Os concertos não são sempre iguais e o dos Amor Electro, nas Caldas da Rainha, em vésperas do 15 de Maio, ficou marcado por vários momentos que não constavam no alinhamento. Um dos mais emocionantes foi quando o público cantou “Amar pelos dois” ao som dos instrumentos da banda, um dia após Salvador Sobral ter feito história no festival da Eurovisão.
Marisa Liz, Tiago Dias, Rui Rechena, Ricardo Vasconcelos e Mauro Ramos electrizaram o palco montado na Avenida, que se encheu de milhares de pessoas para assistirem ao espectáculo e ao habitual fogo de artifício.
A vocalista Marisa Liz vinha vestida para uma noite de frio, mas foi surpreendida por uma temperatura mais agradável do que aquela que é hábito no Oeste. Além do calor, o vestido não lhe permitia ter liberdade de movimentos quando queria bater palmas. A solução foi trocar de roupa: vestir uns jeans e uma t-shirt dos Metallica.
Os minutos em que a cantora esteve fora de palco levaram os restantes elementos da banda a improvisar para “queimar tempo”. Decidem, então, tocar uma melodia que o público imediatamente reconhece. É a música “Amar pelos dois”, de Salvador Sobral, que um dia antes ganhara o festival da Eurovisão.
Timidamente o público responde: “Eu sei que não se ama sozinho, talvez devagarinho possas voltar a aprender”, aumentando de volume à medida que ganha confiança. Quando Marisa Liz regressa ao palco, repete-se o momento, desta vez com a ajuda da vocalista.
“É notável o que aconteceu. Uma música extraordinária, cantada de uma forma mágica. É um marco importantíssimo para a nossa história e para a nossa língua e só esperamos que agora o efeito seja global, para que possamos colocar o nome de Portugal no mundo pelas melhores razões de sempre”, disse Marisa Liz, realçando que também os Amor Electro compuseram uma música para o Festival da Canção há três anos. “Também era um tema em português, pois acreditamos que a língua não é uma barreira: a música é universal e desperta sentimentos em qualquer parte do mundo”, realçou a cantora.
No concerto nas Caldas da Rainha, os Amor Electro convidaram o público a ligar o “chip dos sentimentos” – “a abrir o coração” – e este respondeu da melhor forma, com muita energia e boa disposição. Não só as canções mais conhecidas, como “Mar Salgado”, “A Máquina”, “Rosa Sangue”, “Só É Fogo Se Queimar” e “Eu Sei”, entusiasmaram os caldenses. Também as versões de “Sete Mares”, “Foram cardos, foram rosas”, “Barco Negro” e “Bang” puseram os espectadores a cantar.
Curiosamente, a banda começou por ser um grupo de versões – os Catwalk – mas passado um ano de concertos em bares, foi convidada pelos estúdios Valentim Carvalho para gravar o primeiro disco de originais. Em 2011 surgiram os Amor Electro.
Em “Juntos Somos Mais Fortes”, tema que integrará o terceiro álbum da banda – com lançamento previsto para Outubro – Marisa Liz apelou a que todos nós fôssemos mais tolerantes, pacientes e amigos uns dos outros. “Sobretudo temos que aprender a ficar mais felizes pelo facto dos outros também estarem felizes e não apenas com as nossas conquistas”, disse.
PÚBLICO DE TODAS AS IDADES

Quando lançaram o primeiro single, “A Máquina”, há seis anos, disseram-lhes que corriam o risco de serem muito alternativos. O rock conjugado com a electrónica, o pop e a música tradicional portuguesa dariam resultado?
“Nós já tínhamos feito outros discos, quando estávamos noutras bandas, e estávamos habituados a estar na sombra, por isso não nos preocupámos muito com o sucesso”, afirmou Tiago Dias, acrescentando que, talvez por essa razão, o grupo nunca pensou no target que alcançaria.
“Hoje podemos dizer que temos a sorte de ver o um misto de gerações nos espectáculos. O avô, o pai, o filho e o neto: todos ouvem as nossas músicas num clima de aceitação, gostam e não estão ali obrigados”, acrescentou Marisa Liz.
Antes dos Amor Electro, os Lcomandante&General fizeram as honras da noite. Esta dupla é composta pelo caldense Cláudio Teixeira (cantautor) e Filipe Almeida (sintetizadores). Os dois jovens protagonizaram um espectáculo fora do comum, que aliou a música a uma performance quase teatral e em que até foram atiradas bananas ao público. Rock, dub-step, electro e anos 80 são algumas das referências.
Remember Green Hill com menos gente
Este ano a festa Remember Green Hill, organizada pelos Silos Contentor Criativo e o snack-bar A Praceta, não conseguiu juntar nas antigas instalações da fábrica Bordallo Pinheiro as 1200 pessoas que em 2016 fizeram a festa na antiga Secla.
A segunda edição do evento voltou a atrair diversas gerações que quiseram recordar a mítica discoteca da Foz do Arelho, encerrada desde 2012, mas não contou com a mesma participação que no ano passado. Ainda assim, as cerca de 500 pessoas que aderiram dançaram até de madrugada ao som dos Djs Gabi e John A.






























