Milhares de pessoas participam na tradicional romaria ao Santo Antão em Óbidos

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A animação é uma constante entre os romeiros que a cada dia 17 de Janeiro prestam homenagem ao santo protector dos animais

Dia 17 de Janeiro é dia de romaria ao Santo Antão, em Óbidos, e este ano não foi excepção, com milhares de pessoas a aproveitar o bom tempo que se fez sentir para se deslocarem à ermida situada Noroeste da vila. Erguida num monte, a capela do santo protector dos animais é de difícil acesso. Para lá chegar é preciso percorrer 150 degraus em pedra tosca, ladeados por arbustos ou, no caso dos veículos, subir uma estrada de terra, restringindo o acesso aos condutores mais hábeis e a tractores e veículos de todo o terreno.
Espalhadas pelo recinto existem várias fogueiras feitas com lenha apanhada nas redondezas e onde é assado o chouriço e a carne. A animação é outra das carecterísticas da festa. É garantida pela música popular, muita dela feita de improviso, e regada com vinho da região.
Na casa das esmolas, paredes meias com a capela, comercializam-se chouriços, pão, velas e figuras de cera, que depois são entregues como pagamento da promessa ao santo.
O diácono Raul Penha, responsável da Comissão de Festas do Santo Antão, disse à Gazeta das Caldas que as vendas foram superiores às do ano passado e que, também na missa, registou-se um maior número de pessoas a participar.
A capela, datada do século XIV, está em elevado estado de deterioração, pelo que pretendem, durante este ano, conseguir fundos para colocar um telhado novo. Segue-se a intervenção no seu interior, nomeadamente ao nível dos azulejos, alguns deles que retratam cenas da vida de Santo Antão e que “são únicos a nível mundial”, explica Raul Penha.
Há mais de 30 anos que o responsável da comissão de festas vai ao Santo Antão e, durante este tempo, tem assistido a uma substituição dos motivos que levam as pessoas aquela romaria. Enquanto que no passado íam sobretudo pagar promessas por animais da economia familiar, como o porco a ovelha e a cabra, actualmente regista-se uma procura em cera por animais domésticos, como o cão, gato ou pássaros, assim como de doenças físicas. Estas depois são colocadas junto à imagem do santo na capela.
Antes muitas das promessas eram pagas em géneros, como cereais, animais ou chouriços (que depois eram vendidos no local), ao passo que agora são saldadas em velas e dinheiro. Os romeiros não dispensam as fitas cor de rosa, benzidas, que depois levam para casa e, alguns, colocam junto aos animais.
“Todos os anos são consumidas cerca de três mil fitas, o penhor da promessa paga, que levam como protecção”, explica Raul Penha.

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