de 8.000 peças, compondo “uma colecção muito eclética, das artes plásticas à etnografia, passando pela vitivinicultura”, explicou Alberto Guerreiro, técnico da autarquia. “Há muito trabalho pela frente, um trabalho árduo, interdisciplinar, mas temos o mais difícil, que é uma colecção importante, de índole nacional”, afiançou Alberto Guerreiro.

“Não é correcto termos de pagar uma renda”

Admitindo que as condições de cedência do Museu do Vinho à autarquia estão longe de ser as ideais, Paulo Inácio diz que “foi com um bocadinho de mau agrado” que as aceitou. “Acho que não é correcto termos de pagar uma renda, estarmos a cuidar do património do Estado sem receber contrapartida, mas não seria correcto ter o museu fechado”, disse o autarca, salientando que com a reabertura do Museu se restituiu um bem precioso para toda a população.
Mas se não fosse a renda anual, “a autarquia teria que fazer à cabeça um investimento de milhões”, para o qual não há condições. Desta forma, a reabertura fica apenas dependente das negociações com os parceiros da sociedade civil, de pequenas reparações e da limpeza do espaço, que se encontra “praticamente igual ao que estava quando foi fechado”.
Paulo Inácio recusa apontar uma data para a reabertura do Museu do Vinho, mas diz que “antes do fim do ano deve ficar tudo resolvido”.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

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