Rui Raposo, ao centro, tem sido o rosto mais visível desta luta em defesa da linha do Oeste
Uma centena de pessoas reuniu-se no passado sábado, pelas 10h30, no Largo da Estação das Caldas da Rainha para protestar contra o encerramento do serviço de passageiros no troço norte da linha do Oeste.
Convocada pela Comissão para a Defesa da Linha do Oeste, esta acção acabou por não mobilizar a população caldense, que aquela hora enchia as principais ruas comerciais da cidade.
No largo da Estação viram-se sobretudo elementos locais do PCP e do Bloco de Esquerda, tendo sido decisivo para animar a manifestação um grupo de pessoas vindo de Valado dos Frades e que chegou às Caldas de comboio.
Esteve presente uma deputada da Assembleia da República do partido Os Verdes, mas nenhum autarca local do PSD, PS ou CDS apareceu. Contudo, quatro policias à paisana rondaram a manifestação.
“Há pessoas que podem perder o emprego se a linha do Oeste fechar”
Se acabarem com os comboios e não houver uma oferta rodoviária verdadeiramente alternativa, há pessoas que podem ficar desempregadas por não poderem deslocar-se para os seus empregos. O alerta foi dado por Rui Raposo, da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, durante a manifestação do passado sábado, que explicou os motivos deste protesto e a necessidade de as pessoas se unirem para lutarem contra esta medida do governo.
A acção terminou com os manifestantes na gare em frente à linha que se deseja que continue aberta
António Barros, dirigente local do PCP, chamou a atenção para o facto de as concessões rodoviárias não serem alternativa porque o autocarro demorará muito mais tempo a “tocar” todas as estações e apeadeiros que agora são servidas pelo comboio.
Sara Esteves, que é utilizadora diária da linha do Oeste entre Caldas e Leiria, disse que não vê outra maneira de chegar a horas ao seu emprego e outros passageiros deram também o seu testemunho em como o comboio é o seu transporte diário para irem trabalhar. Nota dominante foi a de que há muitos estudantes que viajam entre Caldas e Leiria ou Coimbra, e que poderiam ser muitos mais se houvesse melhores horários.
Manuela Cunha, deputada na Assembleia da República pelo partido Os Verdes pediu a suspensão do PET, “que eu costumo chamar Plano de Encerramento dos Transportes”, para que este fosse melhor estudado e ouvidas as populações antes de se tomarem as decisões que lhes restringem a mobilidade.
A deputada disse ainda, em sintonia com a opinião generalizada, que os horários da CP na linha do Oeste são tão maus que até parece que foram feitos de propósito para afastar as pessoas do caminho-de-ferro.
O protesto terminou já dentro da estação, com os manifestantes alinhados ao longo da gare, estendendo as mãos nas quais desenharam uma via férrea simbolizando a vontade de que esta continue aberta.