Lesados do BES manifestaram-se nas Caldas durante quatro horas

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Gazeta das Caldas

FotoCorteEstradaCerca de meia centena de lesados do Banco Espírito Santo (BES) manifestaram-se nas Caldas da Rainha no passado dia 16 de Abril, a exemplo do que se passava em Lisboa e no Porto à mesma hora. Os manifestantes reclamaram o reembolso do investimento feito em papel comercial e chegaram a cortar o trânsito junto das duas agências do Novo Banco nas Caldas da Rainha. O protesto durou cerca de quatro horas e os manifestantes não descartam novas formas de luta.

Perto das 11h30 os manifestantes chegavam junto da dependência do Novo Banco da Praça 25 de Abril que, nessa manhã, não abriu as suas portas. Munidos de cartazes e num protesto bastante ruidoso, cerca de meia centena de clientes que subscreveram papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) aos balcões do BES pediam a devolução das suas poupanças, enquanto desferiam murros nas janelas do imóvel. “Queremos o nosso dinheiro” era a frase mais ouvida pelos manifestantes que vieram de vários locais da região centro para se concentrar nas Caldas. Ao mesmo tempo decorriam manifestações em Lisboa e no Porto.
“Reivindicamos o papel comercial que nos devem, estamos a pedir aquilo que subscrevemos com garantia BES”, explicou Jorge Pires, da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC).
E, apesar da posição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) defendendo que o Novo Banco é responsável por reembolsar o papel comercial do Grupo Espírito Santo colocado em clientes de retalho, os lesados garantem que irão continuar a manifestar-se “todas as semanas” até serem ressarcidos.
A escolha das Caldas prendeu-se com o facto de nesta zona existirem “perto de 50 prejudicados” e ser a que se “nos afigurava mais viável dado a grandeza da cidade para fazermos uma manifestação pública”, disse o responsável. No país deverão existir cerca de 2500 lesados e a associação já conta com quase mil inscritos. “Estão-se a inscrever a uma média de 10 pessoas por dia”, refere Jorge Pires, de Minde.
Ana Cláudia Henriques, das Caldas da Rainha, foi uma das lesadas e uma das participantes mais activas nesta manifestação. À Gazeta das Caldas contou que quando depositou o seu dinheiro estava confiante que se “tratava de um depósito a prazo, com capital e juros garantidos”, realçando que o seu gestor de conta lhe garantiu isso mesmo. Investiu em papel comercial as suas poupanças e as dos sogros, escusando-se a revelar o montante. “Neste momento tenho necessidade do dinheiro porque tenho os meus pais e sogra ao meu encargo e um filho a estudar”, disse, acrescentando que não irá parar até o dinheiro lhe ser restituído.
Da Martingança (Alcobaça)  veio Irene Vieira, juntamente com o marido. Já antes tinha ido a uma manifestação a Lisboa e também ela diz que vão continuar a protestar até que os 200 mil euros investidos em papel comercial lhe sejam devolvidos. “Tive sempre uma vida muito dura a trabalhar na restauração e o meu marido foi depositar o dinheiro no BES da Marinha Grande confiando na gestora de conta e fomos enganados”, relatou. Irene Vieira acrescenta que agora precisa de  ser operada ao joelho e, como não tem vaga nos hospitais públicos, precisa do dinheiro para pagar a operação num privado.

Arremesso de ovos e ruas cortadas

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A manifestação nas Caldas ficou ainda marcada pelo arremesso de ovos contra as janelas da agência e o corte da rua (Avenida 1º de Maio) ao trânsito durante cerca de 15 minutos. O protesto viria a estender-se até meio dessa avenida, com os manifestantes a fazerem ainda parar uma carrinha de valores que ali circulava.
Depois, sempre acompanhados pela PSP, foram pela Rua da Estação (que foi fechada ao trânsito) até à dependência do Novo Banco junto à Fonte Luminosa, também ela fechada, embora com os funcionários no seu interior. Voltaram a manifestar a sua indignação e, minutos depois, cortaram o trânsito na rotunda da Fonte Luminosa, colocando faixas e com alguns dos manifestantes a sentarem-se no meio da via.
Já passava das 14h00 quando voltaram para o centro da cidade, percorrendo as ruas Professor Abílio Moniz Barreto, 31 de Janeiro, Heróis da Grande Guerra, desceram à rainha e subiram a Rua General Queirós até à Praça da Fruta. O protesto viria a terminar na Rua das Montras, com um agradecimento à PSP, que os acompanhou durante todo o percurso, e a garantia que a luta irá continuar.

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