Decorreu sábado, 3 de Maio, no Restaurante A Lareira, o habitual almoço que reúne antigos alunos e professores da antiga Escola Comercial e Industrial das Caldas, hoje Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
Reuniram-se cerca de 250 ex-alunos daquele estabelecimento escolar, assim como alguns professores que leccionaram naquele estabelecimento caldense.
Este ano, o ponto de encontro dos ex-alunos foi o Beco do Forno, no centro da cidade, onde houve tempos para petiscos e bebidas antes da ida para a Lareira.
Ali, como é já tradição, a tarde foi repleta de convívio, animação e sobretudo de partilha de memórias entre gente de uma comunidade escolar de várias gerações.
Vêm do Canadá, de França, dos EUA, e de terras de Norte a Sul do país e encontram-se anualmente no primeiro sábado de Maio para recordar os tempos em que frequentavam a Escola Comercial e Industrial, hoje a Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. O convívio prolonga-se até à noite não só porque há muitas memórias para recordar mas porque é preciso saborear e celebrar estes reencontros especiais.
Este ano, a habitual visita cultural deu lugar a um momento de degustação no Pachá/Casa Antero no Beco do Forno, primeiro palco nesse dia de abraços e de efusivas conversas em volta das recordações dos tempos das aulas.
“Há quem venha propositadamente ao nosso encontro, o que é algo que nos dá força para continuar”. Palavras de Vítor Silva, um dos organizadores da iniciativa que mobilizou este ano 250 pessoas.
“Acho que é de louvar pessoas que têm 70 e 80 anos e vêm todos os anos quando há muitas com 40 e 50 anos que nós contactamos e que não vêm!”, disse Fernanda Ferreira, também da comissão. Tal como Isabel Silva, estas organizadoras tiveram a preocupação de tentar atrair ex-alunos mais jovens que possam também começar a fazer parte destas iniciativas “e também que tragam novos companheiros”, disseram.
Já no restaurante Lareira a festa durou até tarde e reuniu os vários convivas entre alunos e professores da escola. Entre eles esteve Silva Bastos, docente de Educação Física que marcou os seus estudantes não só pelas aulas de actividade física mas por ter trazido novos hábitos de higiene e limpeza. Este professor vai ser agora homenageado no 15 de Maio na cidade.
Entre os momentos musicais que animaram a festa contou-se com uma interpretação irónica das Doce, que foi protagonizado por quatro ex-alunas.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

“Pensávamos que éramos os donos do mundo”
“Venho a este convívio sempre que posso para reencontrar aquela malta que já não vejo há anos. Estou há 41 anos no Canadá ou seja, já estou lá há mais tempo do que cá e também não queria perder as amizades.
Estou à espera de me reencontrar com um ex-colega da escola que também esteve comigo em Timor. Estivemos juntos no RI5 a fazer o curso de sargentos milicianos e estou com o “olho aberto” a ver se ele aparece.
Lembro-me que na altura em que andava na Escola Comercial não tínhamos problemas na vida. Havia uma grande amizade entre todos e se não tinha dinheiro para ir ao cinema ou ao baile alguém emprestava-me e vice-versa. Nós pensávamos naquela época que éramos os donos do mundo”.

“E é do melhor que temos nesta vida!”
“Faço coincidir a minha vinda a Portugal com este almoço pois é sempre uma satisfação encontrar colegas que eu tive há muitos anos atrás. É bom recordar o passado e encontrar velhos amigos.
Estes convívios não podem parar pois estamos todos longe e esta é uma forma de nos encontrarmos.
As festas nas comunidades portuguesas são muito importantes e têm o papel de permitir reencontros entre as pessoas. E é do melhor que temos nesta vida!”.

“Havia rivalidade entre a Formação Feminina e o Comércio”
“Venho pelo convívio desde 2007, altura em que soube pelo meu irmão que se faziam estes almoços. Desde o primeiro que parece que não se passaram 40 anos. Revi as minhas colegas e deu-me a sensação que ainda ontem tínhamos saído das aulas! Deixou de existir a distância que nos separava.
As pessoas estão um pouco mais velhas mas também mais experientes e há muita simpatia e uma grande amizade entre quem se volta a encontrar.
Sempre que posso estou cá! E agora já trago a minha mãe que tem 84 anos. Eu era da Formação Feminina e recordo-me que havia uma grande rivalidade com os colegas de Comércio sobretudo nos jogos das tardes desportivas. É um encontro muito bom graças ao Zé Ventura que tem sido um líder na organização. Espero continuar a vir pelo menos até à idade da minha mãe!”.

“Gostava de um dia poder regressar às Caldas!”
“Este é o primeiro ano que venho. Fui professor na escola de Tecnologia Mecânica, Tecnologia de Electricidade, Desenho Esquemático e Orçamento e Contas de Obras. Durante um ano ainda dei Matemática. Saí para o complexo Petroquímico de Sines e só saí de lá para a reforma.
Isto é maravilhoso poder rever alunos meus. A maioria já não reconheço mas é muito bom ver que muitos ainda me reconhecem depois de ter saído de cá há 35 anos.
Estive cá durante 11 anos e foi cá que tive a minha filha. Esta é a minha primeira terra. Vou trazer os meus netos para conhecerem a terra onde nasceu a mãe!.
Um dia gostava de cá regressar, para passar o resto dos meus dias nesta cidade”.

“É sempre muito agradável partilhar memórias e reencontrar velhos amigos”
“A razão principal da minha vinda a Portugal é de vir participar neste almoço-convívio e depois aproveito para vir passar uns dias. Venho principalmente para recordar os velhos tempos com antigos colegas da escola.
Vai ser difícil regressar à minha terra natal. Saí daqui com 16 anos quando acabei com a minha formação. O meu pai agarrou em mim e meu irmão e com receio que fossemos mobilizados para a guerra colonial levou-nos para França. Fiz lá a minha vida e quando estiver reformado vou tentar vir cá mais vezes.
É sempre muito agradável partilhar memórias e reencontrar velhos amigos, pelo menos uma vez por ano pois como moram noutras zonas do país temos mesmo que aproveitar para matar saudades”.
N.N.






























