“Vamos remodelar urgências que pura e simplesmente não têm capacidade, como é o caso da Amadora, das Caldas da Rainha, do Barreiro, de Coimbra e de Gaia”. A frase foi proferida pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, na Assembleia da República, a 8 de Janeiro, num debate sobre a situação que se tem vivido nas urgências hospitalares do país, a pedido do PS.
A 3 de Dezembro o ministro tinha estado nas Caldas e já tinha deixado a indicação de que as propostas de remodelação do serviço de urgências, no valor de um 1,3 milhões de euros, seriam para avançar.
Nesse dia, depois de reunir com a administração do CHO, o governante foi visitar o serviço de urgências desta unidade e falou com alguns utentes e funcionários. Durante essas conversas o ministro comentou que teriam que ser feitas obras no serviço de urgência médico-cirúrgica, tal como a administração do CHO tem vindo a pedir.
Isto depois de ter visto dezenas de pessoas deitadas em macas, espalhadas pelos corredores daquele serviço.
Na altura, Paulo Macedo não quis fazer declarações à comunicação social, tendo apenas referido que aquela era uma visita de trabalho. A confirmação de que as obras são mesmo para avançar foi feita agora no Parlamento.
No início de 2014 o Centro Hospitalar apresentou uma proposta ao ministério para aprovação de verba necessária. O projecto contempla a ampliação das áreas de atendimento na Urgência, o aumento da área do Serviço de Observação (SO) e a separação física da urgência pediátrica e da urgência geral, que irão permitir melhorar o circuito do utente.
Garantias não evitaram o caos
Carlos Sá salientou então que as obras pedidas são essenciais, tendo ficado contente pelo facto do ministro da Saúde ter vindo ao terreno ver a situação que se vive diariamente. “Por muito que nós façamos, o espaço físico é o que é, e limita qualquer solução que se possa implementar”, afirmou aos jornalistas no final da visita do ministro.
Durante a reunião com o ministro, em Dezembro, Carlos Sá terá garantido ao governante que foram tomadas as medidas necessárias para dar conta do pico da procura que se esperava, nomeadamente a reorganização das equipas e o alargamento da capacidade de internamento da urgência.
Esse alargamento, faz-se também através da instalação de 10 camas de internamento para as urgências do CHO no Hospital das Caldas.
Segundo a administração, tem sido feita também a contratualização de camas, durante o período de Inverno, com lares da região “para que os utentes com alta clínica que aguardam transferência para a rede de cuidados continuados ou casos sociais e que neste momento ocupam camas de doentes agudos nos serviços de internamento do CHO, sejam para aí transferidos”.
No entanto, estas medidas não evitaram que o caos se instalasse mais uma vez nas urgências caldenses no final do ano.
PS faz balanço negativo da criação do CHO
Os deputados socialistas Odete João, João Paulo Pedrosa e Jorge Manuel Gonçalves enviaram um requerimento ao ministro da Saúde para saber pormenores sobre aquilo que preconiza para resolver os problemas das urgências nas Caldas e quais os prazos estimados.
Os socialistas consideram que “passados mais de dois anos sobre a criação CHO, o balanço sobre as condições de acesso dos utentes da região das Caldas da Rainha aos cuidados de saúde hospitalares é francamente negativo”.
No requerimento referem que este serviço tem escassez de recursos humanos “o que, perante qualquer falha nas equipas, resulta em sobrecarga para os que estão ao serviço, com particular incidência na época de Natal e início do ano”.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
Idosa faleceu na urgência de Peniche à espera de ser transportada para Caldas
Na semana passada foram as urgências do hospital de Peniche a ser notícia pelas piores razões. Uma mulher de 79 anos faleceu a 5 de Janeiro depois de ter estado 10 horas naquele serviço de urgências.
A história foi contada a várias estações de televisão pela família da vítima. A doente chegou ao Hospital de Peniche às 9h30, com dores no peito e nas costas, tendo-lhe sido atribuída a pulseira amarela. Só cerca das 17h00 os familiares terão sido informados de que os resultados das análises (que tiveram que ser realizadas nas Caldas) não eram conclusivos e que por isso a idosa teria que fazer uma TAC toráxica. Duas horas depois a doente acabaria por falecer, quando estava a ser preparada para ser transferida para o hospital das Caldas para realizar a TAC.
Segundo a administração do CHO, a utente foi submetida a avaliação clínica cerca de 20 minutos depois de dar entrada na urgência e realizou, por duas vezes, exames complementares de diagnóstico, antes de ser decidida, ao final da tarde, a sua transferência para Caldas.
Durante esse tempo “a doente manteve-se sob vigilância médica”, mas acabaria por falecer antes de ser transportada para o exame.
Lamentando a morte da utente, a administração do CHO salienta que “o atendimento médico foi célere e os dados disponíveis indiciam adequados à situação clínica da vítima”.
O CHO abriu um inquérito a esta morte e a Câmara de Peniche decidiu, na reunião de Câmara de 12 de Janeiro, que quer ter acesso às suas conclusões. “Tendo em conta o relato da família da senhora que faleceu, queremos saber os resultados do inquérito para depois nos pronunciarmos”, disse, à Gazeta das Caldas, o presidente da autarquia, António José Correia.
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde também abriu um inquérito, com a qual o CHO está a colaborar para apurar os factos e esclarecer o sucedido.
De qualquer forma, o autarca considera que nos últimos anos o hospital de Peniche tem vindo a ser “desmantelado” e que estes casos podem ser resultado disso.
Na reunião de Câmara, foi ainda aprovada por unanimidade um pedido à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para suprir as carências ao nível dos médicos de família naquele concelho. António José Correia considera que Peniche tem vindo a ser prejudicado em relação a outros concelhos da região.






























