Moradores do Parque Belver indignados com estado de desmazelo da urbanização

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notícias das CaldasA urbanização Parque Belver, situada perto da rotunda do Imaginário, encontra-se com problemas de embelezamento.

O projecto inicial, a cargo da Construções Lino & Santo, previa a colocação de jardins em certas zonas comuns da urbanização, mas o que se pode encontrar no local é vegetação selvagem e um ambiente geral de negligência.

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O Parque Belver foi uma urbanização projectada há cerca de dez anos e dividida em duas fases – uma primeira, localizada do lado oeste da rotunda do Imaginário, que já foi concluída, e outra a leste que não teve a mesma sorte. Segundo Isabel Lino Sousa, administradora da Lino & Santo, a suspensão da construção deveu-se à falta de capacidade financeira da construtora para concluir alguns imóveis e realizar os acabamentos na urbanização, devido à crise que atingiu o sector imobiliário.
“Os valores de mercado que existem actualmente para as moradias não são suficientes para as terminar”, refere a administradora. A empresa levou a cabo a construção e venda de toda a primeira fase do projecto, enquanto da segunda fase apenas possuíam oito moradias. Deste conjunto, duas foram vendidas e as restantes permanecem até hoje inacabadas.
A existência de moradias por concluir e a inexistência de espaços verdes devidamente arranjados não constitui apenas um problema visual. Uma moradora do Parque Belver, que prefere ficar no anonimato, queixa-se de que a moradia em construção ao lado da sua já atraiu pessoas à noite. Esta situação compromete a segurança do bairro, havendo o risco de algumas actividades ilícitas e de actos de vandalismo. A vegetação também tem facilitado o aparecimento de vários insectos e outros bichos que ameaçam a área envolvente. De acordo com a mesma moradora, até serpentes já apareceram no meio das ervas. Em alguns locais, as ervas bloqueiam os acessos pedonais, causando um transtorno ainda maior.

Moradores indignados

José Gomes, madeirense de 71 anos, reformado da função pública, veio viver para o continente pois os seus filhos moravam nas Caldas da Rainha. Já lá vão quatro anos que mora no Parque Belver e apenas no primeiro desses anos viu alguma manutenção ser feita. “É a pouca vergonha que se vê – com tanto mato, parece que vivem aqui animais selvagens, enquanto quem vive aqui é gente!”, lamenta-se. Também Alexandre Correia, 39 anos, investigador de Ciências Florestais, que mora na urbanização há já cinco anos, conta que “quando a empresa ainda estava a construir havia manutenção, mas depois de parar isso acabou”.
Como não viam a situação a ser resolvida, os moradores acabaram por se mobilizar e fizeram um abaixo-assinado que entregaram na Câmara Municipal, a fim de esta solucionar o problema. Nessa altura, trabalhadores da autarquia vieram cortar algumas das ervas, mas a intervenção foi pontual. Alexandre Caetano também assinou o abaixo-assinado, mas queixa-se da actuação da Câmara, a qual considera que teve “a atitude omissa que tem em relação a tudo o que é espaços verdes, como se pode ver pelas Caldas inteira”.
Questionada acerca deste problema, a autarquia, respondendo a perguntas do nosso jornal, afirmou que as infra-estruturas da urbanização ainda não lhe foram entregues, pelo que a legislação obriga o urbanizador a realizar a manutenção.
Apesar disso, a Câmara refere que não deixará de realizar uma intervenção pontual se tal for necessário.

Lino & Santo assume responsabilidade

A Lino & Santo, apesar de não ser detentora de todos os lotes da urbanização, é a responsável pela manutenção da área envolvente e acabamentos, que inclui as zonas verdes e passeios. De acordo com a administração, o alvará de construção obrigava a empresa a construir as infra-estruturas necessárias às habitações, tais como instalação eléctrica, saneamento, gás e uma fase inicial de passeios. Contudo, havendo lotes ainda em construção, o movimento das máquinas necessárias danificaria os passeios, pelo que a empresa prefere esperar pela conclusão das habitações para terminar os acessos. Além disso, como os terrenos estão a cargo de diferentes empresas que os adquiriram, a responsabilidade de construir passeios em zonas contíguas a esses lotes é dos seus proprietários.
Os moradores sentem-se enganados, pois ao comprarem as suas casas fizeram-no a contar com um projecto completo, que incluía as zonas verdes que se encontram degradadas. Porém, a administração da Lino & Santo nega que tenha havido qualquer incumprimento para com os moradores do Parque Belver, dado que “não há prazos estipulados em contrato ou em alvará para os acabamentos da urbanização”, e que o único impedimento a essa intervenção tem sido a falta de financiamento. Ainda assim, após ter sido contactada pela Gazeta das Caldas, a Lino & Santo garantiu que nas próximas semanas tenciona fazer alguma manutenção periódica nas zonas degradadas da urbanização, embora não garanta equipamentos mais dispendiosos, como sistemas de rega.

Óscar Morgado
omorgado@gazetadascaldas.pt

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