Ver a Sagrada Família e a Torre Eiffel, uma procissão no mar, os barcos da Marinha e as naves do Star Wars… Não, não é um roteiro de férias por monumentos e museus, é a exposição LEGO que até 5 de novembro está na Expoeste
Um mundo LEGO está patente na Expoeste até ao dia 5 de novembro. É uma viagem por monumentos, por carros, motas e barcos, por aviões e naves espaciais, por castelos encantados e muito mais.
O limite é a criatividade. E, nesse campo, destacou-se o único construtor das Caldas presente no evento. Nuno Caravaca, natural de Santarém, mas que vive nas Caldas há 30 anos, é professor na Escola D. João II e lembrou-se de recriar a manifestação dos caldenses pelo hospital, que ocorreu em Lisboa.
Pela atualidade e pela semelhança da recriação, conseguiu atrair muitas atenções. Lembrou-se de recriar a manifestação “à última da hora, o design da cidade já estava feito, o mapa já estava feito e depois vi as imagens nas redes sociais, porque não pude ir à manifestação uma vez que estava aqui a montar a exposição”. E aí foi imediato o pensamento de recriar aquele momento. Depois foi recriar os cartazes (inspirado nas fotografias dos jornais locais) e imprimir. Faltava apenas colocá-los nas mãos dos bonecos e deixá-los… manifestarem-se.
“As pessoas reparam, estes detalhes fazem as pessoas parar na nossa mesa”, conta o construtor, que traz também, por exemplo, um concerto dos Xutos&Pontapés e as peças da Rota Bordaliana. Para uma próxima mostra, pretende recriar uma das outras peças da rota, como o gato. Trouxe também um aquário em Lego, que normalmente só vai a exposições grandes. “É uma peça que eu nunca sei se está boa, porque está vazia em casa durante um ano ou dois ou três e depois quando vou colocar a água é que sei se está boa”, nota, explicando que “até já tem uma pequena fissura, mas continua a reter a água e é uma peça que as pessoas gostam de ver por causa do efeito das luzes”. O aquário já vem da primeira edição do evento nas Caldas.
Comparando com outras edições considera que nesta “há mais mesas, há mais construções e sobretudo há pessoas que não vieram nas edições anteriores, por isso necessariamente há construções que ainda não foram vistas”.
Durante quatro anos, Nuno Caravaca liderou um projeto de robótica com LEGO na escola D. João II, aliando a vertente formativa e lúdica deste brinquedo. “Entretanto passei para outros colegas, porque era só eu e foi muito cansativo a nível de saúde, mas foi muito prazeroso e, modéstia à parte, penso que correu bem, até pelo feedback que tinha dos alunos, mas entretanto, senti necessidade de fazer uma pausa”.
Nuno Caravaca é um dos 27 expositores, um número que segundo Dina Santos, da organização, é bastante inferior às pessoas envolvidas. “Na noite anterior à inauguração estivemos aqui 38 pessoas, que são familiares e amigos dos construtores”.
Milhares de pessoas
Ao todo, nos 10 mil metros da Expoeste estão “muitos milhões de peças LEGO e milhares de construções, é muito difícil quantificar, temos cidades com 20 metros, a uma escala reduzida”, frisa.
Pela Expoeste encontramos não um, mas vários mundos. Há monumentos, como a Sagrada Família e a Torre Eiffel, uma réplica do Terreiro do Paço com vários metros ou uma procissão dos barcos no mar. Não faltam carros, motas, aviões, helicópteros e até naves espaciais do filme Star Wars. Há castelos encantados, há guerras medievais, há LEGO das princesas da Disney, do Harry Potter e LEGO dos que se movimentam.
Nos primeiros dias da edição deste ano (até ao final do dia de segunda-feira), já tinham passado pelo evento, segundo a organização, um total de 8000 pessoas. “Está a ter uma afluência muito boa e acreditamos que ainda vai melhorar esta semana”, referiu Dina Santos.
Os expositores vieram de todo o país. Ribatejo, Vila Real, Mafra e Lisboa são exemplos, mas também há quem venha da Holanda e da Alemanha.
Da Alemanha veio precisamente Jürgen Bramigk, que já tinha participado no evento nas Caldas e que é o autor da réplica da Sagrada Família estreada nesta edição, que impressiona pelo tamanho e pelo detalhe. “Eu nunca tinha visto a construção inteira porque o meu quarto é pequeno para ela, construo por módulos e montei-a aqui pela primeira vez, estou muito contente”, exclamou, sorridente. “Há sempre alguns contratempos e imprevistos, mas correu bem. Aqui estive dois dias a montá-la, com recurso a um escadote”, resume o construtor.
João Carlos Costa, que também faz parte da organização, salienta que, tendo começado as exposições LEGO em 2015, criou-se interesse junto de miúdos e graúdos da região e que serão esses os construtores que irão integrar as próximas edições.
O mesmo responsável notou ainda que trazem centenas de alunos das escolas e jardins-de-infância, mas também crianças de outras instituições, de forma gratuita ou com preços reduzidos.
Entre milhares de construções, encontramos também uma mesa apenas dedicada aos brinquedos antigos, como o primeiro pato comercializado pela LEGO, em madeira, com quase 90 anos. O brinquedo, ao andar, imitava o grasnar de um pato. Com a pintura original e em ótimo estado de conservação é, hoje, uma peça extremamente rara.
LEGO “rouba” divisões da casa
“Todos os construtores de LEGO têm uma divisão da casa que deixou de ser essa divisão, como um quarto que deixou de o ser ou a garagem que deixou de ter o carro, uma cave ou um sótão que passou a ser o espaço do LEGO, há sempre uma divisão, ou várias, dedicadas ao LEGO”, conta Dina Santos, notando que organizar e participar numa exposição é complexo, porque “os cenários não vêm completos e é extremamente difícil acondicionar as construções de modo a que não se danifiquem e consigam criar estes cenários em tempo útil”.
Nesse campo há um particular: “o boneco à escala real de um atleta da NBA é colado, portanto é uma peça que as crianças podem segurar, agarrar, tirar fotografias e fazer os movimentos que quiserem que ela não se desmancha”.
Dina Santos esclarece que esta é a única peça que nós temos aqui da própria LEGO. Os construtores que participam são totalmente contra essa ideia de colar o LEGO para não se danificar, precisamente porque na exposição a seguir aquela construção vai ser desmanchada e vai dar uma construção nova”, explica.
Capital LEGO e academia
Na inaguração Dina Santos recordou que tudo começou quando um grupo de amigos queria mostrar as coleções LEGO que tinham nas suas casas, mas a iniciativa evoluiu e atualmente “é um evento de dimensão nacional”.
A mentora refere ainda que esta é “a maior exposição LEGO da Península Ibérica pela dimensão do espaço, mas também pela variedade de construções e de construtores”.
O próximo objetivo da organização é a “tentativa de transformar as Caldas da Rainha na capital das construções em LEGO”.
Outro dos grandes objetivos passa pela criação de uma Academia LEGO na cidade termal, possibilitando o acesso a este brinquedo lúdico a todos os interessados, independentemente das condições socio-económicas.
O presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, salientou o número de visitantes esperado e o impacto económico da mostra, mas também a componente socio-educativo da LEGO. “São muitas vezes momentos em família, em parceria. Traz muita coisa importante na formação”, frisou.
O autarca disse que se revê na ambição de ter uma academia LEGO nas Caldas e que “o município poderá apoiar” este projeto, ainda que o mesmo tenha sempre que ser impulsionado por entidades privadas.
Graffiti na Praça 5 de outubro
Esta sexta-feira, integrado no Caldas Fan Event, será pintado um graffiti com a indicação “Caldas da Rainha Capital das Construções em LEGO” na Praça 5 de outubro. Os trabalhos vão começar às 9h00 e estender-se ao longo do dia, por um muro e uma parede daquela praça. O evento decorre até domingo, 5 de novembro. ■






























