As características da vila levam a que os veículos de socorro tenham que ter dimensões reduzidas por forma a poder entrar no espaço amuralhado e circular nas ruas. Os Bombeiros de Óbidos possuem três veículos de combate a incêndios, três ambulâncias de socorro e duas ambulâncias de transporte de doentes não urgentes, que cumprem esse requisito, entrando dentro das muralhas em caso de necessidade.
Existe também um Plano de Emergência Municipal, que abrange todo o concelho. O Serviço Municipal de Protecção Civil e os bombeiros realizaram um trabalho preventivo, que consiste na adequação de meios de socorro diferenciados de acordo com as características geográficas do município. Este contempla todos os veículos dos bombeiros obidenses e corporações vizinhas que têm as dimensões adequadas para as missões de socorro que ocorram na vila. “Temos feito feitas diversas formações práticas com veículos dos corpos de bombeiros, bem como simulacros”, explica Carlos Silva.
O comandante salienta que a planificação para a intervenção em locais históricos é limitada devido à construção, materiais, pontos de água e locais de difícil acesso, entre outros constrangimentos. No caso de Óbidos esta situação é dificultada pelo facto de ter apenas três pontos de entrada e saída (Porta da Vila, Cerca do Castelo e porta da Senhora da Graça) e onde só cabem veículos de dimensões reduzidas.
Eventos são preocupação
O facto de Óbidos possuir grandes eventos, que trazem milhares de pessoas à vila, aumenta a probabilidade de ocorrências. Tendo em conta esta realidade, é elaborado um plano de coordenação para cada evento, onde são identificados os possíveis riscos e planeada a intervenção conjunta, por parte das entidades intervenientes nas acções de protecção civil. Contempla ainda a identificação de corredores para entrada dos veículos de socorro e de evacuação de vítimas, assim como a definição da organização da resposta e instruções de coordenação.
A ocupação do espaço público, sobretudo em alturas dos eventos, “é uma preocupação e um constrangimento”, admite Carlos Silva, embora diga que esta não coloca em causa o socorro. Antes dos eventos começarem os bombeiros fazem um teste, utilizando uma ambulância e um veículo de combate a incêndios dentro da vila, com o objectivo de se certificarem da sua passagem.
No decorrer dos eventos, em caso de emergência, os veículos de socorro deslocam-se pelos locais com menos movimento. Já aconteceu, inclusive, um caso de uma pessoa que se sentiu mal na Rua Direita e, chamados ao local, os bombeiros dirigiram-se com as suas viaturas pelas ruas paralelas até junto do local e foi prestado do socorro.
Espaço público regulamentado em Setembro
Neste momento não há regulamentação para o espaço público dentro da vila, resultado de várias alterações legislativas. No entanto, a Câmara está a proceder à construção de um regulamento para ser implementado, que deverá estar concluído em Setembro.
De acordo com o presidente da Câmara, Humberto Marques, havia uma proposta de regulamento preparada, mas uma alteração da legislação levou a que a tivessem que alterar. Entretanto já foi feita uma nova audiência de interessados mas não houve qualquer participação. Foi designada uma comissão que já produziu uma nova proposta que será analisada em sessão de Câmara, depois irá para discussão pública e, por último, votada na Assembleia Municipal.
De acordo com o autarca, esta proposta defende uma maior restrição na ocupação do espaço público.
Para garantir a prestação de socorro na vila e melhorar a acessibilidade dos que ali moram, técnicos da Câmara têm realizado acções de sensibilização, seguindo-se a fiscalização, por parte do fiscal municipal, ou das forças de autoridade.
Também a GNR considera que está salvaguardada a segurança das pessoas, no que concerne ao seu âmbito de actuação e que, em caso de necessidade, existem as condições para acesso de meios de socorro.
O comandante do destacamento, Hugo Carneiro, confirmou ainda à Gazeta das Caldas que para os eventos que se realizam na vila são criados planos de segurança específicos, nos quais a GNR também faz parte, de forma a minimizar os riscos de evacuação.
Recuperação das muralhas sem reforço da segurança
O piso do adarve da muralha do castelo de Óbidos será recuperado, no âmbito de uma candidatura ao Portugal 2020, mas a intervenção – no valor de um milhão de euros – não estará vocacionada para o aumento da segurança, mas sim para a recuperação no perímetro muralhado e reforço na sinalização.
Esta intervenção permitirá aos visitantes caminhar com mais conforto nas ameias, mas não irá fazer um reforço da segurança através, por exemplo, de estruturas de vidro que amparem eventuais quedas.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, explica que a directora geral do Património Cultural, Paula Silva, não é adepta de guardas, como corrimões ou cabos de aço, neste tipo de património porque o descaracteriza.
Em Óbidos, em Maio, uma turista brasileira caiu da muralha tendo ficado em estado considerado muito grave e há cerca de um ano um japonês morreu após uma queda nas mesmas circunstâncias. Antes, em Agosto de 2014 um espanhol de 73 anos ficou ferido com gravidade por ter caído da muralha.
O autarca explica que os casos que têm ocorrido estão associados a pessoas com mobilidade mais reduzida e a distracções provocadas sobretudo com a feitura de fotografias. “Neste último caso [da turista brasileira] o recuo da vítima para apanhar o ângulo de costas para o precipício foi a causa do acidente”, disse.
A responsabilidade do adarve é da Direcção Geral do Tesouro e Finanças, mas a Câmara já colocou sinalética em cinco pontos de acesso.
































