Mercados do antigamente mostraram como se vivia nos tempos dos nossos avós

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A envolvente do Mosteiro de Alcobaça foi mais uma vez palco de uma iniciativa que se realiza pelo quarto ano consecutivo

Saias compridas, lenços na cabeça, homens de colete e faixa à cintura. Os trajes de outros tempos, que hoje só se vêem nas apresentações dos ranchos folclóricos da região, ajudavam à caracterização das largas dezenas de pessoas que no último fim-de-semana, dias 19 e 20 de Maio, deram vida à recriação de um mercado do século XIX junto ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
Pela praça espalhavam-se bancas com produtos da terra, bolos secos e as tradicionais “ferraduras”, habitualmente oferecidas em dia de casamento. Havia também quem mostrasse ofícios que foram sobrevivendo ao passar dos tempos, como um cesteiro, um amolador de facas, ou um artesão que se dedicava a remendar louça de barro.
Também não faltavam as bancas com pão com chouriço e vinho a copo, numa iniciativa que contou ainda com bailes animados pelos grupos etnográficos. E para mostrar aos mais pequenos como as pessoas se entretinham quando ainda não havia televisão ou jogos de vídeo, também se recuperaram os jogos tradicionais.
A recriação foi mais uma vez promovida pela Nova União das Colectividades do Concelho de Alcobaça e só o mau tempo, sentido sobretudo no domingo, não ajudou à festa. Isso e a falta de dinheiro nos bolsos de quem por ali passava, como lamentavam alguns dos que aproveitavam a iniciativa para fazer uns trocos.
Uma queixa deixada à Gazeta das Caldas por António Ricardo Inácio, que há 62 anos se dedica à arte da cestaria, assumindo a apanha do vime, o fabrico e a venda dos cestos. O artesão marcou presença na recriação pela segunda vez e garante que “só não corre melhor porque não há dinheiro. As pessoas gostam do que vêem, mas não podem comprar”.

NAZARÉ RECUOU A 1912

Também na Nazaré, o domingo foi dedicado aos costumes antigos. Na vila piscatória o desafio era para uma viagem a 1912, ano em que a Nazaré se tornou sede de concelho.
A recriação do mercado de princípios do século XX esteve a cargo do Externato Dom Fuas Roupinho, que por diversas vezes se viu obrigado a adiar a iniciativa devido ao mau tempo. No dia 20, e apesar de São Pedro não ter ajudado, a festa lá se fez, por entre a ventania e a chuva que caiu, muitas vezes com intensidade.
Muitas foram as entidades locais que se juntaram aos alunos do Externato nazareno nesta recriação que teve lugar na Praça Sousa Oliveira. Uma iniciativa integrada nas comemorações do centenário do concelho da Nazaré, que se assinala no próximo mês de Setembro.

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Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

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