
Como diz o povo há mil e uma maneiras de mostrar a fruta, bem como todo o manancial de produtos que provêm da natureza e que são produzidos pela agricultura campesina.
Quem faz uma visita à Praça da Fruta das Caldas da Rainha, já não encontra a genuína e muito primária oferta que se via naquela praça até aos anos 60/70 e que era verdadeiramente um cartaz turístico (como ainda hoje se mantêm em certas cidades europeias, como é o caso do mercado do queijo de Alkmaar, ou das flores em Amesterdão, na Holanda), com uma mistura de vendedores/produtores verdadeiramente rurais, que traziam os seus produtos em cestos de verga nos costados do típicos burros ou nas carroças puxadas por animais mais possantes, e dos vendedores já mais sofisticados baseados na cidade,
e que na época se chamava das “contratadeiras”.
Como não havia mercados específicos para abastecerem estas vendedoras com lugares de venda mais vistosos, estas só podiam fazer as suas compras aos restantes vendedores/agricultores depois do meio-dia, se a memória não nos falha.
Com as melhorias introduzidas este ano, o mercado parece mais “europeu” e moderno, mas, em nossa opinião, ainda lhe falta algo, que nem precisa de muito investimento (em muitos casos nem tem nenhum custo) e que obriga apenas a uma mudança de prática ou de procedimento.
E para tal nem é preciso grandes ideias e muitas transformações, bastando pesquisar um pouco no que se faz noutros locais, com grande êxito e com melhores resultados, pelo menos visuais.
Contudo, quem observar um pouco as bancas no mercado caldense, verificará que há já melhorias substanciais em alguns sectores, nomeadamente da venda das flores, do pão e dos queijos, bem como mesmo nas frutas e legumes.
Mas parece-nos que falta alguma informação e formação, porque todos podem aprender com as boas práticas e para isso basta ver o que se faz, no mercado dos lavradores no Funchal, ou nalguns mercados de ar livre em França, na Alemanha e na Suíça, onde os nossos emigrantes podiam colaborar trazendo informação qualitativa.
Uma das falhas visualmente mais negativas é a forma como se apresentam principalmente os frutos e, nalguns casos, os legumes, que na falta de recipientes tipicamente rurais e campesinos, são substituídos por inestéticas caixas de plástico com falta de funcionalidade.
Quem verificar nas fotografias que inserimos junto, facilmente se detecta a forma diferente como outros que têm mais atenção à clientela fazem.
Outra coisa que os vendedores não têm a devida sensibilidade para o efeito que tem no comprador, é deixarem sem qualquer tratamento ou arrumação os espaços vazias nas caixas, fruto da venda realizada antes. Não há nada de mais desinteressante que deixar as caixas vazias e sem qualquer cor ou decoração.
Competiria talvez ao município ter uma preocupação de melhor estes procedimentos e acompanhar os vendedores nas necessárias melhorias, para tornar o mercado das Caldas muito genuíno no séc. XXI.
Finalmente, estranha-se que o município depois de tão grande investimento, não tenha ainda feito qualquer promoção do mercado nos meios de comunicação nacionais, numa tentativa de reconquistar os milhares de compradores de todo o país que vinham ao mercado das Caldas ao sábado e ao domingo, como também nos outros dias da semana.
Muitas vezes, falando com residentes noutros pontos do país que relembram a tradição do passeio às Caldas da Rainha para vir ao mercado, deambular pelo parque, eventualmente ir à Foz do Arelho e comprar louça das Caldas da “típica” e da mais convencional, esse facto demonstra que existe um potencial a explorar pois a nostalgia move muitas pessoas.






























