Luiz Pacheco e a Gazeta das Caldas no El Corte Inglés

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A convite da Susana Santos, Diretora de Comunicação e Relações Institucionais do El Corte Inglés, desloquei-me com o José Luís Mendes de Almeida ao espaço, Âmbito Cultural para a apresentação do livro do Nicolau Santos sobre Luiz Pacheco: Bater Sempre Também Cansa… Mas às Vezes Até é Pouco.

Carlos Querido

O autor enquanto diretor do Jornal Económico convidou Luiz Pacheco a escrever crónicas naquela publicação, convite reiterado mais tarde quando passou a diretor do jornal Público.

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O livro é um vivo e sentido testemunho da relação de amizade tão improvável entre duas pessoas tão diferentes.

A pedido da Susana levámos exemplares do Suplemento da Gazeta das Caldas dedicado a Luiz Pacheco, que ela distribuiu pelos oradores e por algumas pessoas da plateia.

Ouvimos o autor contar as peripécias do convite e surpreendente aceitação de Luiz Pacheco para escrever crítica literária num jornal de economia que confessou nunca ter lido, e falar das crónicas «deliciosamente cáusticas e irónicas» que publicou.

Falou também da extrema lealdade e gratidão do escritor que, aquando da demissão de Nicolau Santos do Público, lhe escreveu: «não somos irmãos gémeos, mas se você sai, eu também saio».

Seguiu-se a apresentação pelo Professor Henrique Garcia Pereira, que coabitou com Luiz Pacheco durante 18 meses no início dos anos 70, na qualidade de “inquilino de uma parte de casa” nos subúrbios de Massamá.

Na biografia “O Firmamento é Negro e não Azul”, António Cândido Franco refere a generosidade de Garcia Pereira e Lena Coito, que subarrendaram ao escritor dois quartos por 800 escudos, deixando-lhe todos os meses mil escudos “para lhe salvarem a renda”.
Garcia Pereira acabara o curso de Engenharia Química e fora convidado pela Junta de Energia Nuclear para o curso de Engenharia de Minas no IST.

Como refere o biógrafo, «era gente generosa, entusiasta, na casa dos 25 anos».

Na apresentação do livro, Garcia Pereira contou histórias hilariantes do “escritor maldito”, como aquela da excursão noturna ao Martim Moniz, na qual “participava de pleno direito um filho do Pacheco em idade pré-escolar”. Chegados à entrada, o Beringela, “o segurança que não podia com o Pacheco”, bloqueou a entrada da criança com a perentória afirmação: «O Menino não pode entrar». Pacheco terá chamado o senhor Pinto – dono do estabelecimento – dizendo em tom mordaz: «Não vê que ele não é um menino, é um anão!».

Intercalando a apresentação com trechos musicais – O Amor é Louco, de Carlos Ramos, Non, Je Ne Regrette Rien, da Piaff e Mauvaise Réputation, de Brassens, o apresentador da obra falou da “cartografia afetiva” dos percursos noturnos de Lisboa, que fazia com Luiz Pacheco, percorrendo a Avenida da Liberdade e desaguando no Cais Sodré, com passagem pelo Parque Mayer, onde estacionavam sempre no “Cantinho dos Artistas”, para ouvir “perorar o Zé Carlos Ary dos Santos com a sua voz de trovão”.

Perante uma sala cheia, o autor do livro referiu publicamente a Gazeta das Caldas e o Suplemento nela publicado, dando-nos os parabéns pelo Centenário e desejando ao jornal caldense as maiores felicidades.

Para além de um agradável momento cultural, foi uma oportunidade para conhecer o espaço onde a Gazeta das Caldas estará em Exposição entre 16 de dezembro e 16 de janeiro, iniciando-se a Exposição com uma conferência do Professor Pacheco Pereira.
Estão todos convidados.

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