Nem as temperaturas superiores a 30 graus desmotivaram o grupo de jovens que, munidos de ancinhos, pás, luvas, sacos, um carro de mão, e muita vontade de trabalhar, ocuparam a manhã de terça-feira a limpar a praia da Salir do Porto.
O convite foi feito pelo facebook e à hora marcada (10h30) contava-se apenas meia dúzia de jovens. Mas estes foram chegando e, ao todo, foram 16 os “trabalhadores” que recolheram o equivalente a um contentor de lixo, deixando a praia mais limpa para os veraneantes.
O mentor da iniciativa, Fernando Manique, considera que a Câmara “não tem estado a colaborar da maneira devida, esquecendo-se desta praia, que também pertence ao concelho”. Querem, por isso, dinamizá-la e fazer com que esta volte a ter a afluência de outros tempos. “Tenho recordações desta zona estar cheia de gente, de aqui haver vida durante o verão, enquanto que agora não haver vida nenhuma”, disse.
Os jovens defendem que deve haver caixotes do lixo em toda a extensão do areal pois só assim as pessoas não deixam os detritos no chão. E entre a sua recolha é possível encontrar restos de comida, fraldas, garrafas de vidro, algumas delas partidas, tampas de panela e até pneus.
A semana passada fizeram a primeira limpeza, mas “mesmo assim, passados alguns dias, já havia lixo, as pessoas não têm consciência que andando uns metros encontram um caixote do lixo”, disse Fernando Manique, alertando para alguma falta de civismo do veraneantes.
O jovem denuncia ainda a apanha indiscriminada de berbigão, da qual já deu conhecimento ao comandante do porto de Peniche, mas ainda não obteve resposta. “As pessoas levantam o lodo e quando a maré está vazia fica tudo sujo”, acrescentou.
A requalificação feita junto à praia e o parque de estacionamento ali existente não são sinónimo de mais afluência àquela zona balnear. Fernando Manique explica que as pessoas estacionam os carros no parque de estacionamento e atravessam a ponte pedonal até S. Martinho do Porto.
À espera de um concessionário interessado
A participar pela primeira vez na limpeza da praia, Bruno Falcão, alerta também para a necessidade de preservar alguns dos monumentos que ainda existem naquela zona, como os restos de uma capela e da alfândega, que já são neste momento apenas ruínas.
O jovem critica ainda a existência de uma piscina e uma discoteca a “meia dúzia de passos da praia”, retirando daquele local o parque de campismo que ali existiu por muitos anos e que “era uma fonte de rendimento para a colectividade de Salir do Porto”.
O presidente da Junta de Freguesia de Salir do Porto, Abílio Luís, diz que esta iniciativa é “extraordinária” e que devia ser repetida por mais pessoas e todos os anos.
A Junta tem um homem a limpar a praia, mas há alguns dias que não tem cumprido a sua tarefa pois está com uma tendinite. “Mantemos a praia mais ou menos limpa dentro das nossas possibilidades”, responde Abílio Luís, que conta com um apoio da autarquia para isso, mas que este ano também foi mais reduzido.
Relativamente à apanha do berbigão o autarca informou que há quatro anos enviaram cartas para sete instituições do poder central a dar conta do que se passava e que ninguém lhes respondeu. Por outro lado, da parte da capitania do porto de Peniche, foi-lhes dito que não há lei que possa proibir mexer no leito do rio, uma vez que esta se aplica à intervenção nas margens.
Concorda que devia haver mais fiscalização por parte da Policia Marítima e lembra que um anterior presidente daquela Junta abordou uma pessoa que “andava a cavar com uma enxada para apanhar engodo para a pesca, e acabou por vir a correr a fugir porque o outro o amea”.
A praia de Salir do Porto não possui concessão pois não têm havido interessados. “Já pusemos todas as condições e fomos de S. Pedro de Moel à Ericeira à procura de um concessionário, mas não há interessados”, disse Abílio Luís, acrescentando que quem investe quer retorno. O autarca disse ainda que a Junta disponibilizou condições especiais para a instalação da concessão, como a oferta do pano para as barracas, a madeira e fazer a estrutura, que cederiam ao concessionário, mas nem assim conseguiram interessados.
































Bom dia a todos, apenas dois pontos a referir, que rectifiquei mas aqui não foi publicado, fiz queixa para o comandante do porto da NAZARÈ, e encheu-se dois contentores de lixo.
Desde já as minhas desculpas e o meu muito obrigado.
Fernando Manique