Manifestação juntou 30 lesados do EuroBic e Abanca nas Caldas

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Manifestantes querem reforço dos sistemas de segurança e indemnizações para estes casos

Manifestantes vieram de todo o país e, no total, foram lesados em mais de meio milhão de euros. Queixam-se da falta de respostas e apoios

Cerca de 30 pessoas manifestaram-se pacificamente na manhã de 3 de novembro nas Caldas da Rainha, na Avenida 1º de Maio, em frente à dependência bancária do EuroBic/Abanca na cidade.

“O dinheiro era nosso, a culpa é vossa”; “Roubo digital, silêncio institucional”; “EuroBic: o banco que lava as mãos dos roubos online!” e “Confiamos o nosso dinheiro no EuroBic/Abanca e fomos roubados” eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes dos manifestantes.

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O caso de Elisabete remonta a meados de junho deste ano, quando entrou no netbanking, que apresentava um símbolo estranho. “Liguei para o EuroBic Caldas da Rainha”, refere, contando que encaminharam a chamada para Lisboa. Após a chamada tentou fazer um pagamento, que foi recusado por falta de fundos. Tinham sido feitas duas transferências da sua conta para contas de outro banco, uma de 50 mil euros e outra de 35 mil euros, deixando apenas cerca de 24 euros na conta.

Elisabete Rebelo, da Rotunda Peças, empresa que se dedica ao comércio de peças para automóveis, lamentou a ausência de respostas desde o sucedido. “O EuroBic/Abanca não dá qualquer tipo de resposta, nem sequer o Banco de Portugal”, aponta esta cliente de há quase 30 anos deste banco, dos tempos em que ainda era o BPN. Elisabete Rebelo conta que já enviou vários e-mails para o Banco de Portugal, mas “sem resposta”.

Nas Caldas, durante a manifestação, ninguém do banco se dirigiu aos manifestantes, tal como em Lisboa, “só nos ignoram”, disse.

Os participantes nesta manifestação vieram, por exemplo, de Leiria, Porto, Seixal, Peniche e Ourém, entre outros locais. Das Caldas estavam três manifestantes. Os casos são semelhantes entre si, não tendo, a maioria, sequer inserido os códigos para validar a operação.

Esta foi a segunda manifestação do grupo. “A próxima será no Seixal”, contou, referindo que vão continuar noutros locais do país e pretendem manifestar-se em frente ao Banco de Portugal. “Estamos dispostos a ir até Espanha, vamos até onde for necessário até que nos deem uma resposta”.

Entre os presentes, conta Elisabete, há ainda o caso de um lesado em “106.500 euros, dos quais 25 mil euros estavam a prazo” e foram colocados à ordem e agendada a sua transferência para uma conta do mesmo banco, que “nada fez”.

Entre as poucas respostas, o banco ter-lhe-á dito que teriam entrado num site fraudulento, ao que Elisabete responde que, se entrou, “foi o banco que me mandou” e “há pessoas que nem sequer estavam a entrar no netbanking”.

A empresária lamenta ainda que “nunca ninguém se dignou a perguntar que tipo de apoios nós precisávamos” e pede alguma compreensão: “gostava que se pusessem no meu lugar, imaginem ficar sem 85 mil euros de uma empresa, para pagar a fornecedores, segurança social, impostos e funcionários, dado que somos dez colaboradores”.

No caso da Rotunda Peças tem sobrevivido com a ajuda de fornecedores e clientes, recorrendo ainda a poupanças para a reforma que Elisabete tinha guardado. “Perdi muitos prontos pagamentos, não consigo pagar nos prazos e os fornecedores têm apoiado com o alargar dos mesmos”, nota, referindo que “gostava que alguém do Governo nos ouvisse. Enviei e-mail para o Parlamento e para o Presidente da República, mas também não obtive resposta nenhuma”, conta.

Carlos Campos é outro dos lesados. No seu caso, em julho, foram transferidos da sua conta 4500 euros, sem nunca ter colocado os códigos necessários à aprovação da transferência. Veio de Vila Nova de Famalicão para se manifestar por um reforço dos sistemas de segurança, mas também por indemnizações para estas situações. Após o sucedido fez queixa na Polícia e tem feito reclamações ao banco, que dá “sempre respostas vagas, não provam nada, conforme diretivas europeias, só dizem que a culpa é nossa e estamos nisto desde julho”, queixa-se.

Gazeta das Caldas questionou o EuroBic/Abanca, mas não recebeu resposta até ao fecho da edição.

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