Mudança de hábitos e mentalidades é a chave para a mobilidade

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A grande mudança para uma melhor mobilidade passa pela educação e formação das pessoas

Na tarde de domingo, cerca de 20 pessoas reuniram-se nas novas instalações da Hélia Arte Floral, para falar sobre mobilidade e urbanismo, na 10ª tertúlia da ACCCRO. A conclusão principal é de que, acima de tudo, é preciso mudar hábitos e mentalidades.

Tal esteve em foco nas intervenções de João Santos, diretor da ESAD, que afirmou que Caldas “não é um sítio amigo dos transportes coletivos” e que aqui os engarrafamentos de três minutos são caóticos. “A ideia de ter um carro está muito presente nos jovens”, mas Caldas é uma cidade que se atravessa com facilidade a pé. Ainda assim, nota, “o chegar à escola é uma aventura porque a ESAD ainda parece que é fora das Caldas, é um trajeto difícil”. Elogia o Toma, notando que “agora já temos uma paragem, onde os alunos podem esperar pelo autocarro os 40 minutos, que é o problema: a frequência. Numa cidade como Caldas, o que faz falta é uma maior frequência nos transportes urbanos, para que as pessoas acreditem que vale a pena esperar pelo autocarro, porque passa em 10 ou 15 minutos”.

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Também Nicola Henriques, dos Silos Contentor Criativo, diz que este é “um território que é demasiadamente pequeno para ter problemas realmente significativos na vida de todos nós, os três minutos que foram falados são irrisórios”. Já Ricardo Gomes, da Deck, empresa sedeada na Zona Industrial, apontou aos que andam “de carro a dar quatro e cinco voltas à Praça da Fruta com o estacionamento do CCC quase vazio”, algo com que se tem deparado regularmente. “O grande problema é de mentalidade, as pessoas querem levar o carro até à porta do sítio para onde vão”. Um exemplo, o caos que se gera na hora de levar crianças à escola. Sobre escola falou também Flávio Jacinto, presidente da Junta de Salir de Matos. “Não aceito que as crianças tenham que sair de casa às 6h30 da manhã para entrarem na sala às 9h00, e é algo programado”, disse o autarca, que trouxe os problemas sentidos numa freguesia rural onde diz que, para haver desenvolvimento, tem que existir confiança nos transportes e frequência de oferta, apesar de nunca chegar a todos os lugares. “Cada vez mais sentimos que não temos condições para fixar pessoas na freguesia, que era importante para o desenvolvimento rural”.

Joaquim Beato, vice-presidente da Câmara, falou da possibilidade de introdução de medidas como parquímetros com o objetivo de devolver a cidade ao peão. “Porque é que não podemos ter, por exemplo, pessoas a vir de Santa Catarina às Caldas para consultas médicas, com um serviço de agendamento e em vez de vir uma pessoa, virem cinco, ou dez. Passa pela coragem de dizermos que estamos num ponto de viragem para mudar hábitos”.

Sobre o urbanismo, considera que “Caldas tem muitas zonas para serem reabilitadas e os programas de incentivo estão virados para a reabilitação, pelo que a lógica é a utilização das infraestruturas que existem, como redes de águas e esgotos”. Em processo de revisão do PDM, diz que “provavelmente temos que ter a coragem de ir mudando alguns hábitos e comodismos e isso trará melhor qualidade de vida. O que é que isto tem a ver com PDM? É que os PDM mais justos vão trazer esta ética do equilíbrio, se não for por nós próprios, vamos ser obrigados a tal”, afirmou admitindo que “o PDM das Caldas, que é de 2002, está desatualizado”.

Filipe Daniel, presidente da Câmara de Óbidos, trouxe para a conversa a ferrovia e disse que “não podemos gastar 160 milhões de euros para ganhar alguns minutos na viagem até Lisboa”. Reconheceu a “falta de passeios”, especialmente nas aldeias e revelou que, ao longo destes dois anos de mandato, o que as pessoas mais pedem são lombas. “As pessoas querem lombas de 50 em 50 metros, mas o problema está na base, na educação”.

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