Juntas ribeirinhas unidas na defesa da lagoa

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Acreditar que em conjunto conseguem resolver alguns dos problemas da Lagoa de Óbidos, sobretudo os ligados ao assoreamento e poluição, levou as quatro juntas de freguesias ribeirinhas (Foz do Arelho, Nadadouro, Vau e Associação de Freguesias de Santa Maria e Sobral) a juntarem-se. O protocolo foi assinado no passado dia 20 de Fevereiro na Câmara das Caldas, na presença dos presidentes dos dois concelhos, também eles unidos na defesa deste ecossistema.
No documento assinado as juntas de freguesia comprometem-se a auxiliar os dois municípios na defesa da Lagoa, promovendo iniciativas e eventos, elaborando e gerindo projectos e planos comuns, assim como “estabelecendo relações de cooperação com outras entidades que prossigam os mesmos fins”.
As reuniões entre os autarcas de base, ainda que de modo informal, começaram na Foz do Arelho logo um mês após as eleições autárquicas. Já houve um segundo encontro no Nadadouro e, dentro de três meses haverá outro, noutra freguesia ribeirinha, dado que estas reuniões serão rotativas. “O que pretendemos é estar presentes em tudo o que diga respeito à Lagoa”, disse o autarca da Foz, Fernando Sousa (do Movimento Viver o Concelho), acrescentando que as intervenções que têm sido realizadas pelos técnicos “não têm resultado”. Os autarcas querem ser ouvidos e também dar voz às associações e diversas entidades locais que conhecem bem aquele ecossistema natural.
Fernando Sousa disse que a última intervenção para abrir a ligação da Lagoa ao mar “deixou muito a desejar”. O autarca lembrou que teve um papel activo na decisão que foi tomada na altura e que “se calhar gastou-se um décimo do montante que eles [Ministério do Ambiente] previam gastar”. Referia-se à intervenção que ocorreu em inícios de Janeiro seguindo as indicações dos fozenses para abertura de um pequeno canal, com a permissão dos técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente.

Câmaras querem comprar draga

O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, reiterou a intenção das autarquias das Caldas e de Óbidos adquirirem em conjunto uma draga para fazer dragagens de manutenção e assim impedir o assoreamento da Lagoa. “Queremos avançar neste sentido, para não ser necessário gastar milhões, depois, em intervenções tão agressivas”, explicou Tinta Ferreira.
A posição foi partilhada pelo seu homólogo de Óbidos, Humberto Marques, que confirmou a intenção de suportar os custos da draga, estimados entre os 350 mil e os 400 mil euros. No entanto, pretende a participação da tutela na definição dos planos de dragagem e nos custos correntes com o equipamento. “Não é justo que a administração central se demita por absoluto da comparticipação nos custos do trabalho realizado a partir destas máquinas”, disse, acrescentando que esta solução será mais barata do que fazer intervenções de fundo de 20 em 20 anos.
Neste encontro ficou ainda agendado para 7 de Março a assinatura de um acordo entre as duas autarquias no qual definidos os locais onde serão colocados os dragados resultantes das intervenções previstas para 2014 e 2015.
Os autarcas estão também empenhados para que seja entrada uma solução alternativa à construção do muro guia para fixar a aberta, que é defendida pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, mas que não encontra eco junto de quem conhece a Lagoa nem no próprio secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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