Médico Joaquim Urbano reforma-se e é homenageado por mais de 200 colegas e amigos

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Os amigos presentearam o médico, agora reformado, com prendas personalizadas, como a peça do Santo António com a VMER e o Zé Povinho ao ombro

O médico Joaquim Urbano completou 70 anos no passado dia 16 de Outubro e, por imposição legal, deixa de exercer funções profissionais no hospital caldense, onde trabalhou perto de 30 anos.
Os amigos do Dr. Urbano prepararam-lhe uma homenagem, que juntou mais de 200 colegas e amigos no CCC na noite de 8 de Novembro.
“Construtor de soluções, afável, homem bom, humanista”, foram algumas das características que foram apontadas ao médico que também é o presidente da Liga de Amigos do Hospital e esteve na génese da VMER nas Caldas. Igualmente é conhecido pela colaboração que deu a algumas colectividades e associações cívicas caldenses.

Mais de 200 pessoas marcaram lugar na homenagem que decorreu no foyer do CCC

“Sempre despretensioso, sempre informal, simples, afável, bom”. Foi com estas palavras que o médico António Curado se dirigiu ao colega e amigo Joaquim Urbano, que conhece desde 1992, altura em que este se fixou no hospital caldense. Nesta unidade foi “actor e realizador, foi operário e executivo, foi soldado e foi general. Foi coordenador e foi pendura, sempre disponível”, disse, lembrando as múltiplas funções exercidas pelo médico anestesista, natural de Sangalhos (Anadia), que se formou na Universidade de Coimbra em 1976 e começou por realizar o internato geral no Hospital de Aveiro. Joaquim Urbano fez serviço médico à periferia em Sever do Vouga, depois iniciou o internato em Anestesiologia no Hospital de Castelo Branco e, mais tarde, exerceu funções no Hospital de Alcobaça, até 1992, altura em que se fixou nas Caldas.
Neste hospital foi director dos serviços de Anestesiologia e de Urgência, director clínico, adjunto do director clínico, director do Internato Médico, presidente da Comissão de Ética, director de departamento e presidente da Liga do Hospital.
Joaquim Urbano está também ligado à criação da VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação, que funciona nas Caldas desde 2002, sendo o seu coordenador. “Sempre preocupado com a organização, com as escalas, que preenchia laboriosamente conforme as disponibilidades de cada um e, volta e meia, lá avançava ele para preencher um espaço deixado a descoberto”, lembrou António Curado, acrescentando que ainda há dias o via correr, “decidido”, para o socorro em veículos de emergência.
O também médico partilhou com os presentes que, nos últimos tempos, e perante a carência de profissionais, nomeadamente anestesistas, a expressão mais ouvida nas salas e corredores do hospital era “e quando o Dr. Urbano e a Dra. Dália [Saramago] se reformarem…”, o que aconteceu há poucos dias.
Por fim, António Curado destacou a capacidade de Joaquim Urbano para construir ou recompor, apelidando-o de “colador de cacos”, numa alusão à peça cerâmica do artista plástico brasileiro Vik Muniz fez, numa reinterpretação das peças tradicionais da Bordalo Pinheiro, e que lhe foi oferecida pelos participantes na homenagem.
A apetência do médico para fazer o bem aos utentes e contribuir para o incremento da humanização hospitalar foi destacada pela presidente do conselho de administração do CHO, Elsa Baião. A responsável enalteceu ainda a “competência, inexcedível dedicação, espírito de sacrifício, carinho, zelo no tratamento médico e grande humanidade” de Joaquim Urbano, deixando um agradecimento por tudo o que fez pela instituição, os seus utentes, colegas e o SNS.
Também presente, a vice-presidente da câmara, Maria João Domingos, apresentou os “agradecimentos da comunidade caldense” a este profissional.

“Em primeiro lugar estão os doentes”

Na sua modéstia habitual, Joaquim Urbano disse não se achar merecedor de tal distinção por parte dos colegas e amigos e que, ao longo da vida, apenas se limitou a cumprir o seu dever. Lembrou quem sempre o ajudou, nomeadamente a família, a equipa “maravilhosa” da VMER e os colegas da Anestesia.
“Sempre tive grandes ajudas para exercer as minhas funções por parte dos colegas, tanto nos serviços administrativos como os que estavam no terreno”, manifestou.
Dirigindo-se ao colega António Curado lembrou algumas iniciativas que desenvolveram em conjunto e destacou a sua ajuda na criação da VMER, tendo cedido o seu gabinete para a equipa começar a trabalhar. “Limitei-me a cumprir, o mais responsável e assertivo quanto possível, e a ser leal no exercício das funções, sempre com um objectivo: em primeiro lugar estão os doentes”, salientou.
A cerimónia foi pautada por diversos momentos culturais. A médica Rosa Amorim declamou um poema e o grupo do bloco operatório cantou uma canção dedicada ao homenageado, escrita pelo obidense Paulo Santos, com a melodia de “Encosta-te a Mim”, de Jorge Palma. O Grupo Coral e Musical da Casa do Pessoal do Centro Hospital das Caldas da Rainha também fez questão de marcar presença e, entre as várias músicas, tocaram uma serenata, com a presença de Joaquim Urbano, que reviveu os seus tempos de estudante em Coimbra.

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