Partiram para os quatro cantos do mundo à procura de uma vida melhor. A autarquia caldense prestou-lhes mais uma vez homenagem, no Dia do Emigrante (10 de agosto), com um almoço convívio e tarde de animação
Graciete Ribeiro é do Bairro dos Arneiros e esteve emigrada durante 51anos em Cambridge, no Ontário, Canadá.
“Venho todos os anos a Portugal”, disse a participante na Festa do Emigrante, na Expoeste, tendo contado que na sua vida profissional trabalhou numa fábrica de calçado e, mais tarde, num supermercado português. Atualmente divide-se entre os dois países até porque muito em breve “vou ser bisavó!”, contou à Gazeta das Caldas.
Para a caldense estes encontros “são ótimos e servem sobretudo para nos reecontrarmos com pessoas que não vemos há vários anos”.
Maria Loureiro, do Bombarral, está na Suíça há 40 anos. Vive nos arredores de Zurique e trabalhou com idosos, em lares, numa clínica e depois num hotel. “Tenho uma filha e dois netos lá” e, por isso, mantém-se ligada aos dois países. Para a participante, estes momentos de celebração “são uma maravilha!” sobretudo porque “a nossa vida lá é muito casa- trabalho”.
Por seu lado, Belarmino Figueiredo é natural da região de Viseu mas vive desde 1977 nas Caldas. Emigrou para França com a sua mulher, Dora Figueiredo e viveram em Bugeat (na zona de Correz) e também em Annecy, localidade na zona da Alta Sabóia. “Durante sete anos fiz cadeiras e depois dediquei-me a fazer queijos”, contou o emigrante. Aos 81 anos, revela que, em relação à produção dos queijos, era ele o responsável pela mistura. Esteve emigrado várias décadas e há 20 anos que regressaram em definitivo.
O casal diz que teve “uma vida boa” por terras gaulesas e que se fossem jovens voltariam a emigrar. Contam que foram assinantes da Gazeta das Caldas em França durante 30 anos e agora já mudaram a morada para a sua casa, no Bairro dos Arneiros, para continuar a ler o seu semanário local favorito. O filho e o neto de Belarmino e Dora Figueiredo já vieram de férias às Caldas e será a vez do casal ir ter com eles, a terras gaulesas, no próximo Natal.
José Sousa emigou para os Estados Unidos em 1981 e lá permaneceu durante 26 anos. Natural da Atouguia da Baleia, mudou-se aos sete anos, com os pais, para as Caldas da Rainha. A sua primeira experiência além-fronteiras foi em França, onde esteve durante cinco anos, mas foi nos Estados Unidos que “fez vida” e onde permanecem os filhos. Agora, reformado, divide o tempo entre “cá e lá”. No passado dia 10 participou, juntamente com a esposa, na Festa do Emigrante. É a segunda vez que participa e considera que “é uma das coisas boas que este executivo faz, é um ponto de reunião para os emigrantes e uma prova de que têm orgulho neles. Encontramos as pessoas amigas, é uma boa maneira de matar saudades”, disse o emigrante que também é assinante da Gazeta das Caldas há muitos anos. “É uma maneira de saber as notícias da nossa terra”, revelou.
Para o casal António e Maria Marques a participação no convívio do Dia do Emigrante foi uma estreia. Emigrantes no Canadá há quase cinco décadas, estão de férias em Portugal e, depois de saberem do evento por um familiar, decidiram participar. “Está a ser bom, muito divertido, boa comida… É uma boa recordação que levamos para o Canadá, para onde voltamos para o mês que vem”, salientaram.
Natural de S. Clemente, Alvorninha, António Marques emigrou para o Canadá há 48 anos. Tinha 21 anos, era cabo na GNR, tirou um mês de férias e decidiu ir à aventura. Pouco tempo depois regressou para levar a esposa, natural da Serra do Bouro, e foi já em Toronto que nasceram os seus dois filhos e, agora, os netos. Não deixam de vir à terra Natal, mas “por pouco tempo”, porque os filhos “ficam preocupados se estamos longe”, ressalva Maria Marques.
O regresso da festa do Emigrante
A festa, que assinala o Dia do Emigrante e que voltou este ano a realizar-se, depois da pandemia, juntou na Expoeste meio milhar de participantes para um almoço conjunto e uma tarde de animação. Nuno Santos, presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, destacou o “orgulho” naquela realização, pois também ele é filho de emigrantes e sabe o que “é estar longe e ter saudades da terra natal”. Já o autarca de Salir de Matos, Flávio Jacinto, mostrou a sua satisfação por ver tantos emigrantes voltarem à sua terra de origem e marcarem presença no evento. A forma como as juntas de freguesia acolhem os seus emigrantes foi evidenciada pelo presidente da Câmara, Vítor Marques, assim como o trabalho da Associação Regional Caldense (ARC), que está a celebrar 40 anos.
O Dia do Emigrante é “uma efeméride que se assinala em todo o mundo e nós somos um país de emigrantes”, referiu o presidente da Câmara, sobre a iniciativa que é também um “reconhecimento” a estes “embaixadores das nossas tradições e da forma como interagem com o país”. Vítor Marques destaca a sua importância ao nível da economia, com o investimento que fazem na sua terra Natal e também com as pessoas que trazem para as visitar, potenciando estes destinos a nível turístico.
“É um reconhecimento ao esforço, à dedicação e à coragem de irem à procura do desconhecido”, rematou.
Homenagem aos 40 anos da ARC
A efeméride foi também assinalada, ao final dessa mesma tarde, junto do Monumento ao Emigrante, situado à entrada sul da cidade, com a deposição de uma coroa de flores e a colocação de uma placa alusiva ao 40º aniversário da ARC.
O comunicador João Carlos Costa, que há vários anos acompanha a associação (e escreveu o livro a 17ª Freguesia), relatou o seu percurso, dando nota do aniversário, assinalado em abril, que conta sempre com a participação de autarcas caldenses em Newark. A Associação Regional Caldense tem dinamizado diversas iniciativas, de cariz social e humanitário, nos Estados Unidos, como é o caso da atribuição de bolsas de ensino a familiares dos membros ou sócios da associação, mas também nas Caldas, colaborando com o Caldas Sport Clube, com os Bombeiros, o Hospital e outras instituições. Também presente na cerimónia, Jorge Ventura, presidente da ARC, destacou a colaboração da Câmara com esta associação, nomeadamente com a oferta, desde o ano passado, de duas bolsas de estudo.
O Monumento ao Emigrante, criado pelo escultor Antonino Mendes, há mais de duas décadas, foi uma obra do executivo de Fernando Costa, que contou com o apoio financeiro da ARC, lembrou o atual edil, Vítor Marques. Com o objetivo de valorizar a obra o executivo pretende colocar, nas proximidades, uma placa explicativa da grande porta que, simbolicamente, recebe todos quando entram na cidade, mas também a partida dos emigrantes, e cujos bancos representam os cinco continentes e a mesa o local onde todos se juntam e confraternizam.
O acolhimento na América foi enaltecido por Alice Gesteiro, presidente de junta do Nadadouro e representante da Assembleia Municipal. “É perceber como é viver Portugal e as Caldas a muitos quilómetros de distância, noutro continente. Foi uma estadia gratificante, vim de coração cheio”, partilhou a autarca que foi ao aniversário da ARC, juntamente com outros autarcas caldenses, em 2017. ■
Menos tasquinhas mas igual oferta e procura
Este ano foram apenas 14 as coletividades a participar, mas os dois mil lugares encheram, por diversas vezes
Fátima Ferreira
Terminou, na noite de domingo, a 25ª edição das Tasquinhas caldenses. O mega “restaurante”, com dois mil lugares voltou a encher, por diversas vezes e os comerciantes e instituições mostraram o seu trabalho. A segunda edição que se realizou após a pandemia contou com a participação de 14 tasquinhas, um número inferior às edições anteriores, justificado pela “dificuldade” do movimento associativo. De acordo com o presidente da Câmara, Vítor Marques, algumas das coletividades já retomaram o seu funcionamento, mas “ainda não sentiram a força necessária para voltar a estar connosco”. No entanto, há o “compromisso” de participarem no próximo ano e “isso é importante, porque representam a nossa gastronomia e as nossas tradições”, salienta.
O facto de serem menos tasquinhas a participar “não defraudou a oferta e a procura”, revelou o autarca, dando nota de que não foram servidas menos refeições do que em anos anteriores, porque conseguiram ter cozinhas e salas maiores para receber os visitantes.
Esta edição representou um investimento de 150 mil euros por parte da Câmara das Caldas, ao nível da montagem dos pavilhões, cozinhas, gás, a manutenção elétrica e com a animação. “Tivemos mais de 40 animações, integradas no espaço e em palco. Sentimo-nos muito felizes da forma como correu”, rematou Vítor Marques.
Este ano a gestão já não foi feita pela ADIO (entretanto extinta). A Expoeste está, desde este mês de agosto, a ser gerida pela AIRO, mas os eventos do município, como é o caso das Tasquinhas, são garantidos pelo seu Gabinete de Eventos. O autarca reconhece que algumas coisas poderão necessitar de correção, pelo que quer agora ouvir os participantes.
E, embora o atual executivo tenha um projeto para a requalificação da Expoeste, tornando-a num pavilhão multiusos, no próximo ano as Tasquinhas ainda deverão realizar-se nos mesmos moldes. Câmara e AIRO reuniram recentemente com o ministro da Economia (e voltarão a reunir em setembro), na procura de soluções de financiamento para esse projeto, na ordem dos seis milhões de euros. “Este equipamento já tem mais de 30 anos e precisa de ser requalificado. Temos a ambição de aumentar os dias de uso do pavilhão, que tinha pouca utilização”, concretizou.
Esta alteração da Expoeste irá contemplar também um apoio para a modernização das cozinhas. “É o maior evento que temos neste edifício e no concelho e não queremos defraudar expetativas. É importante melhorar as condições para que possamos trabalhar”, concluiu Vítor Marques. ■































