Em comunicado, 23 médicos internos e internistas do Centro Hospitalar do Oeste – Unidade das Caldas da Rainha, apresentaram a sua demissão, na quinta-feira, 14 de abril. “Encontramo-nos no limite das nossas capacidades físicas e mentais, exaustos, desanimados, desgastados, desmotivados, mas sobretudo em sofrimento ético e em risco profissional. E na nossa profissão o erro mata!”, afirmam os médicos naquele documento.
Os profissionais de saúde acrescentam que o Serviço de Urgência (SU) está em rutura completa. “Não estão asseguradas as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes”.
Além do excesso de doentes que recorrem e permanecem indevidamente no SU, “as escalas persistentemente incompletas – sem cumprirem os mínimos aceitáveis – o desvio frequente de doentes fora de área (nomeadamente da área de Torres Vedras) e a proibição de transferir doentes para os seus hospitais de origem, são alguns dos inúmeros problemas identificados”.
Segundo o comunicado, os chefes de equipa e de Banco do SU apresentam a sua demissão e explicam que os médicos daquele serviço não assumirão as suas funções e “não receberemos o banco dos colegas que deveríamos render”. Conscientes da sua decisão e das consequências que tal representa para os utentes, os médicos apelam “ao encerramento do serviço quando os critérios mínimos não estejam assegurados. Sabemos que o CA e a tutela não o permitem…mas quem tem a vida dos
doentes nas mãos somos nós”, sublinham.
Os médicos afirmam que têm alertado sucessivamente que os critérios mínimos de segurança “não estão a ser cumpridos, múltiplos pedidos de escusa de responsabilidade encaminhados para a Ordem dos Médicos… e a única resposta que temos do Conselho de Administração (CA) e da tutela é que o SU tem de continuar aberto, que temos de arranjar macas, que temos de nos aguentar… independentemente de tudo”, refere ainda o comunicado. Os profissionais de saúde afirmam ainda que que se a situação persistir “novas medidas serão assumidas em conjunto por todos os internistas desta casa. Se a Medicina Interna sucumbir, o Hospital desmorona-se”, informam no mesmo documento.
Conselho de Administração assegura que urgência mantém normal funcionamento
Em comunicado, o Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar do Oeste confirma ter rececionado, na noite de quinta-feira, 14 de abril, a carta de intenção de demissão dos chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital de Caldas e o pedido de encerramento do serviço.
“As demissões respeitam apenas ao cargo de gestão de chefia de urgência e não ao exercício das funções clínicas que ocupam no Hospital das Caldas da Rainha”, informa o comunicado do CA que ainda assegura que “a equipa de urgência continua a assegurar o normal funcionamento do Serviço de Urgência, mantendo-se em funções e providenciando todos os cuidados inerentes ao funcionamento do serviço”.
O CA reitera que “tem abertura para resolver as questões de organização interna e distribuição de serviço”, assegurando que tudo fará para continuar a manter o normal funcionamento da urgência e o reforço das suas equipas, visando chegar a um consenso entre os intervenientes”.
No início da próxima semana “será marcada uma reunião com os médicos visados, no sentido de serem encontradas soluções e na expectativa de que as dificuldades sentidas, ao nível de recursos humanos, possam ser ultrapassadas”, informa a mesma nota.
O CA reconhece “o trabalho difícil, mas empenhado, dos seus profissionais” e reitera a necessidade da colaboração de todos os intervenientes na rede de cuidados, e também dos utentes, para que as urgências hospitalares sejam usadas de forma correta”, relembrando que em caso de doença o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 – 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e o encaminhamento da situação.


































