Há vários moradores e comerciantes insatisfeitos com a demora na colocação do asfalto na Rua Fonte do Pinheiro. As principais queixas são o pó que suja os carros e que impede os moradores de estender roupa ou abrir as janelas. Quando chove, a rua fica um lamaçal. Os negócios registaram quebras acentuadas e há quem se queixe que aquela é uma rua esquecida e que tem falta de iluminação.

A obra na Rua Fonte do Pinheiro começou em finais de Dezembro e está incluída numaempreitada de substituição de condutas de água um pouco por toda a cidade e em São Gregório, mas também de construção de ramais de água, esgoto doméstico e pluvial e de prolongamento das redes em todo o concelho.
Orçada em 274 mil euros (mais IVA) a obra foi adjudicada à Submerci – Construção e Urbanizações Lda., com um prazo de execução de 365 dias.
Mas os moradores e comerciantes da rua queixam-se da demora na colocação do asfalto. A quebra nos negócios é a maior queixa dos comerciantes, que também se queixam do aumento na frequência com que têm que limpar os espaços.
Já os moradores estão insatisfeitos com o pó que é levantado porque a rua não foi alcatroada. O maior factor de queixa é mesmo ter de respirar constantemente este pó que é levantado pelo vento e pela passagem dos carros e que não deixa estender a roupa nem abrir as janelas.

Maria Teresa Silva é proprietária de um prédio e moradora na Rua Fonte do Pinheiro. Padece de bronquite asmática e desde que as obras começaram tem sido obrigada a aumentar a medicação. “O problema não é só o aspecto, é também a saúde e isto tem-me afectado de sobremaneira”, contou. “Deixei de poder estender a roupa que ficava cheia de pó e não posso arejar a casa”, acrescentou.
Maria Teresa Silva diz mesmo que estas queixas “não são vontade de falar mal” e que “os políticos deviam era dar um passeio por esta rua para perceberem a situação”. A moradora diz que viveu 14 anos no estrangeiro e que lá fora as obras começam e depois são acabadas com celeridade.
A pavimentação da rua Fonte do Pinheiro só está prevista para Junho, o que significa que esta artéria estará sete meses nesta situação.

Já João Paneiro, que mora na rua da Rosa há cerca de 30 anos tem as mesmas queixas: o trânsito cortado, o pó e os buracos na rua. “Eu nunca caí, mas houve senhoras de idade que já aqui caíram”, contou.
Apesar de considerar as obras úteis, não compreende como é que acabaram com os lugares de cargas e descargas em frente aos estabelecimentos comerciais.
João Paneiro disse que a insatisfação é um sentimento generalizado entre os moradores e que “a Câmara não informa nem pede desculpa”. Nem sequer tem em nenhum ponto um cartaz informativo sobre a obra, custos e prazos.
E, “sendo certo que o que não se vê, não se sente e que quem não espreita não sabe”, o morador acha que quando “uma pessoa sai da avenida, o que vê é uma vergonha!”. Pergunta-se ainda porque é que quando requalificaram a avenida não trataram logo daquela zona.
Comerciantes com quebras nas vendas

Marta Calhau, proprietária do restaurante Marta’s Place, queixa-se de um prejuízo na ordem dos 20%. “Notei a quebra logo nos pequenos-almoços e nos almoços, tenho sido bastante penalizada porque as pessoas não passam numa rua em obras e a casa perde visibilidade”.
Por outro lado, há uma parceria com o parque de estacionamento em frente que traz muitos clientes ao restaurante e que durante as obras também foi extremamente afectada. “Mesmo quando a rua está aberta, as pessoas não vêm porque não sabem se está aberta ou fechada”.
A empresária notou que “as obras páram e arrancam, o que leva a pensar que ou não há organização ou não é prioritário e isso reflecte-se em números para nós”.
Outra das queixas é a falta de iluminação, que a levou a colocar luzes nas arcadas exteriores. E há ainda um desnível entre a estrada e o lugar de estacionamento em frente no qual, “desde que a casa abriu, já houve pelo menos seis casos de pessoas a ir para o hospital depois de ali caírem”.
Por tudo isto, Marta Calhau afirma: “esta é uma rua esquecida nas Caldas”.
No parque de estacionamento em frente falamos com Luís Cunha, da Siprocal, que gere aquele edifício. Diz que notou “uma quebra acentuada, principalmente nos lugares com horário e não tanto na vertente mensal”.
Em sua opinião, a obra até peca por tardia, porque já devia ter sido feita muito antes, e é um mal necessário, mas não compreende a demora na pavimentação. “Se vem chuva há lama, se não vem há pó”, disse.
Queixou-se de ter de limpar o parque com maior frequência e de, mesmo assim, este nunca estar limpo e elogiou o empreiteiro que realizou as obras. “Fizeram sempre o possível para minimizar os incómodos”, garantiu.
Esta é uma opinião partilhada por Carla Santos, que compra e vende artigos usados e velharias. “A empresa que cá andou tinha pessoas muito educadas, prestáveis e preocupadas, a culpa não é da firma”, disse, acrescentando que “até trabalharam debaixo de chuva e no meio da lama”.
A empresária queixa-se de quebras na ordem dos 75% face a período homólogo. “É uma quebra de cerca de mil euros por mês”, afirmou, esclarecendo que houve uma altura em que a porta tinha que estar encostada e que, desde que as obras começaram, passam dias sem ver um cliente. Além disso, lamentou o pó que entra na loja. O tempo e os custos com a limpeza do interior e das montras aumentaram.
Essa é uma das maiores reclamações de Leandro Céu, proprietário da Céu Henriques – Comércio e Reparação de Eletrodomésticos, Lda.: o muito pó que lhe entra porta dentro sempre que um carro passa e que obriga a uma limpeza constante dos equipamentos em exposição.
Outro problema são as pedras que se soltam da gravilha e que lhe são projectadas para a montra. O empresário diz que, inclusivamente, uma cliente que lhe entrava na loja chegou a ser atingida.
Leandro Céu diz que é incomportável para o seu negócio que a rua se mantenha nestas condições durante meses. “Se fosse na Rua das Montras já estava tudo arranjado”, atira o empresário, que considera que a Rua Fonte do Pinheiro é discriminada em relação a outras zonas da cidade.
Exemplo disso é também a falta de lugares de estacionamento reservados a cargas e descargas. Os únicos que existem são cerca de 50 metros mais à frente, junto à farmácia, longe demais para carregar electrodomésticos.
Mas há mais. O empresário queixa-se também da sujidade causada pelos pombos, que até já levaram Leandro Céu a retirar o reclame luminoso do estabelecimento para as aves não terem onde pousar.
Há cerca de 30 anos naquele espaço, o empresário diz que a razão de não se mudar é mesmo estar ali há tanto tempo. “Se não fosse isso já me tinha ido embora”, sublinha.
No cabeleireiro em frente falamos com Céline Quelhas, proprietária do Céline – Cabeleireiro e Estética, que se queixa do mesmo: o pó nas vidraças e as pedras que são projectadas à passagem dos carros. Mas o maior problema foi a diminuição de clientes. “Por exemplo, as pessoas com mais idade, paravam aqui o carro, as senhoras saíam e os maridos seguiam, isso deixou de acontecer”, contou. Mas não só: “com o corte do trânsito o movimento morreu e isso prejudica-nos”.
A empresária refere também que “arranjaram a avenida toda e esqueceram-se de nós”.
“Repavimentada a curto prazo”

Em inícios de Fevereiro a Câmara das Caldas, em resposta a perguntas do nosso jornal, informava que a pavimentação da rua Fonte do Pinheiro (e ruas adjacentes) “está prevista que se inicie/conclua durante o mês de Junho de 2017”. E explicava porquê: “é necessário dar algum tempo para o abatimento e consolidação das valas, sob pena da pavimentação não ficar em condições”.
Gazeta das Caldas voltou a questionar o município sobre este prazo (sete meses) para pavimentar a rua, perguntando se não há soluções técnicas de engenharia que permitam terminar a obra mais cedo. É que no centro da cidade tal nunca aconteceu, nem se conhece que noutras cidades a abertura e fecho de valas obrigue a mais de meio ano com uma artéria urbana sujeita à lama e ao pó.
A resposta veio à hora de fecho desta edição e permite aos moradores e comerciantes daquela zona respirarem (um pouco) de alívio:
A indicação que a pavimentação da rua Fonte do Pinheiro poderia apenas estar concluída em Junho de 2017 foi feita tendo em conta um hipotético prazo máximo que poderia acontecer no caso de se estar perante uma situação em que pudesse surgir algum imprevisto no abatimento e consolidação das valas da obra, o que faria prolongar no tempo a finalização da pavimentação da referida rua.
Como é evidente, a Câmara Municipal tenta sempre que estas intervenções sejam céleres e que causem o menor transtorno possível, sem por outro lado deixar de garantir que as obras são concluídas com rigor e que todas as exigências técnicas são cumpridas.
No caso da Rua Fonte do Pinheiro até ao momento todas as indicações são que o processo de abatimento e consolidação das valas está a correr bem o que poderá até permitir que, caso não existam os tais imprevistos, a obra esteja repavimentada a curto prazo.






























