Jubileu da Missão nas Caldas espalhou mensagem de paz e esperança

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A missa de envio contou com padres vindos de diversos pontos do Oeste

Caldas foi a paróquia eleita na vigararia a que pertence (que inclui também Óbidos e Peniche) para dinamizar as atividades propostas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa para a sua diocese

Dezenas de jovens participaram na semana do Jubileu da Missão que foi celebrada nas Caldas, entre 3 e 9 de novembro, respondendo ao desafio lançado pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério. O mote para as atividades foi “Levanta-te. Vai. Faz a diferença!”, culminando com uma celebração jubilar no domingo, em pleno Parque D. Carlos I. As atividades “aproximaram as várias paróquias que constituem a vigararia de Caldas da Rainha-Peniche (concelhos de Caldas, Óbidos e Peniche)”, contou o pároco das Caldas, João Sobreiro.

No sábado, a Praça 25 de Abril encheu-se de “balões pela Paz”, e no domingo a missa de envio presidida pelo bispo auxiliar de Lisboa e responsável pela Região Pastoral do Oeste, D. Nuno Isidro, contou com um coro jovem que espalhou suaves harmonias pelo parque.

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Mariana Mercês, de 18 anos, estudante do 12.º ano de Ciências e Tecnologias na Escola Rafael Bordalo Pinheiro, integra o coro da paróquia, tocando órgão, mas na missa de envio tocou a guitarra, além de cantar. Também toca o violoncelo, e pertence à Banda Comércio e Indústria. Vinda de uma família de músicos, ela própria começou por seguir música no secundário, mas depois acabou por perceber que preferia que a música fosse um hobby. É a mais nova de quatro irmãos: uma das irmãs, Margarida, estudou canto clássico na Irlanda e a outra, Ana, também com um background musical, está na Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, cuja casa-mãe fica em Benfica, uma comunidade que foi fundada por Teresa de Saldanha (1837 – 1916), a “primeira mulher fundadora em Portugal após a extinção das ordens religiosas”, e que se dedicou à educação feminina. De referir que houve, na Paróquia das Caldas, um fim de semana de Missão realizado por estas irmãs, entre 31 de outubro e 2 de novembro.

Mariana Mercês participou ativamente nos dias do Jubileu, tentando “conciliar com a escola”. “Quando saía, ia um pouco à tenda da adoração ou às outras atividades. Na quinta e na sexta tive a oportunidade de participar nas Laudes, como entrava mais tarde na escola”, conta. Mariana diz que faz caminho na Igreja “desde sempre”. “Comecei a cantar no coro em pequena, e com a Jornada Mundial da Juventude liguei-me muito aos jovens através das várias iniciativas, e agora estou no grupo de jovens”, conta, acrescentando que também foi a Itália no verão, para participar no Jubileu dos Jovens.

Trata-se do primeiro Jubileu que está a viver, e que é “muito engraçado” por ser durante todo o ano. “O Jubileu dos Jovens foi mais impactante porque estive em Roma, mas tem sido interessante viver o Jubileu durante todo o ano, viver esta alegria de ser cristã”, continua.

Daniela Ralha, de 19 anos, é estudante de Ensino Básico em Leiria e participou ao máximo na medida das suas possibilidades na semana do Jubileu da Missão, tendo integrado o coro na missa de envio. “Sou estudante deslocada, mas este fim de semana estive presente e acho que foi muito bom para todos, unimo-nos muito e acolhemos várias pessoas de várias paróquias”, começa por dizer. “Pertenço à paróquia desde que nasci”, foi catequista entre os 16 e os 18 anos e agora ajuda na preparação das aulas de catequese, e faz ainda parte do grupo de voluntários.

Já perspetivando a escolha do Ensino Básico, começou por dar catequese ao primeiro ano, tendo depois alargado os anos que lecionava, tendo o ano letivo passado dado ao 10.º ano e acompanhado os alunos no Crisma. “Houve um ano em que dei três anos de catequese: 2.º, 7.º e 8.º”, diz. “Agora estou a fazer caminho em Leiria, porque também existe lá o SPES – Serviço Pastoral do Ensino Superior, que é o grupo estudantil em Leiria, o que me tem dado muitos frutos para trazer para cá”, conta.

Daniela esteve no coro da Jornada Mundial da Juventude. “Foi todo um processo e foi uma experiência magnífica, aprendi muito. Éramos muitas pessoas de todo o país, cerca de 200, sem contar com as da orquestra, e foi muito bonito, porque éramos muitos unidos na música e em Cristo”, diz. “Criaram-se amizades para a vida e memórias com que vou ficar para sempre”, conclui.

Filipe Marcelo, de 19 anos, é catequista nas Caldas e estudante de Contabilidade em Lisboa, e também procurou envolver-se tanto quanto conseguiu nas atividades do Jubileu da Missão. Considera que as atividades “cativam-me a mim e a outras pessoas que não são tão ligadas à Igreja para se juntarem ao grupo dos jovens”. “Gosto muito de participar nas atividades organizadas pela paróquia, onde me sinto em casa”, diz. Começou este ano a dar catequese, e não deixou de receber na igreja os alunos no sábado de manhã, participando na distribuição dos balões. “Todos gostaram, crianças e pais, e também deu para sensibilizar um pouco a nossa cidade para a nossa missão, que é partilhar a nossa palavra e demonstrar que estamos cá, de braços abertos”, refere.

Filipe destacou a grande afluência de pessoas à Adoração do Santíssimo que decorreu na Rua das Montras. “Acho que as atividades foram bem elaboradas, as pessoas até colaboraram e participaram nelas, e portanto acho que foi uma semana muito positiva”, remata, mas não sem antes fazer uma nota para a missa de envio, que foi a “despedida e o agradecimento a Deus pela semana que nos deu”.

Desde o primeiro dia foram dinamizados espaços de atendimento no Centro de Saúde (Externato Ramalho Ortigão) ou na Rua Dr. Miguel Bombarda, workshops e meditações orientados pela Pastoral Familiar na Casa dos Barcos (Parque D. Carlos I), um itinerário catequético no interior da Igreja Paroquial e uma campanha de recolha de roupa e artigos de higiene destinados aos reclusos, dá conta a paróquia.

“Além do horário habitual de oração comunitária nas Igrejas, foi proposta a Oração de Laudes, diariamente. Destaque também para a Tenda da Adoração do Santíssimo e espaço para Confissões, num dos arruamentos mais movimentados da cidade, sempre com grande afluência”, continua.

Foi instalada, no Céu de Vidro, a Exposição sobre as Obras de Misericórdia, com apresentações ou testemunhos, desde o exemplo da Rainha D. Leonor, passando pelos Guias de S. Lourenço, Escuteiros e Visitadores do Estabelecimento Prisional. Foi realizada uma Vigília de Oração pelas Vocações Sacerdotais, presidida por D. Nuno Isidro, acompanhado de seminaristas e formadores do Seminário de Caparide (ano propedêutico).

O Centro Cultural e de Congressos (CCC) recebeu a projeção do filme “Dos homens e dos deuses” seguida de uma pequena conversa e reflexão moderada por Zita Seabra. O centro pastoral foi palco de um espetáculo de Stand-up Comedy, por Nuno Cocharro, também professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), com o título “Catequese para Adultos”. Houve Lectio Divina e Oração do Terço em formato bilingue, português e ucraniano, pela Igreja Greco-Católica.

Foi preparado um espaço de animação pela catequese e pela disciplina de EMRC, no Telheiro do Parque D. Carlos I, e uma Banca sobre a Palavra de Deus junto à Capela de S. Sebastião.

A Visita Guiada com o título “Pedras que falam” à Igreja de Nossa Senhora do Pópulo contou com quatro sessões, dirigidas a adultos, jovens e crianças, atingindo um total de aproximadamente 70 participantes, e foram proporcionadas por Margarida Varela.

O encerramento decorreu no domingo com missa às 15h30, no Parque das Bicicletas, onde participou um “grande número” de católicos de paróquias da região Oeste, de onde também vieram os padres que participaram na celebração. A música foi dada pelos coros das Paróquias de Alvorninha e das Caldas.

Durante a homilia desta missa, D. Nuno Isidro lembrou que “não é outra a missão da Igreja que não a de Evangelizar, ou seja, fazer brilhar a luz do Evangelho em todas as dimensões da vida humana”. Fez também referência à Semana de Oração pelos Seminários, que coincidiu com o Jubileu da Missão, e que teve como tema: “Precisamos de ti!”. O bispo auxiliar defendeu que “todos somos precisos para a Missão e precisamos dos seminários como escolas missionárias dos sacerdotes chamados a servir, humilde e generosamente, o povo de Deus, na edificação da Igreja, o templo santo de Deus, no anúncio e testemunho do Evangelho”.

No mesmo dia assinalou-se a Festa da Dedicação da Basílica de S. João de Latrão, a Igreja Catedral à qual o Santo Padre preside enquanto Bispo de Roma. Em 2024, completaram-se 1700 anos desde a dedicação da “mãe de todas as igrejas do mundo”.

D. Nuno Isidro afirmou que esta festa litúrgica “dá-nos a oportunidade de celebrar a presença de Deus no meio de nós, para aprendermos a contemplar com mais amor, não apenas os espaços físicos das nossas igrejas, mas as assembleias de muitos irmãos reunidos, que assim lhes dão o nome como pedras vivas do corpo de Cristo, espalhados pelo mundo inteiro, que reconhecem à Igreja e ao bispo de Roma a graça de presidir à comunhão da fé católica”.

Por fim, incentivou a “sermos missionários da esperança para o nosso mundo. E, ao voltarmos para nossas casas, deixemos ecoar na nossa oração a graça de sermos o templo que Jesus habita. E perguntemos: qual o lugar que damos a Jesus nas nossas relações, nos nossos compromissos, nas nossas comunidades? Ele quer estar em todos os corações para podermos dar à Humanidade as razões da nossa Esperança”.

Salientou ainda os três verbos que “devem orientar a Igreja Missionária, e que são a bússola deste ano pastoral: escutar com fé, anunciar com alegria e converter com esperança”. Realçou ainda a mensagem de S. Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”, em 1 Coríntios: 3-16, para reforçar que Jesus quer fazer de nós a sua morada, se o acolhermos. Afirmou ainda que é necessário purificar o templo (não só o pedra, mas o dos nossos corações), para podermos chegar ao Pai, um poder dado pela Cruz Pascal. “Jesus expulsou os vendilhões do templo, e do mesmo modo quer abrir espaço nos nossos corações para poder entrar”, lembrou D. Nuno Isidro, mensagem que é também a do cântico “Eu estou à porta”: “Eu estou à porta e chamo diz o Senhor:/ “Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta,/ entrarei em sua casa e cearei com ele”.

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