Todos os anos as Tasquinhas de Verão da Expotur dedicam um dia aos emigrantes. É um dia de festa e de encontros, que este ano fica ainda marcado pelo relançamento do livro “Novos Emigrantes”. A obra reúne mais de 70 testemunhos de jovens caldenses que foram em busca de uma vida melhor para o estrangeiro e que contaram essa aventura à Gazeta das Caldas.

No Dia do Emigrante das Tasquinhas, que se comemorou a 8 de Agosto, Gazeta das Caldas fez o relançamento do livro “Novos Emigrantes” na Expoeste, traçando os paralelismos entre as duas últimas grandes vagas da emigração portuguesa: a dos anos 60 e 70 do século passado, motivada pela miséria e pela ditadura, e a da última década, motivada pela austeridade e a troika.
Por um lado, saltam à vista as diferenças entre estas duas gerações. Hoje em dia os jovens que vão para fora do país viajam de avião e não têm que andar com grandes malas às costas em viagens longas de comboio ou autocarro. E também não têm que fazer chamadas internacionais, caras e demoradas. Actualmente, basta um smartphone e uma ligação à Internet (muitas vezes gratuita) e é possível ver os rostos familiares a milhares de quilómetros. Por outro lado, a velha geração de emigrantes tinha, quase sempre, a 4ª classe enquanto que os novos emigrantes são quase todos licenciados.
Mas, realçou Carlos Cipriano, director-adjunto da Gazeta das Caldas, durante a apresentação do livro, “em todo o caso, estas duas gerações de emigrantes têm uma coisa em comum, que se pode traduzir numa palavra muito portuguesa e que sentiram muito na alma, que é a palavra saudade”.
É que, apesar das tecnologias, também hoje os emigrantes têm muitas saudades de Portugal e da família. Isso prova-se, aliás, por ter sido uma das palavras mais recorrentes no livro.
Daí que Carlos Cipriano tenha afirmado que naquelas páginas os “velhos” emigrantes “vão encontrar um pedacinho das vossas vidas, vão viajar no tempo e sentir-se 30 ou 40 anos mais novos, vão sentir-se como no tempo em que emigraram”.
Isto porque o livro trata exactamente questões como essa: o antes de ir, os medos e receios da chegada, o enfrentar das adversidades, a alegria do regresso… E o livro “Novos Emigrantes” aborda esses temas com as palavras e emoções dos próprios emigrantes.
Perto de meia centena de pessoas (emigrantes que de seguida iam almoçar nas tasquinhas) assistiu ao relançamento e vários aproveitaram para comprar esta recordação.
José Santos, que emigrou para perto de Dusseldorf (Alemanha) em 1973, mas que agora já vive “cá e lá”, foi um dos curiosos que quis comprar o livro. “O historial dos emigrantes é parecido, mas esta nova geração é rica em emigrar porque tem estudos e consegue ter informação do que vai encontrar”, disse, acrescentando que hoje em dia poucos serão os que emigram sem um contrato de trabalho.
Por outro lado, há a questão da língua, visto que muitos já saem de Portugal a saber falar a língua do país de destino (ou pelo menos, sabem falar inglês), enquanto antigamente muitos mal sabiam falar português.
Pelo terceiro ano neste evento, José Santos considera o Dia do Emigrante “um importante ponto de encontro” e elogiou o atendimento e a comida.
Já Maria Alice Ventura, que esteve três anos em Paris e 50 anos em Toronto (Canadá), considerou que a existência de uma grande comunidade portuguesa naquele país ajudou à adaptação.
Quando foi para Paris, onde esteve três anos, a família não tinha telefone, pelo que tinham de comunicar por cartas. “Uma familiar minha faleceu e eu só soube umas semanas depois. Era muito difícil”, contou.
“Comprei o livro por curiosidade”, disse, notando outra grande diferença entre as duas gerações de emigrantes: “nós pensávamos mais em amealhar para termos um futuro melhor”.
Bailar até à noite
Tal como é tradição, depois de um almoço oferecido pela autarquia a perto de 800 emigrantes, houve animação pela tarde fora, com um baile animado pelo duo Rodrigo e Filipa.
Já depois de jantar os convivas puderam assistir ao folclore do rancho “Danças do Arnóia”, de A-dos-Francos, e a um espectáculo da caldense Rebeca, que encheu a Expoeste.
































