Julgamento de etarra nas Caldas vai ser “um folhetim para continuar” promete a defesa

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notícias das CaldasJosé Galamba, advogado de defesa do alegado etarra Andoni Fernandez, que está a ser julgado nas Caldas da Rainha, disse que as três sessões já realizadas (estava prevista uma quarta sessão para terça-feira, já após o fecho desta edição) foram apenas o começo “de uma telenovela, um folhetim, que vai continuar” porque, pelas testemunhas até agora ouvidas, “há muita coisa em que não bate a bota com a perdigota”.
O advogado fez estas declarações aos jornalistas à saída do tribunal, na passada segunda-feira, mostrando-se muito satisfeito por o Ministério Público ter aceite que dois inspectores da Judiciária que tinham tido um papel relevante na instrução do inquérito viessem depor em tribunal.

“Espero que idêntico critério seja seguido para elementos da GNR e da PSP” que também participaram nos factos, disse Galamba, para quem a narração dos acontecimentos e o papel que neles tiveram os diferentes intervenientes ”não é uniforme”.
Procurando abrir brechas e contradições na acusação, o advogado tem questionado algumas testemunhas com extrema minúcia, em sessões exasperantes, nas quais insiste em saber ao pormenor as horas, telefonemas, distâncias, quantidades e nomes dos militares envolvidos, tanto na operação stop (na qual Andoni Fernandez e o seu colega Oier Mielgo recusaram parar) como na vivenda onde estes residiam e foram encontrados os explosivos.
Carlos Codinha, comandante da GNR de Óbidos, foi uma das “vítimas” do truculento advogado de defesa que o interrogou durante mais de uma hora e meia e ao qual contou, em pormenor, como mandou parar a Citroen Berlingo e como esta acelerou ao seu encontro, em como a encontrou abandonada uma hora depois e em que circunstâncias foi à vivenda onde moraram os dois alegados etarras e foram encontrados os explosivos.
O tribunal ouviu também especialistas da PJ e da Força Aérea que examinaram os artefactos electrónicos encontrados no Casal da Avarela (Óbidos) e não tiveram dúvidas em concluir que se destinavam a fazer detonar explosivos.
Tal como nas anteriores sessões, também nesta houve um forte aparato policial e as telecomunicações foram cortadas no tribunal e arredores a fim de evitar que fossem detonados explosivos à distância.
Uma situação que se situa nas antípodas da desejada por José Galamba, que entende não haver motivos para o seu cliente continuar em prisão preventiva (na cadeia de alta segurança de Monsanto), o que o levou a ironizar sobre o “insistente alarme social que justificará este despropositado aparato securitário constatado na aprazível cidade das Caldas da Rainha”.

 

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