Na altura em que o Museu do Ciclismo acolhe uma exposição de máquinas de costura, este espaço transformou-se num grande atelier, no dia 2 de Fevereiro, onde 12 voluntárias costuraram 20 vestidos que agora vão ser entregues a raparigas necessitadas dos PALOP. A Dress a Girl Portugal é uma ONG que já fez mais de 500 vestidos que hoje são usados por raparigas em S. Tomé e Príncipe, Angola, Cabo Verde e Moçambique.
A sala de exposições temporárias do museu deu lugar a mesas com máquinas de costura. Havia tecidos um pouco por todo o lado com os mais diversos padrões e organizados em kits. Cada um reúne as peças que são necessárias para fazer os vestidos coloridos que serão enviados para as raparigas carenciadas dos países africanos.
Uma das responsáveis pela Dress a Girl Around the World Portugal é a brasileira Vanessa Campos que antes de vir morar para Portugal em 2016, viveu nos EUA onde já fazia vestidos para esta ONG.
Chegada a terras lusas, depressa encontrou quem se juntasse ao projecto de fazer roupa para as crianças necessitadas por todo o mundo. “O modelo principal para o vestido já foi replicado por 23 escolas e ateliers de costura e universidades seniores”, contou.
Em Portugal esta ONG também faz calções para os rapazes e costuma colocar um par de cuecas para as raparigas no bolso do vestido. “Muitas nem sabem para que servem pois nunca viram…”, contou a responsável.
Desde Julho de 2016 a delegação da ONG portuguesa já distribuiu 9400 vestidos por 15 países de Africa e alguns da Ásia. Os calções começaram mais tarde mas 2400 meninos já têm um par. “E um trabalho muito exigente mas muito recompensador”, disse a organizadora, referindo que conta também com o apoio da marca de máquinas de costura Bernina, cujo representante nas Caldas é a Casa Felizardo.
A Dress Girl Portugal tem uma grande projecção no país. Vanessa Campos contou que a página do Facebook tem 14.000 seguidores enquanto que a sede nos EUA tem apenas 8.000.
Uma equipa de reportagem da RTP África esteve no museu para colher imagens e testemunhos sobre este evento. Vanda Freire, jornalista que trabalha há 27 anos para a RTP, acha que este projecto de costurar para as meninas africanas “é muito importante pois os vestidos chegam ao destino”. Além do mais, ter um vestido com o símbolo da ONG acaba por lhes dar “uma certa protecção”. Vanda Freire afirmou que a costura “está na moda” e aliar esse aspecto à solidariedade “é o casamento perfeito”.
Liseta Pereira, uma das participantes, considera que estes eventos “são óptimos para nos fazer sair de casa”. A costureira tem enfrentado problemas de saúde, mas não se tem deixado abater. Participa sempre que pode neste tipo de eventos, assim como mantém a ligação à associação dos bordados das Caldas.
Por seu lado, Manuela Paula, da Liga dos Amigos do Hospital, veio aprender costura para depois ensinar ao seu grupo de voluntariado pois quer continuar a contribuir para esta ONG. Joana Nobre Garcia faz parte do projecto e é a autora dos moldes para os vestidos. A autora explicou que, quando as meninas crescem o vestido “transforma-se” numa túnica que pode continuar a ser usada com calças ou calções. A costureira criativa diz que o projecto tem vindo a crescer e sublinhou a participação das senhoras que “vêm ter connosco enquanto os netos estão na escola e nos ensinam tanto em relação à costura”.
Esta iniciativa teve lugar no âmbito da exposição 120 anos da Casa Felizardo, que está a decorrer até ao final de Fevereiro, no Museu do Ciclismo.































