O juiz desembargador Carlos Querido foi homenageado pelo Rotary Club das Caldas da Rainha como o profissional do ano de 2011. “Um magistrado de excepção”, “cidadão exemplar e profissional de excelência” e “pessoa sábia” foram alguns dos adjectivos com que os presentes se dirigiram ao homenageado durante a cerimónia que decorreu no restaurante A Lareira, no passado dia 17 de Outubro, e que contou com cerca de meia centena de pessoas.
O grupo Caldas Hand Saw Massacre animou a noite com a recriação de bandas sonoras de séries e filmes, como o “Padrinho”, ou “O bom, o mau e o vilão”.
“Nos tempos que correm, perante a profunda crise que se vive na Justiça, não deixa de ter uma certa ironia o Rotary Club das Caldas me ter eleito como profissional deste ano”. Palavras de Carlos Querido durante a homenagem de que foi alvo, que aproveitou a ocasião para falar sobre a crise da Justiça.
O juiz que é conhecido pela sua eficiência em despachar processos que estavam acumulados há muitos anos, fez notar que a Constituição consagra a todos os cidadãos o direito de que as causas em que intervenham se decidam num prazo razoável. “Se não há justiça num prazo razoável, não há justiça simplesmente”, disse, fazendo notar que o “prazo razoável” da decisão foi sempre um factor que o atormentou muito.
Carlos Querido partilhou com os presentes a complexidade do sistema judicial destacando que este envolve várias entidades. Desde logo, a Assembleia da República, que faz a lei, “um emaranhado inconsequente em que nos perdemos todos”. Depois o governo, que tem “opções diferentes à medida que vai mudando e que gere os recursos da justiça e também ele próprio legisla”. E depois há ainda os agentes judiciários, os juízes, magistrados do Ministério Público, os funcionários judiciários, advogados e agentes policiais ao nível da investigação. “Somos todos responsáveis pela morosidade do sistema e talvez não haja inocentes nessa matéria”, afirmou.
O juiz criticou ainda o número de recursos que os processos podem ter ou as normas processuais de super-protecção do arguido, com “manifesto desprezo pela vitima”, acrescentando que tarda uma profunda reforma que garanta a realização da Justiça num prazo razoável.
“Não podemos continuar com alterações ao sabor da conjuntura, é urgente uma alteração do sistema que o torne funcional, possibilitando a responsabilização de todos os seus agentes na realização da justiça no prazo razoável que a Constituição exige”, defendeu.
Na opinião de Carlos Querido, não é fácil ser juiz actualmente. “Como protagonista do sistema acaba por protagonizar todo o odioso do seu mau funcionamento”, disse, acrescentando que é sempre possível ter uma atitude individual, mas que esta é incorrecta e pouco solidária.
Entre os presentes muitos foram os elogios ao trabalho e qualidades deste juiz caldense, natural de Salir de Matos.
O advogado Jacinto Gameiro, do Rotary Club de Algés, e seu colega na Faculdade de Direito, tem vindo a encontrar-se algumas vezes com o homenageado e diz que é “um juiz que faz a excepção”. Deu nota da sua eficiência e eficácia, ao deixar os juízos por onde passou sem dependências, assim como da simpatia que os advogados têm por ele.
Também presente no jantar, Siqueira de Carvalho, da direcção do Banco Alimentar do Oeste, lembrou que Carlos Querido lhes cedeu os direitos de autor do livro “Praça da Fruta”, e que, por sua intercessão, vão revertendo para esta instituição verbas vindas do tribunal.
O vereador Tinta Ferreira referiu que os rotários têm sido felizes nas escolhas que têm feito e que Carlos Querido é mais um exemplo disso mesmo, pois trata-se de “um cidadão exemplar e um profissional de excelência”. O autarca falou ainda da sua faceta de escritor e deixou o repto para que, depois das obras que a Praça da Fruta vai sofrer, que Carlos Querido possa escrever mais um capítulo.
Também os rotários Rogério Caiado e Carlos Lopes mostraram a sua admiração pelo trabalho que o juiz desembargador tem feito, tanto a nível profissional como pela investigação histórica no concelho.
Nesta cerimónia Carlos Querido foi também distinguido com a categoria de sócio honorário do Rotary Club das Caldas.






























