Avó Né – Breve História” assim se designa o livro escrito pelo caldense António José Castanheira e que apenas pretende dar a conhecer a filhos e netos quem foram os seus antepassados
Após 45 anos de trabalho, dedicados à informática, António José Castanheira decidiu reunir as memórias e receitas da mãe, trabalho iniciado em 2016. Primeiro, pensou em reunir as receitas de uma autêntica fada do lar e da cozinha, mas depressa percebeu que o projecto também passava por contar as memórias e vivências dos seus progenitores.
“Da família fazem parte pelo menos quatro gerações nascidas nas Caldas”, disse o autor da obra “Avó Né – Breve História” que reúne, em 420 páginas, muitas memórias da vida dos pais e filhos, António José e sua irmã, Isabel Castanheira que nasceu em Timor.
Além do percurso de vida e das memórias do que viveu nas Caldas, Angola e em Timor, António José Castanheira fez ainda a recolha do espólio culinário da mãe tendo recolhido receitas de aves, carnes, mariscos e muitos doces.
A sua mãe, Noémia Castanheira (1916-2012) casou com Américo Castanheira por procuração em 1943, pois este encontrava-se em Angola, a trabalhar em Gambos. O pai desempenhava um alto cargo administrativo e depois de África foi convidado – em conjunto com outros funcionários – a fazer a re-ocupação administrativa de Timor. António José nasceu nas Caldas em 1946 e ainda bebé de colo, embarcou com a mãe numa viagem rumo a Timor, para se reunir com o pai. Conta que a viagem teve a duração de seis meses.
No livro são contadas as muitas peripécias vividas em terras timorenses onde faltava quase tudo. Depois de Timor, contam-se no livro as aventuras na então metrópole, vividas pela família Castanheira em Lisboa e nas Caldas da Rainha.
Em 1956, o pai, que fora promovido a intendente (e mais tarde foi governador do Cuanza Norte), é colocado em Novo Redondo, a 180 quilómetros do Lobito. De regresso a terras africanas, contam-se as muitas histórias do quotidiano da família. Não faltam as pescarias e caçadas de pai e filho.
Noémia Castanheira, além de óptima cozinheira era também uma excelente anfitriã. E devido aos cargos do marido é habitual ter de organizar recepções e receber visitas na sua casa. Uma das mais famosas decorreu em Setembro de 1963, quando a caldense organizou a recepção ao almirante Américo Thomaz, quando este visitou Angola. Foi Noémia Castanheira quem coordenou as refeições do então Presidente da República e sua mulher. As tarefas necessárias à visita contaram com a colaboração de muitas portuguesas que, então, viviam em Sá da Bandeira.
A segunda parte desta obra é dedicada ao receituário, recheado de iguarias, da mãe de António José. São mais de 100 páginas de receitas, algumas de 1930, de todo o tipo de pitéu, salgados e doces. Desta obra, impressa na caldense Gracal, fazem parte receitas ilustradas e anotadas por uma caldense – que teve uma vida preenchida e cujo percurso o filho pretende que os descendentes conheçam melhor.






























