Lagoa de Óbidos é um paraíso para kite e windsurf

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No espelho de água da Lagoa de Óbidos é cada vez mais frequente ver
praticantes de windsurf e de kitesurf. Fomos falar com quem anda
no “terreno” todos os dias para perceber o que torna este local num
spot tão único e procurado pelos amantes destas modalidades. 

A beleza da Lagoa de Óbidos é, por si só, um motivo de visita. Seja por constituir o maior sistema lagunar de Portugal, ou pelo ecossistema que é, seja pela sua beleza paisagística, registada vezes sem contas por grandes fotógrafos e pintores, ou por qualquer um que por ali páre a contemplar a sua beleza. Mas nos últimos anos, naquele espelho de água de quase sete quilómetros quadrados vemos cada vez mais praticantes de desportos náuticos a aproveitar tudo o que este local lhes pode oferecer. O windsurf e o kitesurf, por exemplo, são duas das modalidades que mais praticantes trazem a este idílico local, onde a natureza ainda impera.
A Gazeta das Caldas procurou perceber o que torna a Lagoa de Óbidos num spot tão único e tão procurado por gente de todo o país e de diferentes partes do mundo que pretende aqui fazer kitesurf ou windsurf. Por isso, fomos falar com quem, todos os dias, anda no “terreno” (mais correto será dizer, na água!) e encontrámos em duas escolas de desportos náuticos dois apaixonados pela Lagoa.
“É um spot incrível, porque não é só para os ‘pros’ e não é só para os principiantes, é um ótimo local para aprender ou para praticar”, realça Diogo Dabadie, da Escola de Vela da Lagoa, que há 25 anos, desde 1997, proporciona a prática do windsurf na Lagoa.
A diversidade é mesmo uma das chaves, até porque logo ali ao lado, ligado pelo canal a que se chama de “aberta”, temos o Oceano Atlântico. Mas a Lagoa vale por si. É que nela “temos uma zona com água mais profunda e com ondulação, outra com água completamente lisa, temos a aberta”, exemplifica Diogo, enquanto nos aponta, no horizonte, cada local.
Também Sílvia Henriques, da West Kiteboarding School, outra apaixonada pela Lagoa, sente que essa diversidade é o grande trunfo. A possibilidade de praticar kitesurf durante todo o ano é um grande atrativo e se, por um lado, “antes da prática vem a aprendizagem” e aí, as condições da água, “com águas baixas e sem ondas, com muita estabilidade”, são excelentes.
Por outro lado, “para quem já faz kitesurf, a Lagoa de Óbidos tem vantagens quando se quer treinar manobras e saltos”, frisa aquela responsável. Tanto assim é, que pelo outono e pelo inverno, “quando existem ventos mais fortes, com a nortada, os ‘pros’ do kitesurf vêm para a Lagoa de Óbidos para treinar manobras”.
Convém, talvez, nesta fase explicar que, enquanto no windsurf se progride na água em cima de uma prancha com uma vela movida pelo vento e pela força das ondas, no kitesurf o praticante assenta os pés numa prancha, preso a uma espécie de parapente que, impulsionado pelo vento, permite realizar saltos sobre a água.

A dimensão e a segurança
A dimensão do espelho de água é outro dos fatores preponderantes no destaque que a lagoa recebe e depois, este sistema tem outras particularidades, onde se destacam, por exemplo, as ligadas às questões da segurança.
É que a lagoa “não tem grandes correntes, ondas ou armadilhas perigosas, não tem tráfego pesado e está rodeada de praias, pelo que vamos sempre ter a um local seguro”, explica Diogo. A isso acresce que os praticantes encontram nas margens “praias limpas e com bons acessos”.
Também Sílvia destaca a segurança que se encontra, num local onde não há obstáculos e onde não existe o risco de se entrar em alto-mar.
“A Lagoa de Óbidos é um dos locais mais seguros em Portugal para os desportos náuticos”, refere.
Mas para a prática do windsurf e do kitesurf há mais a ter em conta, nomeadamente, os ventos. E nesse campo, a Lagoa de Óbidos também se destaca por ter um vento que Diogo considera “limpo e estável” e por estar muito exposta à chamada nortada (ventos de Norte). “A Lagoa tem ventos moderados”, nota. Acresce que “é navegável em qualquer quadrante”, pelo que “qualquer que seja a direção do vento é possível navegar”, explica.
Sílvia nota a existência de muitos dias de vento por ano, incluíndo nos meses de julho e agosto. “Não são ventos muito fortes para o kitesurf, porque normalmente são no máximo de cerca de 15 nós, que é aproximadamente 30 quilómetros por hora, mas são mais ou menos constantes durante três ou quatro dias”, esclarece.

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Diferentes públicos
A maior procura pelos serviços da Escola de Vela é de famílias que querem passar fazer uma atividade diferente do habitual. Há muitas famílias portuguesas, mas também muitos turistas estrangeiros, que nos seus países não encontram as condições ideais, como aqui se deparam, para a prática destas modalidades e que, de férias na região, aproveitam a ocasião para experimentar.
Fundada em 1997, num período em que não existia nenhum operador com esta oferta na região, a Escola de Vela da Lagoa celebra este ano um quarto de século de existência e mantém a mesma missão que tinha quando foi criada: introduzir as pessoas aos desportos náuticos e ajudar os interessados a desenvolverem-se nestas várias vertentes, num espaço tão único.
Há cerca de cinco anos, introduziram na sua oferta os foil, porque este “é um spot muito fácil, mas com profundidade para qualquer tipo de foil”.
Também no caso da West Kiteboarding School, que foi fundada por Sílvia Henriques e Nélson Dias há cerca de uma década na Foz do Arelho, funciona o ano todo,mas no verão “trabalha muito com turistas estrangeiros”.
Durante a época baixa, traballham na Foz do Arelho, junto à zona dos bares. Já durante a época alta, em que é proibido navegar nessa localização, o seu spot é do lado de lá da Lagoa, em frente à Escola de Vela, mas na margem oposta.
Diogo Dabadie não tem dúvidas em afirmar que é “um privilégio para a zona Oeste ter um spot como este, que é tão raro”. E é por isso, e com a consciência de que este “é um ecossistema frágil e lindo, que deve ser preservado”, que entende que “a prática desportiva não deve nunca interferir negativamente com o ecossistema, deve até ajudá-lo”, realça.

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