
É urgente procurar soluções mais sustentáveis para a mobilidade, mas este caminho, onde ainda há muito a fazer, já começou a ser percorrido no Oeste. É esta a conclusão que sai do seminário “Sustentabilidade em Movimento no Oeste”, realizado na passada segunda-feira, 17 de Setembro, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, que se prolonga até amanhã, dia 22.
Num encontro onde estiveram presentes cerca de 40 pessoas, debateram-se as boas práticas que já se verificam na região, os projectos dos diversos municípios, apontaram-se caminhos de futuro e algumas da opções actualmente disponíveis para meios de transporte mais ecológicos. Um evento promovido pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) e pela Agência Oeste Sustentável e que pretende lançar uma reflexão que não se deve esgotar nesta semana, mas ser desenvolvido todos os dias, e quanto mais depressa melhor.

“Há que repensar a forma como cidadãos e cidades vão pensar a mobilidade no futuro, sobretudo em economias como a nossa, que não está sentada em cima de petróleo. E ainda que estivesse, há que ter em conta que esses recursos são limitados”, salientou Telmo Faria, presidente do Conselho de Administração da Agência Oeste Sustentável. Para o também presidente da Câmara de Óbidos, “a crise torna ainda mais premente criarmos soluções mais sustentáveis, no sentido de mudarmos a página”.
Na actual conjuntura, “cada vez mais há urgência de fazer um trabalho que contamine todos e que permita criar soluções mais eficientes e mais ecológicas”, e que, em última instância, garantam não só a sustentabilidade económica e ambiental, mas também uma qualidade de vida cada vez melhor.
De olhos postos neste objectivo, “faz sentido pensar uma estratégia para a mobilidade sustentável no Oeste”, defende o responsável, congratulando-se com a associação de diversas empresas de transportes e serviços à iniciativa de segunda-feira.
Também o director da Agência Oeste Sustentável, Rogério Ivan, defendeu a necessidade de mudar os paradigmas de consumo e que “um dos lados positivos desta crise que vivemos é alertar para essa necessidade”.
O que é preciso, então? “Estimular o uso de novas tecnologias e a utilização de novos conceitos de mobilidade, que deve ser integrada”.
A necessidade de uma visão integrada dos meios de deslocação foi também salientada por Paulo Inácio, vice-presidente do Conselho Executivo da OesteCIM. Mas antes de se avançar com projectos, há que saber quais as reais necessidades das pessoas. “Devemos procurar que haja sustentabilidade económica e de retorno, sob pena de não estarmos a gerir bem a coisa pública. Por isso devemos pensar primeiro as nossas necessidades e só depois avançar”, defende o também presidente da Câmara de Alcobaça.
Para Paulo Inácio, é preciso olhar com atenção para os transportes públicos existentes, para a Linha do Oeste e para os projectos que vão aparecendo no sector energético.
O projecto BATTERIE
É precisamente na intermodalidade dos transportes que assenta o BATTERIE – Better Accessible Transport to Encourage Robust Intermood Interprise, um projecto que em Portugal conta com 11 associados, entre os quais a OesteCIM. Iniciado no passado mês de Janeiro, o BATTERIE prolonga-se por três anos e tem como objectivo pôr em evidências as boas práticas de mobilidade que se praticam na Europa e criar uma plataforma de planeamento de rotas em tempo real.
De acordo com António Monteiro, da Inteli (um dos parceiros do projecto), a intermodalidade e a sustentabilidade dos transportes são preocupações cada vez mais prementes, não só por questões ambientais, mas sobretudo devido ao aumento do preço dos combustíveis. Os dias que correm são, por isso mesmo, uma janela de oportunidade para que estas temáticas passem do plano dos estudos à prática.
E é isso que o BATTERIE pretende fazer. “No final olharemos para tudo o que foi feito, identificamos as melhores práticas e tentaremos traduzi-las em políticas regionais, nacionais e comunitárias”. E “se a OesteCIM souber empenhar-se neste projecto, pode tirar daqui grandes proveitos”, afiança Vítor Gonçalo, um dos responsáveis pela participação da entidade intermunicipal no BATTERIE, que diz ser “uma parceria altamente gratificante”.
A Intermodalidade, as políticas e comportamentos, as tecnologias inteligentes e as alternativas sustentáveis são alguns dos aspectos que este projecto vai analisar em profundidade durante os seus três anos de duração. O projecto está orçado em 3,5 milhões, com o apoio de fundos comunitários. “Se este for bem gerido, praticamente não exige financiamento por parte da OesteCIM”, afiançou o responsável.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt
Dia Europeu Sem Carros assinalado amanhã
A edição deste ano da Semana Europeia da Mobilidade termina amanhã, com mais um Dia Europeu Sem Carros. Nas Caldas da Rainha, as actividades pensadas para este dia distribuem-se por vários locais da cidade.
Na Avenida da Independência Nacional, que vai estar fechada ao trânsito, há uma recolha de sangue e prática desportiva ao ar livre. Na Rua Dr. Leão Azedo vai estar uma exposição de bicicletas eléctricas. No Parque D. Carlos I realiza-se a Escolinha de BTT, que pretende promover a modalidade junto dos mais pequenos. A Praça da Fruta terá também um ar diferente, dado que a autarquia desafiou os vendedores a não deixarem os seus veículos estacionados ao longo do tabuleiro. Num dia em que os bilhetes do Toma vão ser gratuitos, é também ‘à borla’ que se pode experimentar o serviço de bicicletas Rainhas Bike Sharing.
Pela cidade vão andar vários voluntários a explicar as alterações ao trânsito implicadas pelas obras de regeneração urbana. A ciclovia Caldas – Foz do Arelho vai passar a contar com novos equipamentos de geocaching e há caminhadas marcadas para este dia, o último em que se pode participar no concurso de fotografia dedicado ao tema “Os problemas da mobilidade nas Caldas da Rainha”, que está a decorrer no Facebook (SEM CR 2012).
Já na Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo e na Rua Heróis da Grande Guerra está ainda a funcionar a Loja da Mobilidade. Nos dois espaços é possível obter informações sobre os transportes disponíveis na cidade e no país, os pontos de interesse turísticos da cidade e da região, recomendações de segurança a todos os que utilizam a via pública e calcular emissões de CO2.
No parque de estacionamento da OesteCIM podem ver-se, e experimentar, vários automóveis eléctricos e trocar garrafas de plástico por bilhetes do Toma, dias de utilização do serviço de bike sharing ou vouchers para ginásio.
Em Torres Vedras, a Avenida António Leal de Ascensão também vai estar encerrada ao trânsito automóvel até às 18h00. Uma Feira da Bicicleta e uma acção de sensibilização sobre regras de segurança para andar de bicicleta em espaço público, promovida em parceria com a União Desportiva do Oeste, são as actividades que assinalam este dia.
J.F.






























