Muita curiosidade e interesse pelas 90 primeiras páginas da Gazeta em exposição no Vivaci

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Gazeta das Caldas

gazetaÉ possível recuar até 1 de Outubro de 1925, data em que saiu a primeira edição da Gazeta das Caldas? Essa é a viagem que o jornal que comemora 90 anos lhe propõe, com a exposição “Gazeta das Caldas – 90 anos, 90 capas contam a história”, que pode ser vista no Vivaci até 19 de Outubro. A exposição tem sido um “verdadeiro sucesso”, nas palavras de quem ali trabalha todos os dias.

 

“As pessoas param mais para ver a subida do Caldas à primeira divisão (1955), quando Salazar venceu as eleições com mais de 76% dos votos e a morte do pintor José Malhoa (1933)”, assegura-nos Humberto Baptista, segurança no centro comercial. Este segurança conta que quem pára para ler as primeiras páginas são pessoas com mais de 30 anos. Os jovens, esses, “olham duas vezes para perceber o que é, mas não lêem”, acrescenta. Outros, especialmente os homens, aproveitam para percorrer a exposição enquanto as suas senhoras vão às compras, o que, nalguns casos ainda significa bastante tempo para espreitar as capas. Há quem também tire fotografias “de joelho no chão”, pois só assim é possível captar as capas de frente.
No passar de olhos pelas primeiras capas, Ana Santos lê as “gordas” para a sua mãe, Judite, que se vai recordando dos acontecimentos. “Vi a notícia do ciclone em 1941, quando tinha nove anos. Lembro-me que vivia numa aldeia perto de Torres Vedras e bateram à porta a perguntar se alguém tinha um serrão para cortar as árvores que tinham caído na estrada”, conta a senhora.
Apesar dos elogios ao interesse da mostra, não deixam de notar que deveria estar num plano mais elevado. “No início não me dei conta da exposição porque está num plano mais baixo que o nosso olhar”, disse Ana Santos, acrescentando que um dos aspectos mais interessantes, até para os mais novos, é “ver como se escrevia antigamente”.
Analisando agora as datas, a mãe de Ana Santos não estranha que na sua aldeia não houvesse luz, uma vez que esta “só chegou às Caldas quando tinha quatro anos, em 1937”.
Fizemos um exercício: viajar até à primeira página do ano de nascimento de Ana Santos, 1954, onde se podia ler que “o concelho de Caldas da Rainha reivindica o direito à completa electrificação”.
Há 60 anos José Claro decidiu assinar a Gazeta das Caldas e daí para cá tem acompanhado a realidade da região através deste jornal, mesmo durante o período em que viveu em Moçambique. “A exposição está muito interessante, muito bonita e permite recordar o passado”, afirmou. Analisando a evolução do semanário, comenta que “agora está muito bem, mas houve um período em que parecia que estava mais interessada em perseguir os políticos (nomeadamente o Fernando Costa), do que em fazer notícias”.
Às primas Sofia e Joana Fernandes (de 19 e 20 anos) chamou-lhes a atenção a capa de 1996, onde era anunciado que já havia internet nas Caldas. Uma curiosidade para estas jovens, que já nasceram na era digital. “A Gazeta agora tem cores, não é só texto e o papel tem melhor qualidade”, notaram, depois de uma primeira ronda pelas 90 capas.
Do Bombarral chega João Mendonça, com a sua filha, que repara na exposição quando desce do piso da restauração. Comparando a primeira e a última edição, apesar das várias mudanças, o visitante aponta um aspecto que se conservou ao longo dos 90 anos: o facto de o nome do jornal se manter com o mesmo tipo de letra desde 1925. “É uma forma de manter a tradição e de o jornal ser facilmente identificado: as pessoas nem precisam de ler, que sabem o que é”.
Já Eurico Noronha, de Alvorninha, pára a ver o jornal da morte do pintor José Malhoa (1933), porque era “uma pessoa muito falada e sempre ouvi falar dele, chamou-me a atenção, até porque já tinha um retrato na primeira página”. Quanto a esta exposição “recorda o passado e o que se passou nas Caldas, o que é sempre bom”.

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Rua das Montras
com capas em exposição

O mau tempo que se fez sentir no fim de semana passado, 10 e 11 de Outubro, impediu a montagem da exposição das 20 capas da Gazeta na Rua das Montras. Por isso mesmo, a mostra poderá ser visitada a partir de amanhã, até domingo, das 09h30 às 19h30.

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