Misericórdia de Óbidos com novo livro das atas de 1922 a 1941

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Livro visa imortalizar a história da instituição que terá sido fundada em 1511

Com textos e transcrição do historiador Ricardo Pereira e desenho gráfico e paginação de Joaquim António Silva

Em ano profícuo em publicações, a Misericórdia de Óbidos lançou o 16.º livro do seu arquivo e o terceiro este ano, dos “Acórdãos e Eleições da Confraria e Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos” correspondentes aos anos de 1922 a 1941, tendo o lançamento sido a 24 de novembro, na Igreja da Misericórdia.
Decorrendo antes e após o Golpe Militar de Maio de 1926, são evidentes as “mudanças na mentalidade” da Comissão Administrativa, sublinhou o provedor da Santa Casa, Carlos Orlando, que anunciou que, antes do fim do seu mandato, em 31 de dezembro de 2024, pretende que sejam ainda publicados os volumes de atas datados de 1946 a 1974 (há um hiato na documentação entre 1941 e 1946), e deixar encomendado o livro para 2025.
Regressando ao livro, a comissão, presidida por Cândido Avelar, um “industrial rico”, exerceu durante 14 anos, de 20 de janeiro de 1927 a 7 de agosto de 1941, “despertando energias e apelando a todos os obidenses para a necessidade que a Santa Casa tinha de ser restabelecida como era na sua génese de instituição cristã, banindo o seu estatuto de laica”, continuou o professor, frisando ainda o estado de “completo abandono” a que a instituição foi deixada durante a Primeira República.
O historiador caldense, Ricardo Pereira, que tem transcrito as atas constantes do Arquivo Histórico da Misericórdia de Óbidos, destacou algumas das decisões daquela comissão, como a reforma do quadro de pessoal, em 1937, passando um ordenado anual das “duas creadas”, a título de exemplo, para “setecentos e vinte escudos cada uma”, face aos sessenta escudos que recebiam anteriormente, conforme indicado na ata de 1 de maio de 1930. Um ordenado que passou até a superar o do médico, de seiscentos escudos (que não sofreu aumentos), e que seguiu a tendência de aumento igualmente aplicada aos ordenados da enfermeira, de 300 escudos para 2160 escudos, e do cartorário (o arquivista daquela época), de 240 escudos para 600 escudos.
De salientar também a reposição das imagens e altares nas enfermarias, logo em 1927, a par da reparação dos balandraus (capa com capuz e sem mangas usada pelos irmãos), bem como do telhado da sacristia e dependências do hospital, o qual fechou pouco antes de 1974, funcionando atualmente, nesse espaço, a pousada do grupo Pestana.
Carlos Orlando comentou ainda o facto de ter ficado “admirado” ao ler, nas atas, a existência de outras duas farmácias, a Batista e a Marques, a par da do hospital da Misericórdia, no final dos anos 20. “Ainda nós nos admiramos de haver 24 tabernas!”, rematou.
Na contracapa do livro é ainda possível observar imagens de um pormenor dos livros de atas, fabricados pela Tipografia Caldense.
O livro, com uma tiragem de 200 exemplares, pode ser adquirido na Misericórdia de Óbidos, por cinco euros. ■

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