Meia centena de voluntários limparam o Convento de S. Miguel

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Mais de meia centena de pessoas responderam ao apelo da junta de freguesia

Ação de voluntariado juntou pessoas dos 10 aos 72 anos, empenhadas em valorizar e devolver o espaço à comunidade

O encontro estava marcado para as 10h00 de sábado, mas meia-hora antes já Sérgio Rodrigues estava no local, pronto a arregaçar as mangas para um dia de trabalho no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras. O gaeirense, de 61 anos, acedeu à iniciativa da Junta de Freguesia de limpar o monumento, por considerar que aquele é um espaço nobre da terra, que deve ser preservado e estar ao serviço da população. Enquanto pintava uma das salas que irá albergar a Grande Exposição de Presépios, o bancário partilhou que já esperava uma resposta positiva da comunidade. “As Gaeiras é assim. Quando é preciso alguma coisa pode não haver recursos ou meios, mas as pessoas mobilizam-se por uma causa”, sublinhou Sérgio Rodrigues, que acredita que iniciativas futuras ainda possam ter mais adesão.
Dentro da cozinha a azáfama não era menor. Uma equipa de mulheres lavava e limpava com afinco as paredes e equipamentos que serviram um restaurante mas que nos últimos anos não têm tido uso. De esfregão na mão, Ana Matos reconhecia a dificuldade da tarefa, mas também falava da vontade em recuperar o espaço, de grande beleza mas que se encontra ao abandono. “Estamos a tentar valorizar o que é nosso para trazer as pessoas também para cá”, contou a jovem, destacando ainda o convívio que este tipo de ações permite entre os voluntários. “Os gaeirenses gostam muito da terra, respondem aos apelos e é muito mais fácil quando estamos todos juntos”, realçou Ana Matos, que também começou a trabalhar logo durante a manhã de 13 de novembro, juntamente com mais 30 voluntários. Ao todo, durante o dia, participaram na ação 53 pessoas, com idades compreendidas entre os 10 e os 72 anos, a grande maioria gaeirenses que se lembram como era o Convento de S. Miguel e preocupados com a sua crescente deterioração. Divididos por equipas, os voluntários intervieram ao nível do reboco, pintura, limpeza das casas de banho e cozinha, tratamento das madeiras e substituição de luminárias, sobretudo na zona do átrio e nas salas vazias.
“Estamos a fazer intervenção em todos os sítios que não carecem de mão de obra especializada, como é o caso da capela e altares”, explicou Ricardo Duque, o presidente da Junta que lançou o desafio. De acordo com o autarca, as áreas que são necessárias para a exposição ficaram terminadas no sábado, mas o objetivo é de que o convento fique, na totalidade, em condições de utilização.

Espaço artístico e cultural
O Convento de S. Miguel, datado de inícios do século XVII, é propriedade da OesteCIM, mas a Junta quer colocá-lo ao serviço da comunidade, transformando-o num espaço de desenvolvimento artístico e cultural.
“Gostaríamos que fosse um espaço de incubação de novos artistas, dando-lhes ferramentas e oportunidade de desenvolverem os seus projetos, promovendo o intercâmbio, a formação e a capacitação, assim como a promoção de uma agenda cultural diversificada e eclética em parceria com diversas instituições de ensino superior e demais entidades públicas”, resumiu Ricardo Duque. O autarca defende que o espaço precisa de uma dinâmica própria e não uma utilização pontual, pois isso leva a que depois tenham que ser feitas intervenções de maior monta. A Junta está a preparar a proposta, juntamente com um conjunto de voluntários, para apresentar à OesteCIM e Câmara de Óbidos e que permita abrir o edifício todo o ano, com o propósito também de apoiar a ativar empresas e jovens fazedores da região e numa vertente formativa.
Ricardo Duque gostaria ainda que ali pudesse funcionar um restaurante com cozinha de autor, aproveitando também o espaço dos claustros e tornando o convento num local de referência. ■

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