Mercado Subida da procura inflaciona preços na região

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O mercado imobiliário continua a valorizar na região. Os preços da habitação, na compra e no arrendamento, sobem e a “culpa” é da procura e da inflação nos preços das matérias-primas

O mercado imobiliário na região está em alta e, neste momento, o grande problema é a falta de produto, quer para o negócio de compra e venda, quer para o mercado do arrendamento. A escassez de oferta face à procura, que se alia à subida de preços das matérias-primas para a construção, são os principais responsáveis por uma escalada de preços que, para já, não tem fim à vista.
Norberto Isidro, consultor imobiliário da RE/MAX, diz que a ideia de que Caldas é uma cidade onde é barato comprar imóvel “está a terminar”. Inclusivamente, em determinadas zonas que eram consideradas mais acessíveis “os preços estão elevados”.
Francisco Cera, sócio-gerente da Área Nova, diz que “a construção nova está num ritmo um tanto lento, pelo que o mercado vazio de produtos”. Já a procura está num ritmo inverso. A mesma pandemia que reduziu o fluxo de estrangeiros a procurar residência em Portugal, trouxe pessoas que estão a “fugir” de Lisboa e a procurar fixar-se na região, onde ainda podem executar a sua atividade profissional através do teletrabalho, beneficiando de preços mais apetecíveis que os praticados na capital e nos concelhos limítrofes.Esta procura, à qual se junta a procura local, é responsável pela escalada dos preços. Na construção nova, já não é fácil encontrar T3 por menos de 200 mil euros, enquanto os T2 podem atingir valores à volta dos 145 mil euros.
Bruno Rodrigues, consultor imobiliário da Veigas, acrescenta que “a qualidade da construção também subiu consideravelmente” face a um passado recente, o que também influencia a escalada dos preços. O preço de venda ao metro quadrado passou pela primeira vez a fasquia dos 1000 euros no segundo trimestre de 2018 e não tem parado de subir, num cenário que os consultores imobiliários não acreditam que possa regredir nos próximos meses. Esta procura faz com que a construção nova seja escoada, muitas vezes, ainda em planta. Norberto Isidro acrescenta que, além das Caldas, “os outros concelhos da região com ligação à A8 também estão a beneficiar desta procura” e sublinha que, para quem vende, “o mercado nunca esteve tão bom”.
Além dos apartamentos, também há procura de terrenos para construção própria, mas aqui têm surgido outros problemas, nomeadamente a morosidade dos processos nas autarquias, a volatilidade dos preços das matérias-primas, bem como a falta de mão-de-obra qualificada na construção.

Nas Caldas, um T2 novo custa a partir de 145 mil euros e os T3 sobem para os 200 mil euros

Neste momento, o mercado imobiliário local está a ser potenciado pela procura interna, tanto portugueses, como estrangeiros já a residir em Portugal. No entanto, continua a haver interesse de mais estrangeiros a quererem mudar-se para a região.
Rui Tavares, CEO do grupo Localstar, revela que a maior procura dos clientes nacionais passa por apartamentos com maiores varandas e terraços, enquanto os estrangeiros, “sobretudo na faixa entre Peniche e Nazaré”, procuram casas com piscina e “boas vistas”. O empresário alerta, ainda, para outra questão: “fala-se muito da alteração do PDM e isso pode levar a que alguns terrenos percam a possibilidade de construção. As pessoas devem estar atentas e procurar informação de profissionais”.
Rui Tavares explica, ainda, que o custo da construção aumentou, até porque “os materiais subiram imenso, o ferro duplicou o preço”, mas “ainda há terrenos para venda na região. O problema é encontrar “bons terrenos, com exposição solar e vistas desafogadas, que são muito procurados pelos estrangeiros”, reconhece o empresário.

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ARRENDAMENTO TAMBÉM EM ALTA. No mercado do arrendamento, a situação é idêntica. A procura é muito superior ao número de produtos à disposição no mercado. Os preços no parque imóvel mais antigo estabilizaram, mas nos mais recentes continuam a subir. Arrendar um T2 pode custar cerca de 400 euros por mês, um T3 pode subir para a casa dos 500.
A falta de construção nova no centro tem conduzido ao investimento na recuperação de imóveis antigos para habitação, um mercado que também está a crescer.
Francisco Cera manifesta alguma preocupação com esta escala de preços, que não acompanha com subida de rendimentos das famílias e defende o reforço do planeamento das cidades “para criar novos focos na periferia, com preços mais acessíveis”. n

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