Marés vivas e chuvas intensas cobriram areal da Foz do Arelho

Com uma amplitude de maré de 3,7 metros, foram observadas ondas de pelo menos cinco metros que rasaram a praia fazendo com que esta e o areal desaparecessem durante algumas horas, como se podem ver pelas imagens, algumas das quais nos foram enviadas pelos nossos leitores Jorge Rebelo, Carlos Abegão e Susana Bastos, aos quais agradecemos.
“O mar estava com muita força e metia mais água na Lagoa, ao mesmo tempo que os rios metiam mais água por causa da chuva”, explicou Fernando Horta, presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho.
O autarca referiu que não se recorda de ter visto nunca uma maré assim. Como o cordão dunar na praia do mar está baixo, a água passou por cima e varria o areal. O cais ficou coberto de água.
No entanto, não chegou a ser criada uma nova aberta junto aos cafés – como se chegou a recear visto que era aí que estava a aberta “natural” antes de ter sido fechada – e a situação normalizou na segunda-feira.
A Foz do Arelho encheu-se de curiosos que quiseram ver “um espectáculo interessante”.
Uma dessas pessoas foi Jorge Rebelo, que aproveitou o fim-de-semana para passear com a namorada na Foz, longe de saber o que ia encontrar. “Ao invés do auge do turismo da zona, onde muita gente vai passear e tirar fotos, vimos uma paisagem cheia de lixo”. O jovem diz que lhe custou ver a Foz naquele estado, ainda por cima sendo galardoada com a bandeira azul.
O casal das Caldas deixa ainda o alerta para que as entidades competentes actuem antes que o mar leve o lixo para o seu interior.
A praia ficou cheia de detritos, principalmente canas e caniços. Fernando Horta pediu a colaboração da Câmara na limpeza do areal porque a Junta não tem meios para o fazer, tal é a quantidade de detritos. O presidente da Câmara, Fernando Costa, disse à Gazeta das Caldas, na passada terça-feira, que a Câmara iria proceder, “em breve, à  limpeza da praia”.
A boa notícia é que houve uma grande renovação de água na Lagoa. Segundo a bióloga caldense Maria de Jesus Fernandes, apesar de ser uma situação anormal, a entrada intensa de massas de água são benéficas para aquele ecossistema. “Aumenta a oxigenação da Lagoa e diminui a eutrofização existente”, explicou a dirigente da associação Pato.
A eutrofização é o processo de degradação que sofrem os lagos, lagoas e outros reservatórios naturais de água quando excessivamente enriquecidos de nutrientes (o que limita a actividade biológica).
Esta situação é ainda mais benéfica por acontecer fora da época balnear, não colocando assim em causa a qualidade da praia.
A mesma opinião tem um outro especialista contactado pela Gazeta das Caldas, que alerta, contudo, para uma questão negativa: “se os fundos tiverem sido muito agitados poderá ser problemático pois os sedimentos podem ainda conter metais pesados do tempo em que não havia qualquer tratamento de esgotos”.
Mas para isso essa agitação vinda do mar teria que chegar até à zona do braço da Barrosa e à foz do rio Real, o que dificilmente terá acontecido.