Tenho 23 anos e nunca tinha ido ao Santo Antão. Desta festa sabia apenas que se acendem fogueiras para assar chouriço, que se bebia vinho tinto e que Santo Antão é o padroeiro dos animais domésticos. No passado dia 17, lá foi a minha estreia.

Chego a Óbidos às 14h30 e, mesmo antes de subir os 150 degraus que me esperam até à ermida, consigo perceber que vou encontrar muita gente lá em cima. Isto porque há centenas de carros por toda a rua da Estação, estacionados de um lado e do outro, meio encavalitados na valeta da estrada. Desconheço o caminho até à capela, por isso sigo as outras pessoas que entretanto também chegaram. A maioria vem em grupo, traz uma caneca de metal pendurada ao pescoço e cestas com comida para o almoço. Está um dia de sol, nem sequer faz muito frio, o ideal para as comemorações.
Viramos à esquerda para um trilho em terra batida e, ainda antes da subida, encontramos alguns vendedores. Diz-lhes uma das senhoras que vai ao meu lado que ali parará no regresso para comprar um chouriço. Agora não convém ficar mais carregada porque o caminho que a espera tem tanto de longo como de difícil. São 150 degraus de pedra, sempre a subir. E a subir mais um bocadinho.
Sou uma jovem, que faz desporto regularmente, mas mesmo assim falta-me o fôlego para fazer o percurso sem parar pelo menos uma vez. Aquilo que penso imediatamente é nas pessoas idosas (até de bengala) que estão na festa e que também fizeram aquele caminho. Gabo-lhes a vontade e o esforço. Mas depois também penso em todas as outras que vão fazer o percurso de volta, sempre a descer, já com uns “copinhos a mais”… Tarefa difícil, uma vez mais.
À medida que nos aproximamos do cimo do monte, a música do acordeão fica mais nítida aos nossos ouvidos. E o cheiro do fumo das fogueiras mais intenso. E a vista cada vez mais agradável. Dali, é possível ver o Castelo de Óbidos noutra perspectiva, apreciar os campos verdes e ver a cidade da Rainha ao fundo. Subido o último degrau, depressa avistamos um mar de gente. São centenas de pessoas que se juntam em diferentes grupos, de um lado e doutro da capela, à volta de fogueiras onde se assa chouriço e carne. A mim oferecem-me uma costeleta de porco e pão caseiro. E também um copo de vinho, que não aceito porque não gosto de tinto. Mas agradeço.































