Movida criativa caldense encheu de gente o centro da cidade

Gigantones, fogo de artificio, magia e performance foram as notas principiais das actuações que tiveram lugar na cidade, na sexta-feira, 12 de Julho e que abriram o programa do Caldas Anima, o ciclo de animação cultural de Verão. O tempo não estava agradável mas o Largo Dr. José Barbosa esteve cheio de gente para assistir às actuações de magia e palhaços. No dia seguinte, 13 de Julho, realizou-se a segunda edição do Bazar à Noite com mais participantes e muito mais visitantes, provando que os criadores e os autores caldenses podem continuar a atrair gente ao tabuleiro em horário nocturno. Ainda por cima tratou-se de uma noite com uma temperatura muito agradável, o que potenciou a ida de muitos visitantes à Praça da Fruta.

O humor de São Pedro não era mesmo na noite do dia anterior. Na sexta-feira, 12 de Julho, uma chuva miudinha teimou em persistir durante todo o serão, mas tal não desencorajou as pessoas em permanecerem no centro da cidade. As ruas do coração das Caldas foram invadidas por estranhos seres, gigantones e animadores que trouxeram fogo de artifício e foram seguidas por dezenas de pessoas até ao Largo Dr. José Barbosa para assistir aos primeiros espectáculos do Caldas Anima.
Tratava-se de criaturas do grupo espanhol Bufones que trouxeram às ruas animação de uma estética medieval de fantasia, que interagiram com o público ao mesmo tempo que encaminhavam as pessoas até à Praça da Fruta. Já no largo, seguiu-se a performance dos Irmãos Esferovite, três palhaços desta família que contam disparatadas histórias do dia a dia com recurso ao humor. O espectáculo terminou com o mágico João Moreno.

Uma lufada de ar fresco para a cidade

“Este foi um sinal do que pretendemos para este Verão”, disse o presidente em exercício Tinta Ferreira, satisfeito com a adesão do público à abertura do Caldas Anima, lamentando apenas as condições climatéricas.
Com a bem sucedida edição de estreia no passado mês de Junho, era grande a expectativa em relação à segunda edição do Bazar. Em vez de 40 participantes, desta vez foram 70 que começaram a organizar-se e a montar as bancas a partir do final da tarde. E se a primeira edição contou com mil pessoas “agora a afluência foi o triplo!”, disse à Gazeta das Caldas Dora Mendes, uma das organizadoras da plataforma Criativa, organizadora do evento.
O Bazar “é uma lufada de ar fresco para todos os jovens que estão sem emprego e que fazem os seus trabalhos em casa”. Palavras do ilustrador Tiago Colaço, presente na praça. “É também uma  lufada para a própria cidade “que estava muito morta à noite”, acrescentou. O jovem caldense trouxe ilustrações, t-shirts e sapatilhas que personaliza. Em sua opinião, o Bazar deveria acontecer uma vez por mês pois “seria óptimo para a economia local e para mostrar que a crise também é motivo para dinamizar e para fazer com que as coisas possam melhorar”.
A joalheira Cecília Ribeiro diz que as Caldas estava a precisa de um Bazar “há muito tempo”. É na opinião desta autora, de 26 anos, “é bom para os artesãos mas também para a própria cidade que andava pouco movimentada”.
Anabela Neves não podia estar mais satisfeita. Veio às Caldas para participar no Bazar, trouxe doces e ainda a noite ia a meio e já tinha vendido praticamente tudo. Agora diz que quer regressar à Praça da Fruta pois gostou verdadeiramente do ambiente que se está a criar no Bazar à Noite.
José Antunes, director do Centro de Artes, era um dos visitantes do Bazar. “Acho que esta é uma das ultimas coisas mais bem conseguidas que se fizeram nas Caldas nos últimos tempos. Creio que poderia repetir-se todos os fins-de-semana enquanto está bom tempo”, rematou.
Já para o caldense Mário Leal, além do “bom ambiente e movimento do próprio Bazar, noto que o comércio em volta da Praça está também aberto, o que é muito bom”. Ao contrário de sexta-feira, a noite de sábado esteve muito agradável, a convidar ao passeio.
Anthony Carter, um dos vendedores, trouxe um kit de ervas aromáticas para as pessoas fazerem em casa. Trata-se de um projecto que reaproveita garrafas que servem de vasos para semear salsa, coentro manjericão, manjericão vermelho, cebolinho e orégãos. Neste processo, o autor deste kit conta a com a colaboração de uma associação leiriense que apoia pessoas com deficiência, que lavam e tiram os rótulos das garrafas. Reclusos da prisão-escola preparam o kit final para a venda ao público.
“Não sou veterano de feiras, mas estive há pouco em eventos em Lisboa e no Porto e o “move” não estava tão bom como aqui”, disse Anthony Carter.
Muito satisfeito com o evento e com as vendas estava Hugo Graça, ceramista local que acha que o Bazar à Noite deverá ter continuidade.
“Acho que esta é uma excelente iniciativa para dinamizar o espaço público e a envolvente”, disse Rui Venâncio que veio de Peniche. O visitante considera que o facto dos cafés em redor também terem aberto as portas é mais um contributo para a animação no centro das Caldas.
Preservativos personalizados, papillons de carácter desportivo e urbano, chapéus de “olhos recortados”, eis algumas das muitas propostas criativas à venda neste Bazar.
O evento contou também com conversas em parceria com o Co-Lab de Óbidos, bem como com um concerto de Eddy Slap, do Musicaldas. Este últimodecorreu no Largo Dr. José Barbosa que contribuiu para manter aquela zona da cidade bem animada.
Segundo Filipe Santos, o Bazar à Noite pode agora migrar para outras zona da cidade pois um dos objectivos deste evento é conciliar os cidadãos com o espaço publico caldense. “Era bom que o evento pudesse contaminar outras zonas”, disse o organizador à Gazeta das Caldas.
“Estou convencido que vamos ter um Verão que cative as pessoas a vir às Caldas”, disse Tinta Ferreira, satisfeito com a grande afluência ao evento, comprometendo-se a continuar a apoiá-lo ao nível logístico.
Gazeta das Caldas juntou-se a esta iniciativa e participou com uma banca onde deu a conhecer livros e peças de cerâmica em parceria com entidades e autores locais.
A próxima iniciativa do género já está marcada para 27 de Julho e vai estar relacionada com o artesanato.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt