Misericórdia de Óbidos publicou 17º livro

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A apresentação do livro decorreu a 29 de novembro

Obras publicadas anualmente divulgam cinco séculos da história da instituição, numa viagem pelo seu rico acervo

Anualmente, na última sexta-feira de novembro, a Santa Casa da Misericórdia lança um livro. Este ano foi apresentada a obra “Acordãos e Eleições da Confraria e Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos (volumes XX-XXIII: 1946-1974)”, a 17ª publicada com documentação do seu arquivo histórico. Na mesma altura foi lançada a segunda edição de mais quatro livros que estavam esgotados.
Da autoria do investigador e historiador Ricardo Pereira, o livro reúne documentação desta instituição entre os anos de 1946 e 1974, altura em que encerra portas, na sequência do encerramento do Hospital de Óbidos, a única valência que a Santa Casa da Misericórdia tinha na altura. O hospital, que teve origem na gafaria, foi uma “valência muito importante para Óbidos”, referiu o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Carlos Orlando, lembrando que este dava resposta não só à população do concelho como da região, pois a única alternativa existente durante muito tempo foi o Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas.
“Era um hospital com duas camaratas, uma de homens outra de mulheres, cada uma com cerca de 12 camas, e tinha mais quartos particulares”, concretizou, sobre o equipamento de saúde que ficava situado dentro da vila. A sua sustentabilidade era garantida pelo Cortejo de Oferendas, também conhecido por Festas da Misericórdia, e que “foi a principal festa existente no concelho de Óbidos entre os finais dos anos 40 e o início dos anos 70”. Ainda de acordo com a obra, tinha uma comissão central organizadora e contava com a ajuda de comissões locais, criadas em todas as freguesia, além da colaboração da Câmara, de diversos benfeitores e dos habitantes do concelho. A festa incluía “a exibição de ranchos, barracas de quermesse, tômbolas, bar, barraca de chá, concertos musicais e até sessões de cinema”, e até a atriz e empresária teatral e de hotelaria, Luísa Satanella (que viveu na vila entre a década de 50 e 70) deu a sua “colaboração na parte artística”. No entanto, na década de 70 as festas deixaram de se realizar. O aumento das despesas face às receitas e a falta de pessoal viriam a provocar o encerramento do hospital. “À medida que iam diminuindo os recursos financeiros alguns dos “melhores” médicos caldenses abandonaram o hospital e intensificaram o trabalho nas Caldas”, explica Carlos Orlando. O Hospital das Caldas tinha sido inaugurado em 1967 e, em inícios da década de 70, foi agregado ao Hospital Termal, com a criação do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha.
A Misericórdia voltaria a abrir portas já após o 25 de Abril, numa vertente de apoio à infância e idosos.
Estes livros são procurados, essencialmente, por historiadores e para estudos académicos. “Fiéis ao procedimento moral da rainha D. Leonor, fundadora das Misericórdias, acreditamos que a função cultural contribui para uma sociedade mais justa e conhecedora da sua identidade”, rematou o provedor, Carlos Orlando. ■

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